CPI vai ouvir empresa que monitorou fraudes no futebol
Foto: Raul Baretta/ Santos FC
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a manipulação em partidas de futebol realizará audiência pública na próxima terça-feira, 5, para debater a atuação da empresa Sportradar, que foi contratada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para monitorar indícios de fraudes no esporte.
Também está prevista a tomada de depoimento de Bruno Rodrigues, sócio da Brax Sports Assets, para que ele explique o modelo de negócios da empresa, que, entre outras atividades, adota tecnologia criada especificamente para o mercado de apostas, com cotações fornecidas em tempo real nos equipamentos de led durante a transmissão dos jogos.
O requerimento para ouvir representantes da Sportradar foi apresentado pelo deputado Mersinho Lucena (PP-PB). O objetivo, segundo ele, é discutir o funcionamento do sistema contratado para identificação de fraudes em apostas.
Já a presença de Bruno Rodrigues foi solicitada pelo deputado Julio Arcoverde (PP-PI), que manifestou a intenção de buscar “compreender tudo que envolve esse mercado, até para que possa sugerir as medidas necessárias para prevenir ou mitigar os riscos de reincidência das práticas ilícitas identificadas”.
A reunião da comissão está marcada para as 14 horas no plenário 10.
A CPI foi proposta em março pelos deputados Felipe Carreras (PSB/PE), Rosana Vall (PL/SP), Duarte Jr. (PSB/MA), de um total de 204 parlamentares.
Manipulação de resultados
Estão sendo investigados casos de sites que foram fechados pela Polícia Civil por suspeita de lavagem de dinheiro para o tráfico de drogas, como o NBet Pará, que patrocinava os times de futebol do Remo e do Paysandu, em julho do ano passado.
O escândalo foi revelado pelo site Intercept Brasil e colocou o site Pixbet no centro de um esquema que patrocina 12 clubes da elite do futebol brasileiro. Durante a Copa do Mundo de 2022, a Rede Globo injetou ao menos R$ 180 milhões em propagandas da marca. O comercial do Pixbet tinha como garoto-propaganda ninguém menos que o narrador Galvão Bueno. O esquema seria chefiado por ex-contraventores paraibanos que estariam operando com sede a partir do Brasil, o que é contra a lei.
O esquema é investigado na Operação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás.
No final de agosto daquele ano, Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) pediu que os 40 clubes das séries A e B, além de 13 campeonatos de futebol e que a emissora apresentasse os contratos de patrocínio firmados com sites de apostas esportivas. A CBF também foi notificada.
Na notificação, a Senacon revelou que empresas montaram um megaesquema de apostas não autorizadas no país, como cassinos on-line que rendem muito dinheiro, a ponto de bancarem campanhas publicitárias de clubes e emissoras.
Capitaneada pelo Ministério da Justiça, a apuração das informações coletadas está sendo realizada em conjunto pelo MPF e o Ministério da Economia, numa operação que foi recebida com surpresa pelo setor.
Punidos
Em 1º de junho deste ano, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) julgou oito jogadores investigados na Operação Penalidade Máxima, do MP-GO, que receberam punições individuais no âmbito da justiça desportiva. Os atletas Gabriel Tota, do Ypiranga-RS, Matheus Gomes e Ygor Catatau, do Sepahan (Irã) foram banidos do futebol.
Os investigados, foram 26 na primeira fase da operação, teriam recebido quantias em dinheiro para adulterar lances como faltas, cartões amarelos e números de escanteios em partidas específicas das séries A e B do Campeonato Brasileiro em 2022 e campeonatos gaúcho e paulista em 2023.
*Com informações da Agência Câmara e Ministério Público.