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Concurso nacional unificado acontecerá em 217 cidades, em maio

Serão selecionados candidatos para 6.640 vagas. Dez cidades gaúchas sediarão as provas no estado. Ministério da Gestão divulgou as novas datas de realização e publicação do edital
Por César Fraga / Publicado em 14 de dezembro de 2023

Concurso nacional unificado acontecerá em 217 cidades, em maio

Foto: Agência Brasil/Arquivo

Foto: Agência Brasil/Arquivo

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) atualizou o cronograma do Concurso Público Nacional Unificado. O edital, com todas as regras do certame, vai ser divulgado dia 10 de janeiro. As inscrições iniciarão no dia 19 de janeiro e seguem até 9 de fevereiro. A realização da prova tem nova data indicativa de 5 de maio. 

Ao todo, o certame ofertará 6.640 oportunidades, distribuídas entre os 21 órgãos federais participantes. O detalhamento das áreas será feito no edital, mas todos os órgãos públicos que aderiram, guia para concurso, tira-dúvidas, normas e locais de provas e cronogramas podem ser  acompanhados no site oficial do Concurso Público Nacional Unificado.

Uma particularidade deste concurso é que, com apenas uma inscrição os candidatos prestarão concurso para vários órgãos públicos. Diferente do modelo anterior em que o candidato pagava uma taxa para fazer o concurso de um determinado órgão, depois outra taxa para fazer de outro órgão.

Sobre o cronograma, alteração de datas foi feita pelo ministério em diálogo com a empresa responsável pela realização do concurso, após sua escolha na última semana de novembro. As datas foram acordadas pelo Ministério e Cesgranrio, empresa vencedora do certame, afim de garantir tempo suficiente para elaboração das provas. 

Segundo o Ministério, a medida também atende demanda dos candidatos. “Recebemos muitas solicitações pelas redes sociais de que as pessoas tivessem mais tempo para estudar”, explica a ministra Esther Dweck, sobre o tempo maior entre o edital e a prova. 

Os locais de provas foram ampliados. As provas  serão realizadas em 217 cidades. A mudança também foi definida após diálogo com a empresa selecionada para realização da prova. A ampliação visa garantir que regiões metropolitanas tenham provas em mais de uma cidade.  No Rio Grande do Sul serão realizadas provas em Bagé, Caxias do Sul, Farroupilha, Passo Fundo, Pelotas, Porto Alegre, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Santo Ângelo e Uruguaiana.

Inicialmente as provas seriam realizadas em março apenas em 180 cidades e o edital seria publicado no dia 22 de dezembro.

Confira a relação das cidades que foram acrescentadas à lista anterior: Ananindeua (PA), Aparecida de Goiânia (GO), Várzea Grande (MT), Camaçari (BA), Lauro de Freitas (BA), Caucaia (CE), Maracanau (CE), Jaboatão dos Guararapes (PE), Olinda (PE), Parnamirim (RN), São José dos Pinhais (PR), Farroupilha (RS), São José (SC), Serra Velha (ES), Vila Velha (ES), Betim (MG), Contagem (MG), Belford Roxo (RJ), Duque de Caxias (RJ), Niterói (RJ), Nova Iguaçu (RJ), São Gonçalo (RJ), São João de Meriti (RJ), Caçapava (SP), Guarulhos (AP). Hortolândia (SP), Jacarei (SP). Mauá (SP), Mogi das Cruzes (SP). Osasco (SP), Paulinia (SP), Santo Andrá (SP), São Bernardo do Campo (SP), São Caetano do Sul (SP), Taboão da Serra (SP), Valinhos (SP), Vinhedo (SP).  Veja a lista completa de municípios.

Concurso unificado busca inovação

Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) apresentou em detalhes como será realizado o Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), em uma mesa sobre o tema que foi realizada no dia 29 de novembro, durante o seminário Concursos Públicos – Fazer Diferente para Fazer a Diferença. O MGI tem a expectativa de receber mais de três milhões de inscrições, para concorrer a 6.640 vagas, de 21 órgãos. A expectativa é que, diante da descentralização do CPNU, que, pela primeira vez, ocorrerá em 180 municípios do Brasil, o acesso à população possa ser mais democrático.

De acordo com Regina Camargos, secretária adjunta de Gestão de Pessoas do MGI, “o CPNU é a ponta de um processo de inovação ousado, elaborado em apenas um ano, que causará uma revolução incremental ao renovar o modo como é feito o ingresso de servidores na Administração Pública Federal”.

Segundo Regina Camargos, após a unificação, todas as etapas de formação, ambientação e estágio probatório serão objeto de revisitação, em termos de critérios e legislação, com um Grupo de Trabalho responsável por discutir o que diz respeito à gestão de pessoas e às relações de trabalho no setor público. “Esse Ministério está inovando em retomar o diálogo com servidores”, disse.

