CULTURA

O centenário antecipado de Drummond

da Redação / Publicado em 3 de junho de 2001

Em uma comemoração antecipada, a melhor forma de festejar o centenário de nascimento de Carlos Drummond de Andrade, que ocorre de fato em 2002, considerado o maior poeta brasileiro, não poderia ser outra. A obra completa do escritor está sendo relançada pela editora Record em edições especiais com nova apresentação gráfica, cronologia e bibliografia atualizadas. A comemoração de véspera também aconteceu na Bienal do Livro, no Rio de Janeiro, na segunda quinzena de maio, quando a figura de Drummond foi destaque na programação do evento. Cada reedição terá um prefaciador diferente entre eles Afonso Rommano de Sant’anna, Silviano Santiago, Edimílson Caminha e Garcia Granã Etcheverry. Os primeiros três livros lançados e que já podem ser encontrados nas livrarias são Alguma Poesia, Brejo das Almas e A Rosa do Povo. Na velhice, o próprio Drummond achava que se tornaria um autor esquecido em poucos anos. Poeta, contista e ficcionista terá seus trabalhos literários relançados da forma como havia idealizado, ou seja, em ordem cronológica. É a primeira vez, por exemplo, que seu primeiro livro Alguma Poesia, de 1930, originalmente publicado sob um selo imaginário chamado Edições Pindorama, com meros 500 exemplares, terá uma nova publicação individual, isolada. “Seu desejo de ver o livro publicado da forma original era tão grande, que ele passava horas recortando e montando seus poemas em folhas em branco, na ordem em que gostaria que fossem publicados” conta Pedro Drummond, que, além de neto do poeta, é o organizador das reedições. Os próximos livros a sair da gráfica são Sentimento do Mundo, Amar se Aprende Amando, José e Antologia Poética.

Uma breve biografia

Carlos Drummond de Andrade nasceu em 1902, em Itabira, Minas Gerais. Em 1921, teve seus primeiros trabalhos publicados no jornal Diário de Minas. Em 1927, em Belo Horizonte, tornou-se redator e depois redator-chefe do Diário de Minas. Em 1928, publicou na Revista de Antropofagia, de São Paulo, o poema No meio do caminho, que suscitou polêmica nos meios literários. Dois anos depois, publicou Alguma poesia. Brejo das almas veio logo depois, em 1934. No mesmo ano, transferiu-se para o Rio como chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação e Saúde Pública. Em 1940, publicou Sentimento do Mundo. Só a partir de 1942 teve seus livros custeados por uma editora, a José Olympio, pela qual são editados A Rosa do Povo e O Gerente, em 1945. Na década de 40, já consagrado como poeta, publicou Poesia até agora, voltando a escrever no Diário de Minas. Os anos 50 foram marcados pela publicação de obras importantes, como Claro Enigma, Viola de Bolso, Fazendeiro do Ar e Fala, Amendoeira. Em 1969 deixa o Correio da Manhã, e passa a colaborar no Jornal do Brasil, escrevendo uma coluna que se tornaria referência no jornalismo brasileiro. Em 1984 lança Boca de Luar e Corpo, mas decide encerrar a carreira de cronista regular, após 64 anos dedicados ao jornalismo. São lançados Amar Se Aprende Amando, O Observador no Escritório, História de Dois Amores e Tempo Vida Poesia, entre outros. Mesmo com problemas de saúde, no ano de 1986 ainda encontrou tempo e disposição para escrever 21 poemas para a edição do centenário de nascimento de Manuel Bandeira. Em 1987, a 17 de agosto, o poeta faleceu, deixando cinco obras inéditas: O avesso das Coisas, Moça Deitada na Grama, Poesia Errante, O Amor Natural e Farewell.

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