Destino político de Bolsonaro será definido nas próximas horas
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retomou hoje pela manhã o julgamento que selará o destino político do ex-presidente Jair Bolsonaro e pode levar a sua inelegibilidade até 2030. A tendência é de maioria pela inelegibilidade.
Esta é terceira sessão destinada ao julgamento da causa. O tribunal julga a conduta de Bolsonaro durante reunião realizada com embaixadores, em julho do ano passado, no Palácio da Alvorada, para atacar o sistema eletrônico de votação. A legalidade do encontro foi questionada pelo PDT.
Até o fechamento desta matéria haviam votado o relator da ação, ministro Benedito Gonçalves, que proferiu seu voto pela inelegibilidade e o ministro Raul Araújo, que divergiu e absolveu o ex-presidente Jair Bolsonaro.
O próximo voto, ainda em andamento, é do ministro Floriano de Azevedo Marques, cuja linha argumentativa é no sentido da condenação, devendo desempatar. Depois dele se pronunciarão André Ramos Tavares, Cármen Lúcia, Nunes Marques e o presidente do Tribunal, Alexandre de Moraes.
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No seu voto, Araújo defendeu que “não há que ter limites no direito à dúvida”. Embora ele tenha concordado que Bolsonaro divulgou informações comprovadamente falsas na reunião com embaixadores, também considerou não haver “o requisito de suficiente gravidade” para a condenação.
Na sessão realizada na terça-feira, 27, o ministro votou pela condenação de Bolsonaro à inelegibilidade, por entender que o ex-presidente cometeu abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação para difundir informações falsas e desacreditar o sistema de votação.
O relator também votou pela absolvição de Braga Netto, candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022. Para o ministro, ele não participou da reunião e não tem relação com os fatos.
O julgamento será retomado com a manifestação dos ministros Raul Araújo, Floriano de Azevedo Marques,
Caso algum ministro faça pedido de vista para suspender a sessão, o prazo de devolução do processo para julgamento é de 30 dias, renovável por mais 30. Com o recesso de julho nos tribunais superiores, o prazo subirá para 90 dias.
Defesa tenta mudar o destino
Na última quinta-feira, 22, primeiro dia de julgamento, a defesa de Bolsonaro alegou que a reunião não teve viés eleitoral e foi feita como “contraponto institucional” para sugerir mudanças no sistema eleitoral.
De acordo com o advogado Tarcísio Vieira de Carvalho, a reunião ocorreu antes do período eleitoral, em 18 de julho, quando Bolsonaro não era candidato oficial às eleições de 2022. Dessa forma, segundo o defensor, caberia apenas multa como punição, e não a decretação da inelegibilidade.
Só depois de 2030
Pela legislação eleitoral, caso o destino de Bolsonaro seja se tornar inelegível por oito anos, só poderá voltar a disputar as eleições em 2030.
De acordo com a Súmula 69 do TSE, a contagem do prazo começa na data do primeiro turno das eleições de 2022, realizado em 2 de outubro.
A inelegibilidade terminará no dia 2 de outubro de 2030, quatro dias antes do primeiro turno, previsto para 6 de outubro.
Recurso no STF não impede ministros
Após eventual decisão desfavorável, a defesa de Bolsonaro poderá recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). Três dos sete ministros do TSE também fazem parte do STF e participam do julgamento que decide o destino político do ex-chefe de estado.
Pelas regras internas da Corte, os ministros que atuam no tribunal eleitoral não ficam impedidos automaticamente de julgar questões constitucionais em processos oriundos do TSE.