AMBIENTE

Ibama expulsa garimpeiros de terra indígena e diretor é demitido

Nos bastidores do Ministério do Meio Ambiente a demissão teria sido um pedido do presidente da República, que prometeu a garimpeiros em 2019 que não queimaria tratores
Por César Fraga / Publicado em 14 de abril de 2020
A ação do Ibama foi realizada em três terras indígenas no sul do Pará, onde vivem cerca de 1.700 índios. O que ensejou a ação do poder público foi o fato de as invasões de terras indígenas terem aumentado desde o início da pandemia de covid-19

Foto: Twitter/Reprodução

A ação do Ibama foi realizada em três terras indígenas no sul do Pará, onde vivem cerca de 1.700 índios. O que ensejou a ação do poder público foi o fato de as invasões de terras indígenas terem aumentado desde o início da pandemia de covid-19

Foto: Twitter/Reprodução

No dia seguinte ao programa Fantástico, da Rede Globo exibir uma reportagem sobre uma operação de combate ao garimpo ilegal em terras indígenas pelo Ibama, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, demitiu o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Olivaldi Alves Borges de Azevedo.

A ação documentada pela reportagem não só foi coordenada pelo órgão ambiental, mas especificamente pela diretoria de Olivaldi.

Nos bastidores do Ministério do Meio Ambiente fala-se que a demissão tem relação com a veiculação da reportagem e foi uma determinação do presidente Jair Bolsonaro ao ministro Ricardo Salles.

A principal motivação do pedido teria sido o fato de os agentes terem queimado tratores e outros equipamentos usados no garimpo ilegal. A queima de tratores é operação padrão tanto para evitar que eles voltem a ser usados no desmatamento quanto pelo alto custo que significa para a União a retirada destes dos locais de apreensão.

Em novembro do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro havia se comprometido com garimpeiros, em frente ao Palácio da Alvorada, que proibiria a queima de maquinário ilegal apreendido em ações de fiscalização. Olivaldi é major da Polícia de São Paulo foi indicação do próprio ministro Ricardo Salles e não é exatamente um ambientalista, pelo contrário, era conhecido por “segurar” operações do Ibama.

Num dois trechos da reportagem, o posseiro Arilson Brandão, que representa uma associação que pretende ocupar parte da terra indígena Trincheira-Bacajá, disse que se sentiu estimulado “com aquela conversa que saiu do governo federal, do ministro, de redução de 5% das áreas indígenas”.

“A gente está com essa esperança, essa expectativa, para que um dia aconteça isso e para realmente o governo legalizar o pessoal aqui dentro, né. Enquanto isso, a gente está ocupando aqui”, disse Brandão. De acordo com a reportagem, ele foi expulso junto com outros invasores.

COVID-19 – A ação do Ibama foi realizada em três terras indígenas no sul do Pará, onde vivem cerca de 1.700 índios. O que ensejou a ação do poder público foi o fato de as invasões de terras indígenas terem aumentado desde o início da pandemia de Covid-19. Como a doença oferece riscos ainda maiores às populações indígenas, o Ibama agiu para impedir o contato dos garimpeiros com os índios.  Antes da operação, os fiscais cumpriram 14 dias de quarentena preventiva.

Olivaldi é major da Polícia de São Paulo foi indicação do próprio ministro Ricardo Salles e não é exatamente um ambientalista, pelo contrário, era conhecido por “segurar” operações do Ibama

Foto: Reprodução/TV

Olivaldi, major da Polícia de São Paulo foi indicação do próprio ministro Ricardo Salles e não é exatamente um ambientalista, pelo contrário, era conhecido por “segurar” operações do Ibama

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