Destruição do patrimônio público é tanta que ainda não foi contabilizada
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Os terroristas não só vandalizaram as sedes dos três poderes da República em Brasília também furtaram patrimônio público e privado. Além de vidros quebrados, pichações e danos irreparáveis ao patrimônio público e histórico eles também roubaram objetos que vão de obras de artes a armas usadas para a segurança presidencial. Nos rastros de ódio e destruição deixados pela horda, fezes, urina e sangue nos prédios que foram concebidos por Oscar Niemayer, além de uma conta que será paga por dinheiro público.
A destruição foi tanta que até o momento a perícia não se conseguiu ainda elencar todos os danos causados.
No Congresso Nacional, as divisórias que separavam as duas casas, Câmara dos Deputados e Senado, foram postas abaixo com todos os ambientes que compõe os Salões Negro, Verde (Câmara) e Azul (Senado) completamente alagados de propósito pelos vândalos. Um princípio de incêndio até precisou a ser debelado pela Polícia Legislativa.
Em exposição no Salão Verde, presentes ofertados aos mais diversos presidentes que já passaram pelo comando da casa ou foram depredados ou roubados no meio do tumulto.
Ainda no Salão Verde, o vitral de Marianne Peretti, chamado Araguaia foi quebrado.
Nas proximidades, ao lado da sala da liderança do PT uma lanchonete foi incendiada. Um painel do artista Athos Bulcão fica atrás e também foi vandalizado.
No Museu do Senado, praticamente todo o mobiliário da antiga sede da casa que funcionou de 1925 a 1960 no Palácio Monroe, Rio de Janeiro, foi destruído, além de obras de arte históricas que até o momento se identificou que estão sem paradeiro.
Nem crucifixo se salvou da destruição
A fúria maior dos bolsonaristas foi canalizada para o Supremo Tribunal Federal (STF). Lá, além da total destruição do plenário da mais importante corte do país, o Salão Nobre da sede do poder foi totalmente arruinado.
A escultura A Justiça, de Alfredo Ceschiatti, foi pichada e não há praticamente nada a fazer para restaurar as obras de arte com mais de 100 anos e o mobiliário do século 19 que chegou ao Brasil com a família real portuguesa, entre outros objetos históricos.
No STF, nem um crucifixo se salvou das mãos do grupo de vândalos que em sua maioria se classifica como defensor dos bons costumes e do cristianismo.
A peça foi danificada ao lado dos bustos de Rui Barbosa e do líder abolicionista Joaquim Nabuco.
Da mesma forma que o verificado na Câmara, presentes dados à corte por representações diplomáticas de mais de 20 países ou foram destruídos ou surrupiados.
No Planalto, obras de arte danificadas e armas roubadas
Na sede do Executivo, o Palácio do Planalto, obras como a Bandeira do Brasil, de Jorge Eduardo, foram encontradas boiando na água que inundava o térreo do edifício.
No terceiro andar, Mulatas, de Di Cavalcanti, recebeu perfurações à faca. O Flautista, de Bruno Jorge, e Galhos e Sombras, de Frans Krajcberg também foram depredadas.
Das cerca de 11 importantes peças danificadas pelos terroristas, segundo a diretoria de curadoria dos palácios presidenciais, existe possibilidade de restauro da maioria.
A exceção fica para o relógio Balthazar Martinot que não poderá ser consertada. Considerada uma peça raríssima, ele foi desenhado por André-Charles Boulle e fabricado pelo relojoeiro francês Balthazar Martinot no fim do século 18 para ser dado como um presente da corte francesa de Luís 14 para Dom João 6º.
Em vídeo divulgado ontem, 9, o ministro chefe da Secretaria de Comunicação do Governo Federal, Paulo Pimenta, registrou que os invasores do Palácio do Planalto roubaram armas letais e não letais, documentos e munições guardados pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Pimenta informou que uma perícia ainda vai identificar os HDs e os documentos que foram roubados do Planalto.
Para encerrar, o ministro acrescentou uma informação que causa preocupação: as portas principais do Congresso e do Planalto não foram depredadas. Para ele, tudo leva a crer que os terroristas entraram pela porta da frente.
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