AMBIENTE

MST implementa proposta popular de recuperação das bacias do Rio Doce e Médio Paraopeba

Diante da morosidade das propostas de reparação e recuperação encampadas pelas empresas, os trabalhadores sem-terra atingidos pelos crimes da Vale decidiram assumir o protagonismo das ações
Por César Fraga / Publicado em 10 de novembro de 2020
Famílias do MST no Vale do Rio Doce recebem curso de formação em agrofloresta, que usa tecnologia para o reflorestamento

Foto: MST/ Divulgação

Famílias do MST no Vale do Rio Doce recebem curso de formação em agrofloresta, que usa tecnologia para o reflorestamento

Foto: MST/ Divulgação

O dia 5 de novembro de 2015 marca a data do maior crime ambiental já registrado na história do Brasil. E que resultou nas mortes de 19 pessoas, além de condenar o Rio Doce à lama, desde sua nascente à foz.

Em 2020, completou-se cinco anos da impunidade desse crime, cuja responsabilidade é da Vale (Samarco e BHP) pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana.

O crime, apelidado de tragédia pelos meios de comunicação, expôs as debilidades do modelo de mineração no estado de Minas Gerais, que continua resultando em graves problemas como o rompimento da barragem em Brumadinho, ocorrido em janeiro de 2019, matando desta vez 272 trabalhadores.

De lá para cá, o luto permanente em memória dos mortos, lutas sociais pelos direitos às indenizações dos atingidos e a construção de alternativas populares de recuperação da bacia por parte dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) são algumas das ações na tentativa de devolver a vida ao Rio Doce.

INICIATIVA POPULAR – Diante da morosidade das propostas de reparação e recuperação encampadas pelas empresas, e no caso da bacia do Rio Doce, pela Fundação Renova, os trabalhadores sem-terra atingidos pelos crimes da Vale decidiram assumir o protagonismo das ações.

Desde 2018, tomou-se as seguintes diretrizes para as ações nas bacias impactadas: é legítimo o direito das famílias impactadas de buscar o acesso às indenizações e participar dos processos de recuperação.

Todas as ações construídas nos territórios da reforma agrária precisam fortalecer a Agroecologia, que se opõe ao modelo minerário atual. É necessário envolver as entidades dos trabalhadores nos processos de elaboração e execução dos projetos.

Assim, na Bacia do Rio Doce, o Programa Popular de Recuperação já iniciou. São projetos de reflorestamento em áreas de recarga hídrica e áreas de proteção permanente, focando na implantação de Sistemas Agroflorestais, que conciliam o plantio de árvores e produção de alimentos. E assistência técnica às famílias com intuito de garantir a recuperação econômica e ambiental das áreas atingidas. Também, um programa de formação em agroecologia, com capacitações, envolvendo diretamente as famílias atingidas.

 

 

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