Reservas cambiais, taxas de juros e câmbio à espera de uma combinação mais conveniente para o país
Ilustração: Pedro Alice
Ilustração: Pedro Alice
Há outro problema a preocupar os formuladores da política econômica localizado no nível das reservas cambiais do país. Inegavelmente, é confortável possuir um elevado nível de reservas, o que representa um seguro para fazer frente às dificuldades que se impõem ao país, especialmente em tempos de crise, como a de 2008. Nesse caso, o problema que preocupa é o custo fiscal de carregamento dessas reservas, dado pelo diferencial das taxas de juros interna e externa mais o custo de equalização, medido pela apreciação do real frente ao dólar. A excessiva entrada de dólares valoriza artificialmente o real, o que obriga as autoridades monetárias a realizar intervenções no mercado visando conter a escalada da taxa de câmbio.
O governo tem adotado dois tipos de medidas para neutralizar os efeitos mais perversos da sua política de câmbio flutuante. A primeira consiste em entrar no mercado comprando dólar para conter a queda do mesmo frente ao real. Para tanto, emite títulos endividando-se a uma taxa de juros maior do que a que obtém ao adquirir títulos do Tesouro dos EUA. Os resultados têm sido bem abaixo do esperado, levando alguns analistas a comparar esse procedimento ao exercício de “enxugar gelo”. A segunda medida é aumentar as alíquotas do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) que incidem sobre a entrada de dólares destinados aos Fundos de Renda Fixa. Igualmente os resultados têm se mostrado insuficientes para conter a apreciação do real. Enquanto isso, o custo fiscal para carregar as crescentes reservas de US$ 280 bilhões (19-10-2010) continua aumentando aproximando-se de US$ 50 bilhões anuais.
Nada indica que essa situação vá mudar, ao contrário, os sinais são de que esse cenário persistirá o que certamente obrigará o governo brasileiro a combinar as medidas atuais com outras mais potentes (quarentena talvez) buscando estancar a valorização do real e reduzir o crescente custo fiscal decorrente do elevado nível das reservas cambiais do país.