Eric Hobsbawm, historiador britânico, nascido em 1917, já deu pelo menos quatro contribuições fundamentais para o entendimento dos fenômenos históricos contemporâneos em obras indispensáveis: Ecos da Marselhesa, Era dos Extremos, O novo século e Sobre história. O segundo da lista, por sinal, é leitura fundamental. Agora, ultrapassando os 80 anos, Hobsbawm nos apresenta sua autobiografia: Tempos interessantes – Uma vida no século XX. (Companhia das Letras – 482 páginas, R$ 45,00). Nele, o personagem e o historiador se fundem para lançar um olhar mais do que interessante sobre o que foi o que o autor chama de “breve século XX”.
O que deveria ser a biografia de um homem se transforma na biografia do século no qual este homem esteve respirando, aspirando, sonhando, vivendo e, principalmente, testemunhando e refletindo sobre os acontecimentos do seu tempo. Interessantes, o tempo e o homem em questão. A sua própria vida serve quase como pretexto para contar a história do que, no caso de qualquer outro biografado, seria apenas o cenário. Mas, antes de mais nada, o livro também trata da memória do próprio pensamento de Hobsbawm e de sua visão de mundo: as crises financeiras e políticas da década de 20, a ascensão de Hitler, a Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria, a rebeldia dos anos 60, a situação política e social da América Latina, o fim do império soviético e o papel dos EUA como superpotência hegemônica. Tudo isso é examinado pelo autor ao mesmo tempo que ele constrói sua trajetória intelectual e de militância política. Um livro que busca respostas no século que passou para a compreensão do presente. Afinal, se para Hobsbawm o século XX começou em 1914, não surpreende sua análise ter invadido, nesta obra, os acontecimentos deste início de século XXI, que, na opinião do historiador, “começa sob o signo do autoritarismo e da obscuridade”.
Alterações femininas – A Argentina pode até estar em crise política e econômica, mas não perdeu o senso de humor e ainda produz excelente cartum. A pátria que já deu ao mundo Quino, o criador de Mafalda, já tem um novo produto de exportação no ramo. Trata-se de Maitena Burundarena, ou simplesmente Maitena. Chega ao Brasil a série Mulheres Alteradas em quatro volumes. Em Mulheres Alteradas 1 (Ed. Rocco – 79 páginas, R$ 32,00), Maitena exibe aos brasileiros um trabalho já consagrado na Argentina e reconhecido pelo próprio Quino. “Ela agarra a realidade, com espelho e tudo, e a atira em nossa cabeça” diz. Maitena publica suas tiras em periódicos da França, Espanha, Itália, Portugal, Chile, Venezuela e Uruguai. A temática das tiras gira em torno do dia-a-dia das mulheres às voltas com o corpo, a moda, os homens, os amores, a família, os filhos, o passar do tempo a falta de tempo, enfim tudo aquilo que deixa as mulheres “alteradas”. Porém, para Maitena, a melhor das alterações ainda é o riso.