“Grande parte desse público não freqüenta o circuito habitual de arte, é um público novo que se dispõe a receber coisas novas, tem coragem de ver uma manifestação de arte contemporânea mesmo dentro de um espaço que muitas vezes gera medos e preconceitos, como é o caso do São Pedro,” analisa Ecléa Cattani, para quem o importante é a manutenção permanente dos espaços conquistados pela Bienal.
“É preciso reparar nessa capacidade da Bienal de repensar um pouco a própria cidade. É preciso mais mobilização da população no sentido de que esses espaços sejam mantidos.”
Para a artista plástica Maria Tomaselli, o destaque da atual edição é a Cidade dos Contêineres. “É uma maravilha em termos de construção de proposta, Os elevadores tornaram a cidade acessível aos deficientes”, diz ela.
Mas observa e se ressente da falta de uma poética maior nas obras.
“São muitas revoltas, acusações, denúncias e tristezas. Mas, afinal, o mundo atual é isso,” constata. Para Maria Tomaselli, a Bienal tem importância como evento especialmente por ser “uma marca quase nostálgica”.
“A Bienal é o que sobrou do Mercosul,” diz ela numa referência à deterioração econômica da região e dos planos de uma região sem fronteiras. “A Bienal permanece como lembrança de uma utopia.”