AMBIENTE

CPI defende indiciamento da Braskem por afundamento em Maceió

MP deve investigar oito pessoas ligadas à mineradora, três prestadores de serviços e quatro empresas que forneciam laudos e estudos falsos ou manipulados
Da Redação / Publicado em 21 de maio de 2024
CPI defende indiciamento da Braskem por afundamento em Maceió

Foto: Mídia Ninja/ Reprodução

CPI encaminha indiciamento da Braskem por afundamento de cinco bairros de Maceió, o que levou 15 mil famílias a perderem casas

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A Comissão Parlamentar de Inquérito da Braskem no Senado aprovou nesta terça-feira, 21, por unanimidade, o relatório do senador Rogério Carvalho (PT-SE), que pede o indiciamento da mineradora pelo afundamento de cinco bairros de Maceió, o que levou 15 mil famílias a perderem suas casas.

O relatório também pede o indiciamento de 11 pessoas, sendo oito ligadas à Braskem e três envolvidas com empresas que prestaram serviços à mineradora. A CPI ainda pede o indiciamento de quatro dessas empresas que trabalharam para a Braskem fornecendo laudos e estudos que, de acordo com a comissão, eram falsos ou enganosos.

“Algumas pessoas inconsequentes em busca do lucro rápido e fácil acreditaram que poderiam escavar a terra de qualquer jeito, sem se importar com a população que morava em cima. Mesmo diante da catástrofe do Rio Grande do Sul, ainda há quem pense que pode agredir o meio ambiente de várias formas sem que isso cause problemas”, enfatizou o relator.

O parlamentar afirma que a CPI demonstrou que a empresa cometeu o crime de “lavra ambiciosa”, retirando mais sal-gema do que a segurança das minas permitia. Outra conclusão da comissão foi a de que o setor da mineração precisa de um novo modelo de governança.

“Não podemos mais aceitar que as agências reguladoras continuem a conceder e a renovar licenças a partir de dados fornecidos pelas mineradoras sem verificação independente. Precisamos antecipar e evitar novas maceiós, marianas e brumadinhos”, alertou Rogério Carvalho, citando também as duas cidades mineiras soterradas por barragens de mineração.

Já o senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL) argumentou que, durante as investigações, a Braskem reconheceu publicamente, pela primeira vez, a culpa pelo afundamento dos bairros em Maceió, mas acrescentou que isso não é suficiente.

“Essas pessoas, em algum momento, poderiam ter parado, poderiam ter observado a legislação do que se refere à segurança, não trabalharam com transparência e tudo isso aqui ficou muito claro. Inclusive, eu faço um apelo também para que a Polícia Federal, que há mais de cinco anos tem um inquérito em andamento, que conclua esse inquérito”, destacou Cunha.

CPI defende indiciamento da Braskem por afundamento em Maceió

Foto Lula Marques/ Agência Brasil

Empresa cometeu crime de “lavra ambiciosa”, retirando mais sal-gema do que a segurança das minas permitia, destacou Carvalho

Foto Lula Marques/ Agência Brasil

Revisão dos acordos

O relator da CPI lembrou que um dos objetivos da CPI é contribuir para a revisão do acordo de reparação firmado entre a Braskem e os atingidos pelos afundamentos do solo em Maceió.

O relatório diz que os acordos foram prejudiciais aos atingidos, com baixos valores de danos morais e a compra das residências pela mineradora que, ao indenizar os moradores, ficou com a propriedade dos imóveis.

“Creio que o Ministério Público deve reabrir e rediscutir os termos desse acordo para ampliar a área que deve gerar o benefício, repensar o isolamento da população da região dos Flexais, que deve repensar a questão da indenização por danos morais. Tem coisas que precisam ser revistas e a gente espera que isso aconteça”, destacou.

O documento de mais de 760 páginas será encaminhado para a Polícia Federal (PF), para a Procuradoria-Geral da República (PGR), além dos ministérios públicos e defensorias públicas federal e estadual para subsidiar as investigações e na possível atuação das instituições no caso.

A Braskem afirmou em nota que sempre esteve à disposição da CPI, colaborando com todas as informações e providências solicitadas pela comissão e que continua à disposição das autoridades, “como sempre esteve”.

Ações do Planalto na catástrofe do RS

O governo federal anunciou nesta terça-feira a abertura de um portal para concentrar informações sobre apoio ao Rio Grande do Sul. A ferramenta apresenta ações e recursos federais destinados ao estado e municípios, traz notícias atualizadas sobre o trabalho das equipes federais no socorro às famílias e na recuperação da infraestrutura. O portal concentra informações sobre como realizar doações aos atingidos pelas enchentes que assolaram o estado a partir do final de abril.

A ferramenta integra iniciativas relativas à atuação dos ministérios e demais órgãos envolvidos na força-tarefa federal de apoio ao Rio Grande do Sul e apresenta dados atualizados sobre o repasse de recursos da União para o estado e seus municípios. Até agora, o governo federal assegurou mais de R$ 60,7 bilhões ao RS.

Desse total, R$ 46,2 bilhões são novos recursos, destinados a finalidades como o programa emergencial de acesso a crédito, ações de Defesa Civil, acréscimo de parcelas do Seguro Desemprego, intervenções emergenciais e reconstrução de rodovias, além de medidas voltadas à área da saúde e educação.

Outros R$ 14,5 bilhões referem-se à antecipação de benefícios como Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada; antecipação de restituição do Imposto de Renda; antecipação de benefícios previdenciários e prorrogação na cobrança de tributos, entre outros.

Hospedado na plataforma Brasil Participativo, coordenada pela Secretaria-Geral da Presidência da República, a plataforma é o principal canal de participação social on-line do governo. Traz informações sobre doações, com orientações àqueles que querem ajudar as famílias gaúchas sobre o que doar e como doar. Além disso, reúne notícias atualizadas sobre o trabalho realizado pelas equipes do Governo Federal no estado e nos municípios junto às famílias e na recuperação da infraestrutura danificada pela tragédia.

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