Tragédia anunciada: barragem se rompe em Minas Gerais
Foto: Corpo de Bombeiros
Uma barragem da Vale do Rio Doce se rompeu no início da tarde desta sexta-feira, 25, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. Uma força-tarefa do governo de Minas está no local e designou a formação de um gabinete estratégico de crise para acompanhar de perto as ações. A Vale afirmou que também ativou o seu Plano de Atendimento a Emergências para Barragem. O Hospital João XXIII, da capital mineira, está trabalhando com o plano de emergência para atendimento de vítimas em situação de catástrofe. Segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, cerca de 200 pessoas estão desaparecidas.
O acidente ocorre três anos após a Vale do Rio Doce protagonizar o maior desastre ambiental pelo rompimento de barragem de Fundão, da mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton. O rompimento, ocorrido em 2015, despejou 34 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro, que atingiram 38 municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo e transformou em lama as águas do Rio Doce. O acidente provocou a morte de 19 pessoas e centenas perderam suas casas e ficaram sem água potável. A lama produziu 14 toneladas de peixes mortos.
Na ocasião, várias denúncias indicavam fragilidades na segurança de outras barragens da empresa. “Desde o ano de 2015, inúmeras denúncias vêm sendo feitas pelo risco de rompimento de barragens do complexo e, ainda assim, a Mina Córrego do Feijão teve sua ampliação aprovada pelo Conselho Estadual de Política Ambiental em dezembro do ano passado”, destacou o Movimento dos Atingidos por Barragens em comunicado divulgado hoje a tarde. O Movimento diz ter denunciado o atual modelo de mineração utilizado no país, citando empresas privatizadas e multinacionais que visam ao lucro a qualquer custo. Mais uma vez, o lucro está acima de vidas humanas e do meio ambiente”.
A barragem, segundo o Movimento, tem capacidade de 1 milhão de metros cúbicos de rejeitos que, caso cheguem até o Rio Paraopeba, devem deixar um rastro de destruição, colocando em risco o abastecimento de milhares de famílias em mais de 48 municípios da Bacia do Paraopeba.
Comunidade indígena é retirada do local
Uma aldeia Pataxó Hã-hã-hãe precisou ser evacuada após o rompimento da barragem em Brumadinho. As 25 famílias que vivem na aldeia Naô Xohã foram levadas, na tarde desta sexta-feira, 25, para a parte mais alta do município de São Joaquim de Bicas, área administrativa onde está localizada a comunidade. A informação é do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Brumadinho, São Joaquim de Bicas e Mário Campos formam o conjunto de cidades cortadas pelo rio Paraopeba, atingido pela lama de rejeitos por volta das 15h50 desta sexta. “Nossa aldeia fica na margem do rio. Tiramos nossa subsistência dele. A lama já está no centro de Brumadinho e ainda não chegou na aldeia. Podemos ter a área inundada ou não. Nos informaram que isso vai depender do impacto e da vazão do rio, que não é muito largo, mas se já bateu no rio é difícil que não nos afete”, explica Eni Carajá Pataxó Hã-hã-hã
Foto: Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Leia também
Tragédia de Mariana deixou sequelas psicológicas na população