AMBIENTE

Tragédia anunciada: barragem se rompe em Minas Gerais

Três anos após da tragédia ambiental de Mariana, outras barragens da Vale se rompe. Desta vez, na região metropolitana de Belo Horizonte, provocando um rio de lama
Por Redação / Publicado em 25 de janeiro de 2019

Foto: Corpo de Bombeiros

Mar de lama destruiu casas em destruiu casas em Córrego Feijão. Corpo de Bombeiros estima 200 pessoas desaparecidas.

Foto: Corpo de Bombeiros

Uma barragem da Vale do Rio Doce se rompeu no início da tarde desta sexta-feira, 25, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. Uma força-tarefa do governo de Minas está no local e designou a formação de um gabinete estratégico de crise para acompanhar de perto as ações. A Vale afirmou que também ativou o seu Plano de Atendimento a Emergências para Barragem. O Hospital João XXIII, da capital mineira, está trabalhando com o plano de emergência para atendimento de vítimas em situação de catástrofe. Segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, cerca de 200 pessoas estão desaparecidas.

O acidente ocorre três anos após a Vale do Rio Doce protagonizar o maior desastre ambiental pelo rompimento de barragem de Fundão, da mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton. O rompimento, ocorrido em 2015, despejou 34 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro, que atingiram 38 municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo e transformou em lama as águas do Rio Doce. O acidente provocou a morte de 19 pessoas e centenas perderam suas casas e ficaram sem água potável. A lama produziu 14 toneladas de peixes mortos.

Na ocasião, várias denúncias indicavam fragilidades na segurança de outras barragens da empresa. “Desde o ano de 2015, inúmeras denúncias vêm sendo feitas pelo risco de rompimento de barragens do complexo e, ainda assim, a Mina Córrego do Feijão teve sua ampliação aprovada pelo Conselho Estadual de Política Ambiental em dezembro do ano passado”, destacou o  Movimento dos Atingidos por Barragens em comunicado divulgado hoje a tarde. O Movimento diz ter denunciado o atual modelo de mineração utilizado no país, citando empresas privatizadas e multinacionais que visam ao lucro a qualquer custo. Mais uma vez, o lucro está acima de vidas humanas e do meio ambiente”.

A barragem, segundo o Movimento, tem capacidade de 1 milhão de metros cúbicos de rejeitos que, caso cheguem até o Rio Paraopeba, devem deixar um rastro de destruição, colocando em risco o abastecimento de milhares de famílias em mais de 48 municípios da Bacia do Paraopeba.

Comunidade indígena é retirada do local

Uma aldeia Pataxó Hã-hã-hãe precisou ser evacuada após o rompimento da barragem em Brumadinho. As 25 famílias que vivem na aldeia Naô Xohã foram levadas, na tarde desta sexta-feira, 25, para a parte mais alta do município de São Joaquim de Bicas, área administrativa onde está localizada a comunidade. A informação é do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Brumadinho, São Joaquim de Bicas e Mário Campos formam o conjunto de cidades cortadas pelo rio Paraopeba, atingido pela lama de rejeitos por volta das 15h50 desta sexta. “Nossa aldeia fica na margem do rio. Tiramos nossa subsistência dele. A lama já está no centro de Brumadinho e ainda não chegou na aldeia. Podemos ter a área inundada ou não. Nos informaram que isso vai depender do impacto e da vazão do rio, que não é muito largo, mas se já bateu no rio é difícil que não nos afete”, explica Eni Carajá Pataxó Hã-hã-hã

Foto: Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Altos índices de depressão entre moradores dos locais atingidos pela lama da barragem do Fundão

Foto: Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil


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