AMBIENTE

Rio Grande do Sul tem 616 mil pessoas fora de casa e chuvas persistem

Chuva, frio e mais alagamentos agravam ainda mais a situação de quase 22% da população que perdeu suas casas e não têm para onde voltar
Da Redação / Publicado em 3 de junho de 2024
Rio Grande do Sul tem 616 mil pessoas fora de casa e chuvas persistem

Foto: Igor Sperotto

Bairro Humaitá, na zona norte de Porto Alegre, um dos mais atingidos da capital gaúcha, permanecia alagado na última semana

Foto: Igor Sperotto

Mais de 616,6 mil pessoas ainda estão impossibilitadas de voltar para suas casas no Rio Grande do Sul, devido à calamidade pública provocada pelas fortes chuvas que caíram no estado entre o fim de abril e todo o mês de maio. Nesse contingente estão 37.154 pessoas que se encontram abrigadas temporariamente em um dos 857 abrigos provisórios disponibilizados pelo estado. De acordo com o balanço das enchentes atualizado nesta segunda-feira, 3, pela Defesa Civil no estado, 579.457 pessoas ainda estão desalojadas, morando temporariamente em casas de parentes, amigos ou à beira de estradas, enquanto não podem retornar para suas casas.

A tragédia provocou 172 mortes, conforme levantamento da Defesa Civil e 42 pessoas ainda seguem desaparecidas. Desde o início das fortes chuvas, 77,8 mil pessoas foram resgatadas e também 12,5 mil animais silvestres, domésticos e de produção foram resgatados das enchentes, como cachorros, gatos, cavalos, porcos, bois e galinhas.

No período de pouco mais de um mês da ocorrência dos eventos climáticos 2.390.556 pessoas foram afetadas direta ou indiretamente por eles, o que equivale a 21,97% da população total do estado (10,88 milhões de habitantes), residentes em 475 municípios impactados pelas chuvas e cheias.

Nível de rios

O nível do Guaíba, que banha a região metropolitana de Porto Alegre, voltou a subir no domingo e alagou algumas ruas de Porto Alegre na manhã desta segunda-feira, 3.

Às 10h, o rio, na área da Usina do Gasômetro, chegou a 3,80 metros, 20 centímetros acima da nova cota de inundação, de 3,60 metros no centro da capital, com tendência de queda, desde o início desta manhã.

O boletim do governo do Rio Grande do Sul sobre os serviços de infraestrutura do estado, atualizado às 9h, apontava que a Lagoa dos Patos, no bairro do Laranjal, estava com o nível de 2,21m, quase um metro acima da cota de inundação fixada em 1,30 metro.

O Rio Gravataí, na medição no balneário de Passo das Canoas, está com 4,81 metros, enquanto a cota de inundação dele é 4,75 metros.

Já os rios que voltaram a ficar abaixo de seus respectivos níveis de inundação são os Rios dos Sinos, no município de São Leopoldo: 4,33 metros (cota de inundação: 4,50 metros), Taquari, na cidade de Muçum, atualmente com 3,49 m (cota de inundação: 18 m), Caí, medido em Feliz, com nível de 2,16m (cota de inundação: 9 m); Uruguai, em Uruguaiana, medindo 7,32m (cota de inundação: 8,50 m).

Queda de temperaturas, vento e chuvas

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), vinculado ao Ministério da Agricultura e Pecuária, emitiu dois alertas meteorológicos de nível amarelo indicando perigo potencial para Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

primeiro deles está relacionado à queda de temperaturas, entre 3ºC e 5ºC, em todo o Rio Grande do Sul, com destaque para a região metropolitana de Porto Alegre; além do oeste, sul e norte catarinense, com destaque para os municípios de Santa Catarina de São Joaquim, Urubici e Urupema, na região da serra do estado; e os da grande Florianópolis (SC). O aviso é válido desde 0h01 desta segunda-feira até as 18h da terça-feira, 4.

O segundo aviso amarelo do Inmet está relacionado ao aumento dos ventos vindos do litoral em direção à região costeira. As rajadas de vento podem chegar a 60 km/h. O aviso meteorológico teve início ao meio-dia desta segunda-feira e segue até o fim da tarde.

A área de alerta do Inmet abrange as áreas do norte e sul catarinense, o Vale do Itajaí e a grande Florianópolis, a região metropolitana de Porto Alegre (RS) e dois municípios do litoral – Arroio do Sal e Torres, de acordo com o Inmet.

Recuperação de rodovias

Rio Grande do Sul tem 616 mil pessoas fora de casa e chuvas persistem

Foto: Lauro Alves/ Palácio Piratini

Estado tem 95 pontos bloqueados ao tráfego de veículos, dos quais 65 são de responsabilidade estadual, e 30 federais

Foto: Lauro Alves/ Palácio Piratini

O governo do estado estima que precisará de pelo menos R$ 3 bilhões para consertar os estragos que os temporais do último mês causaram em parte das rodovias e pontes sob responsabilidade do estado.

O governador Eduardo Leite (PSDB) não descarta, contudo, a hipótese de o estado destinar até R$ 10 bilhões para adaptar estradas e pontes às mudanças climáticas em curso.

“Analisando as rodovias estaduais atingidas pelos eventos climáticos, temos dois cenários. Se trabalharmos com a correção dos trechos, para liberá-los, estimamos em cerca de R$ 3 bilhões o investimento para os deixarmos nas condições anteriores, com algum grau de melhoria”, afirmou Leite ao anunciar plano estadual de reconstrução de rodovias.

Durante o anúncio, Leite e o secretário estadual de Logística e Transportes, Juvir Costella, afirmaram que ainda há, no estado, 95 pontos bloqueados ao tráfego de veículos, dos quais 65 são de responsabilidade estadual, e 30 federais. Das rodovias e pontes estaduais bloqueadas, ao menos 40 sofreram o que o governo gaúcho classifica como “grandes impactos”. E a reparação de 30 delas são consideradas “prioritárias”.

As oito pontes ficam nas rodovias estaduais ERS-441, em Vista Alegre do Prata; 417 (Itati); 530 (Dilermando); 433 (Relvado) e nos quilômetros 32 e 35 da ERS-348, em Faxinal do Soturno, além da rodovia vicinal VRS-843 (Feliz) na RSC-471 (Sinimbu). Além destas, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) e a Engedal Construtora de Obras Ltda. assinam hoje o contrato para a construção da nova ponte sobre o Rio Forqueta, entre Arroio do Meio e Lajeado, no Vale do Taquari – a estrutura anterior, de cerca de 150 metros, foi danificada pelas chuvas intensas, forçando o Exército a instalar passarelas flutuantes (ou passadeiras) para permitir acesso aos municípios. Só a ponte do Rio Forqueta está orçada em cerca de R$ 14 milhões.

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