Coordenação e logística

A Secretaria de Gestão de Pessoas trata de toda a área de suporte, gestão, logística, financeira, tecnológica e do apoio para o concurso unificado, o que inclui a contratação da banca e da seleção da empresa responsável pela logística e aplicação das provas. Entre doze indicadas, a Cesgranrio foi a escolhida. O objetivo é fazer um processo seletivo uniformizado, com provas nas 180 cidades, em todas as regiões do país, aplicadas simultaneamente.

Os resultados esperados pela CNPU são ampliar e democratizar o acesso aos cargos públicos; otimizar custos, processos e a operacionalização da realização dos concursos públicos; uniformizar o processo concorrencial e os critérios de acesso; dar continuidade ao modelo de seleção periódico e unificado e ampliar o ethos público, na Administração Pública Federal.

Representatividade

Lucíola Arruda, diretora de Gestão de Pessoas, da Secretária de Serviços Compartilhados, do MGI, esclareceu que o pagamento de uma única inscrição permitirá que o candidato possa concorrer a diversas vagas. “Teremos o preenchimento de um grande número de vagas em um só certame, e o pagamento de uma inscrição permitirá a concorrência em várias vagas de um bloco”, acrescentou.

A unificação, nas palavras de Lucíola, traz redução de custos, ganho de escala e garante a participação mais democrática de quem não consegue arcar com os custos de passagens. Desse modo, é possível a capilarização da oportunidade, para que todos do país possam participar.

A diretora de Avaliação, Monitoramento e Gestão da Informação, do Ministério da Igualdade Racial (MIR), Tatiana Dias Silva, mencionou que a unificação tem o potencial de ampliar a representatividade de servidores em todo o território nacional. “Temos que fazer uma reflexão diante da criação de ações afirmativas, dentro desse processo, e discutir o concurso público pela perspectiva de desnaturalizar aspectos que reproduzem desigualdades. Temos que desenvolver, em nível institucional, a construção de burocracias representativas e antirracistas, por meio de pesquisas”, analisou a diretora.

De acordo com Marco Aurélio Costa, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), especializado em planejamento urbano e regional, nos últimos dezesseis anos houve 49 concursos no país, que ofereceram mais de nove mil vagas em, no máximo, 39 municípios, que serviram como sede para os concursos. Isso representa menos de 1% das localidades brasileiras. O concurso que mais usou sedes simultâneas aconteceu em 34 cidades. “O Brasil tem 5.570 municípios e, com a diversidade socioespacial que temos, é difícil imaginar que o máximo que conseguimos foi um concurso em pouco mais de 30 cidades, ao longo desse tempo.”

Cotas em concurso público

No último painel do dia, batizado de “Cotas em Concurso Público: Passado, Presente e Futuro”, Cida Chagas, diretora de Provimento e Movimentação do MGI, afirmou que a lei de cotas em concursos públicos (Lei nº 12.990/2014) trouxe alguns avanços durante o período de dez anos em que foi instituída. No entanto, a diretora frisou a necessidade de aperfeiçoamento da lei, uma vez que ela previa a inserção de 20% de pessoas negras dentro do serviço público.

“O último relatório da Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) sobre a lei aponta que ficamos aquém desse percentual e chegamos a 15%, entre 2014 e 2020. Lembrando que tivemos uma lacuna enorme de concursos públicos e isso nos leva a concluir que não teve como a lei ser aplicada”, informou.

Ela acrescentou que da forma como a lei foi implementada até agora, em muitas carreiras do Estado, sobretudo as de maior remuneração, as pessoas negras ainda são vítimas de invisibilidade.

“Temos dados que mostram como mulheres não chegam a 5%, em algumas carreiras, e há outras que sequer contam com uma pessoa negra, independente de gênero”, disse.

A partir dessas informações, a diretora defende que com o CPNU o país terá uma oportunidade de aplicar as cotas para uma inserção mais ampla e diversa das pessoas, na administração pública e no Poder Executivo.

“É uma oportunidade de aplicar políticas de ações afirmativas voltadas a pessoas negras, indígenas e com deficiência física. Temos uma grande inovação, que vai se dar no concurso, que é a reserva de vagas no quadro da FUNAI, para pessoas indígenas, por exemplo”, disse.

Confira as vagas por instituição:

Instituições

Vagas

FUNAI

502

INCRA

742

MAPA

520

MGI e transversais

1480

MS

220

MTE

900

ANTAQ

30

MDIC

110

PREVIC

40

ANEEL

40

ANS

35

IBGE

895

MJSP

130

MCTI

296

MINC

50

AGU

400

MEC

70

MDHC

40

MPI

30

MPO

60

INEP

50

TOTAL

 6.640

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