AMBIENTE

Moradores da Vila Farrapos protestam após 20 dias de alagamento

Mobilização interrompeu pista da Freeway. Prefeitura deslocou bomba móvel para drenar o bairro. Famílias estão acampadas sob viaduto
Da Redação / Publicado em 27 de maio de 2024
Moradores da Vila Farrapos protestam após 20 dias de alagamento

Foto: Rafa Neddermeyer/ Agência Brasil

Na Vila Farrapos, Bairro Humaitá, famílias que convivem com o alagamento desde o dia 3 de maio fizeram mobilização

Foto: Rafa Neddermeyer/ Agência Brasil

Um protesto de moradores da região da Vila Farrapos, no Humaitá, na zona norte de Porto Alegre, fechou uma pista da rodovia BR-290, a Freeway, próxima à Arena do Grêmio, durante a manhã desta segunda-feira, 27. A comunidade pressionava pela instalação de uma bomba móvel para drenar a água que se acumula no bairro. O alagamento perdura desde o dia 3 de maio. Em todo o estado, mais de 2,35 milhões de pessoas foram atingidas pelas enchentes em 469 municípios do estado. A Defesa Civil e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiram alertas para temporais e risco de ocorrência de um ciclone em território gaúcho. Chove em quase todo o estado.

“A nossa reivindicação aqui é pacífica, sobre as bombas que a gente quer que eles botem em movimentação, para esvaziar a água. A gente está há um mês dentro da água, passando trabalho, e precisa sair dessa situação”, afirmou Claudia Rodrigues, catadora de material reciclável, moradora da região. Ela e o marido estão há três semanas acampados sob um viaduto, perto de casa, esperando o alagamento baixar.

Moradores da Vila Farrapos protestam após 20 dias de alagamento

Foto: Rafa Neddermeyer/ Agência Brasil

Bairro junto à Freeway e à Arena do Grêmio foi um dos primeiros a ficar submerso no dia 3 de maio

Foto: Rafa Neddermeyer/ Agência Brasil

Durante o protesto, o trânsito na região, que liga a capital à região de Canoas, onde fica a Base Aérea, ficou bastante congestionado. Equipes do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), órgão da prefeitura, e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram ao local negociar com os manifestantes.

Ao final, ficou o acertado o envio de uma bomba móvel hidráulica emprestada pela Sabesp, a companhia de água e esgoto de São Paulo, e que estava sendo usada para drenar o alagamento em outro ponto da cidade, mais de 20 dias após a inundação.

Segundo o Dmae, a região é atendida por uma Estação de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebap), que escoa a água das ruas de volta ao Lago Guaíba, mas que, desde a enchente, está funcionando com apenas dois de seus quatro motores.

“Estamos em contato direto com a comunidade do Humaitá, eles não estão desassistidos”, informou o órgão em postagem nas redes sociais. No início da tarde, o departamento publicou um vídeo da instalação da bomba móvel da Sabesp.

Chuvas e alerta para ciclone

De acordo com a Defesa Civil do Rio Grande do Sul a enchente que atinge o estado desde o início de maio já provocou a morte de 169 pessoas e deixou um saldo de 806 feridos. Mais de 580 mil estão desalojadas, há 56 desaparecidos e mais de 55,8 mil estão em abrigos.

A catástrofe ambiental atingiu 2,35 milhões de pessoas em 469 municípios gaúchos. Depois de uma breve trégua no final de semana, voltou a chover forte em quase todo o estado a partir da noite de domingo, 26.

O Inmet emitiu, na madrugada desta segunda-feira, um alerta de perigo para chuvas na Região Sul do país, incluindo todo o leste do Rio Grande do Sul, já fortemente afetado por enchentes.

O alerta vale da 0h01 até as 21h e cita chuvas entre 30 e 60 milímetros por hora ou entre 50 e 100 milímetros por dia, além de ventos intensos que devem variar de 60 a 100 quilômetros por hora. A região metropolitana de Porto Alegre é uma das atingidas. A cidade amanheceu sob névoa forte e chuva que persistiu durante todo o dia. De acordo com o Inmet, há risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e descargas elétricas.

Com reportagem de Pedro Rafael Vilela, da Agência Brasil em Porto Alegre.

Comentários