O curso de preparação de monitores, proposto por Margarita Santi Kraemer, foi direcionado nesse sentido. Nas edições anteriores, a formação de monitores foi feita através de uma série de conferências. Nesta terceira edição, foi estabelecido um curso sistemático com duração de seis meses dividido em três módulos: formação teórica, reflexão sobre instituições e arte contemporânea e questões concretas da terceira Bienal. Enquanto os dois primeiros módulos serviram para alimentar a reflexão, o terceiro foi composto basicamente por entrevistas com os artistas que iriam participar da Bienal.
Segundo Cattani, o levantamento de questões foi trabalhado com os monitores. Ficou definido que o importante era procurar não fechar o sentido da obra contemporânea ou estabelecer conclusões. “O papel dos monitores nessa Bienal é justamente estimular o público a levantar questões, ainda que estas não tenham respostas específicas ou diretas”.
A professora vê dois significados importantes na Bienal. Um deles é sociológico. “É claro que a Bienal transforma Porto Alegre num pólo de arte contemporânea, por isso a importância de refletir sobre isso.” O segundo significado está ligado “a um grande ganho para o Estado em termos culturais”. O Rio Grande do Sul tem uma população com boa formação. “Somos uma das regiões com melhor índice de formação de um público potencial que pode ser conquistado para a arte contemporânea, para a qual ainda existe resistência internacional.”
Ela vê em Porto Alegre uma abertura para aceitar as inovações da arte, “um espírito cosmopolita”, cuja vivência da arte contemporânea vem transformando Porto Alegre num pólo de reflexão e irradiação dessas manifestações. Para a concretização dessa tendência, a entrada franca em todos os eventos da terceira Bienal representa uma atitude igualmente importante, pois evidencia o desejo da possibilidade de acesso e a plena democratização do evento. Nesse ponto, alerta Ecléa, tão importante quanto o incentivo da entrada franca, é a motivação e formação de um público mais amplo. “É preciso que as pessoas passem a freqüentar a Bienal como algo importante, mas natural, como acontece com a Feira do Livro.”
Foto: René Cabrales