Aumenta o volume de resíduos com a enchente
Foto: Alex Rocha/PMPA
A limpeza das áreas que foram alagadas em Porto Alegre e Região Metropolitana estão fazendo com que prefeituras precisem adotar medidas de curto prazo para a destinação de resíduos. Em Porto Alegre, por exemplo, o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) está planejando dispor entulhos, considerados resíduos inertes (como restos de madeira, caliça, móveis avariados) em terrenos no Sarandi, Humaitá, na Serraria e no “bota-espera” próximo à Receita Federal.
O diretor geral do DMLU, Carlos Alberto Hundertmarker disse que em breve estará sendo contratada uma empresa para gerenciar um aterro específico para resíduos inertes com capacidade para até 72 mil toneladas. O volume do recolhimento aumentou: antes do desastre climático, iam 80 carretas com 30 toneladas de rejeito (orgânicos, o lixo que não foi aproveitado na coleta seletiva). Hoje, vão 90 carretas de 30 toneladas por dia.
Com formação em Administração de Empresas, Hundertmarker acredita que o atual contexto é o maior desafio que a prefeitura, o departamento, já atravessou na sua história. Assim que a água começou a baixar o DMLU começou o recolhimento de tudo que a população dos bairros atingidos pelas águas descartou. Até segunda-feira à noite, dia 20, já tinham sido recolhidas 2.405 toneladas de resíduos nos bairros onde o Guaíba subiu.
A orientação do DMLU é para que as pessoas não peguem sem proteção o que foi disposto na rua. Há risco de se cortar, perfurar a mão ou até mesmo se contaminar. O diretor do DMLU acrescentou que 300 garis foram vacinados com antitetânica e influenza para execução do trabalho. A meta é vacinar todos os prestadores de serviço e servidores que desejarem ser imunizados. Todo efetivo contratado pela Cootravipa, 3,5 mil trabalhadores estão em campo, diz o diretor. O administrador revelou que está em processo de chamamento de 90 funcionários que prestaram concurso público para a vaga de assistente operacional. Ele afirmou também que no início do ano já tinham sido chamados seis engenheiros para o departamento.
Em alguns bairros ou parte de algumas localidades, ainda não há possibilidade de coleta devido à impossibilidade de circulação de caminhões e de trabalhadores. No início da semana, equipes do DMLU começaram a atuar em diversos bairros, a começar por Belém Novo, Lami, Vila dos Sargentos (Serraria), Vila Nossa Senhora das Graças (Cristal), Residencial Ernesto di Primio Beck (Guarujá), Avenida Guaíba (Assunção), Pedra Redonda, Centro Histórico, entorno da Estação Rodoviária, Cidade Baixa, Menino Deus, Vila Elizabeth (Sarandi), Jardim do Bosque (Sarandi), São Borja e São Geraldo.
A força-tarefa do DMLU deve chegar a 17 locais nesta quarta-feira, 22. As equipes estarão atuando nos trechos secos. Confira.
Voluntários se unem no Limpeza Solidária
O Projeto POA sem Lixo, coordenado pela Engenharia de Produção da Ufrgs, em parceria com a Greenthinking e a participação de coletivos e frentes de voluntários está se preparando para auxiliar na limpeza das casas de atingidos pela enchente. De acordo com a professora Ângela Danilevicz, a ideia é promover a gestão mais adequada dos resíduos, a fim de minimizar o que poderia ir para algum aterro. “O objetivo é dar um apoio solidário a quem está limpando, e que antes de algo ser descartado, seja devidamente avaliado para ver se realmente não pode ser aproveitado,” acrescenta a professora.
O desafio foi proposto pelo Pacto Alegre, que une esforços das três maiores universidades do Estado: PUCRS, UFRGS e Unisinos. Os bairros onde o trabalho está iniciando são Menino Deus e Cidade Baixa. A iniciativa dará capacitação aos voluntários com a condução da Nova Acrópole. Solicita também doação de materiais de limpeza, equipamentos, empréstimo ou doação de lava-jato e gerador. Mais informações no Instagram da Hélice Consultoria da Ufrgs.
Reciclagem de resíduos na Capital
Nesta quarta-feira, 22, a Prefeitura publicou edital de chamamento público para doação de serviço de coleta de resíduos recicláveis gerados pela inundação. A empresa interessada deverá transformar os resíduos em renda financeira, por meio de triagem adequada em centro de logística reversa para a indústria.
Os valores arrecadados com a operação serão integralmente revertidos à aquisição de bens destinados à população afetada e à categoria de trabalhadores autônomos que exercem a atividade de catadores de lixo/material reciclável.
“Recebemos uma proposta e oportunizamos a outras empresas que manifestem interesse. O objetivo é transformar a enorme quantidade de resíduos gerados pela inundação em recursos para doar à população atingida, principalmente, eletrodomésticos da linha branca, com prioridade aos catadores”, destaca a secretária municipal de Parcerias, Ana Pellini.
O edital estipula que os trabalhos sigam por todo o período em que perdurar o estado de calamidade reconhecido por meio do Decreto nº 22.647/2024. Será exigido que a vencedora observe todos os regramentos estipulados pelo Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS) e as normas ambientais para destinação dos materiais. Não está prevista a exploração comercial e é vedado o uso de publicidade.
As empresas interessadas deverão encaminhar propostas por e-mail, às 18h de quinta-feira, 23, para o endereço apoiepoa@portoalegre.rs.gov.br. Poderão ser solicitados esclarecimentos sobre o edital até o dia quarta-feira, 22, às 18h, exclusivamente pelo e-mail. As respectivas respostas serão publicadas até quinta-feira, 23, no Dopa.
A avaliação e escolha da proposta vencedora ficará a cargo de Comissão Julgadora composta, no mínimo, por integrantes dos seguintes órgãos: Secretaria Municipal de Serviços Urbanos; Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) e Secretaria Municipal de Parcerias.
Cuidados para o reestabelecimento da energia
Antes de começar a limpeza de local afetado pela enchente é fundamental se adotar alguns cuidados para não se levar choques ou acidentes até fatais. A assessoria de imprensa da CEEE Equatorial informa que as casas, os condomínios, os estabelecimentos que foram inundados, a orientação é chamar um eletricista capacitado para revisar a rede elétrica. A maior parte das pessoas saiu correndo, sem ter desligado o disjuntor (o que é o ideal). A partir dessa avaliação, se não for possível religar o disjuntor, a energia não tiver voltado, depois da religação da CEEE, daí sim a companhia deve ser acionada.
A CEEE Equatorial está revisando toda sua rede antes de ligá-la nas áreas que estão secando. O consumidor é responsável por sua rede de dentro de casa, do medidor para dentro, por isso um profissional deve ser acionado.
Já a prefeitura de Canoas, por orientação da RGE, elenca uma série de cuidados que precisam ser adotados no retorno às residências. Para voltar, só se a Defesa Civil já tiver autorizado. E antes de qualquer dois, é preciso estar garantido que a energia esteja desligada ao verificar o poste padrão de entrada. A empresa também recomenda que a inspeção deva ser realizada por um profissional especializado. Um acidente com choques ou curtos-circuitos pode ser fatal.
Outras dicas da RGE:
- Se tomar choque ao ligar torneiras e chuveiros elétricos, isso indica que existe um problema de aterramento (fio de terra) ou umidade na instalação;
- Não tentar carregar aparelhos móveis como celulares e tablets em locais úmidos;
- Não ativar o sistema fotovoltaico em locais cujos equipamentos foram, ou estão, parcialmente ou totalmente submersos na água;
- Não encostar em postes ou estruturas elétricas para se proteger das inundações e jamais tentar desligar ou religar energia da rede elétrica da RGE por conta própria;
- Se encontrar algum cabo ou fio caído não se aproximar e evitar a aproximação de outras pessoas isolando o local;
- Jamais levantar nenhum tipo de cabo para passagem de embarcações pois não se sabe se ele está energizado;
- Não mexer em árvores caídas pois, ao cair, podem ter levado junto uma fiação energizada.