” Este planeta tem,- ou melhor, tinha o seguinte problema: a maioria de seus habitantes estava quase sempre infeliz. Foram sugeridas muitas soluções para esse problema, mas a maior parte delas dizia respeito basicamente à movimentação de pequenos pedaços de papel colorido com números impressos, o que é curioso, já que no geral não eram os tais pedaços de papel colorido que se sentiam infelizes.” Douglas Adams (1952-2001)
Finalmente chega às livrarias a reedição brasileira de O Guia do Mochileiro das Galáxias, best seller britânico escrito originalmente em 1979 por Douglas Adams, mas que fez realmente sucesso na década de 1980. Foram comercializadas mais de 15 milhões de cópias em vários países, principalmente nos de língua inglesa, como Estados Unidos, Austrália e Inglaterra, tendo freqüentado também a lista dos mais vendidos na Alemanha.
Adams, morto em março de 2001, escreveu o argumento original para ser uma peça de teatro estrelada por seus amigos do grupo Monthy Phyton (dos filmes Em Busca do Cálice Sagrado e A Vida de Brian), mas que foi abortada pelo custo elevado da produção. A história chegou a ser roteirizada e transmitida pela rádio BBC como radionovela, tendo ganhado também uma versão para TV. A sensação que se tem ao ler O Guia do Mochileiro das Galáxias é como se os Phyton tivessem uma adaptação de Tlön, Uqbar, Orbis e Tertius, de Borges.
Infelizmente, no Brasil, sua edição anterior em livro pela Editora Brasiliense, em 1986, não obteve tanto sucesso, nunca chegando a sua segunda tiragem. Porém, sempre foi um cult. Apesar do rótulo de sucesso que envolve a obra, isso em nada depõe contra suas qualidades, que, por sinal, não são poucas. Há quem diga que deveria ser livro recomendado por professores que tem dificuldades em convencer jovens a ingressar no mundo da palavra escrita.
Embora seja descrito como ficção científica, trata-se na verdade de um estilo inclassificável que de fato ridiculariza o gênero, com um tipo de narrativa oblíqua, que se utiliza da forma e da escolha das palavras para a construção de um texto ritmado e profundamente cínico em que a linguagem é destilada para extrair uma visão ao mesmo tempo sarcástica e bem-humorada da humanidade, para não dizer trágica. A tragicomédia de Adams segue de forma original o caminho de alguns de seus antecessores na arte do fantástico, como Jonathan Swift (As viagens de Gulliver) e Lewis Carrol (Alice no País das Maravilhas). Quem assistiu ao curta Ilha das Flores, de Jorge Furtado, pode ter uma idéia de estilo de texto, pois o cineasta recorre ao mesmo expediente utilizado anteriormente pelo inglês.
O Guia do Mochileiro das Galáxias é curiosamente o primeiro volume de uma trilogia que, de forma igualmente cínica, o autor escreveu em cinco volumes. Quatro deles estão sendo relançados pela Sextante, curiosamente uma editora conhecida por seus livros de auto-ajuda e esotéricos, mas que certamente viu no fato de o livro estar sendo adaptado para o cinema um bom gancho para promover a coleção cujos títulos previstos são: O restaurante no fim do Universo; A vida, o universo e tudo mais e até mais e Obrigado pelos Peixes. Pena o quinto e último livro, Mostly Harmless, ter ficado de fora; ele encerra a aventura do terráqueo Arthur Dent, que consegue escapar da terra no dia de sua destruição graças a um caroneiro extraterrestre, Ford Prefect, que casualmente é seu melhor amigo e trabalha para uma editora alienígena cujo maior best seller é um guia de viagem lido como se fosse uma bíblia, por todas as galáxias. Já o filme é uma produção Spyglass/Disney e tem estréia marcada para junho de 2005, nos EUA e terá John Malkovich em um dos papéis. Melhor ler antes.
Saiba mais em http://hitchhikers.movies.go.com/main.html ewww.douglasadams.com . (preço médio R$ 19,00)
Donaldo Schüler reinterpreta o grego Esopo, em seuRefabular (Editora Lamparina, 163 páginas – R$ 35,00 ). O gênero, que possui a idade da fala, surgiu na Índia, China e Pérsia, tendo encontrado sua reinvenção na Grécia e dela partiu para o imaginário ocidental. Neste livro, Schüler não presta homenagens, mas reescreve o gênero a partir de sua visão particular e até mesmo iconoclasta com relação aos seus antecessores.
lamparina@lamparina.com.br
Gilson de Almeida Pereira lança Limites e Afetividade(Editora Ulbra, 153 páginas – R$ 35,00). Obra voltada para educadores e trata das questões que titulam o livro. A obra é resultado da tese de mestrado sobre o assunto. O autor é pedagogo, psicopedagogo e especialista em orientação educacional e mestre em Educação pela PUCRS. A publicação conta também com belas ilustrações de Rose Gaiewski.
www.editoradaulbra.com.br
Em A memória das Coisas – Ensaios de literatura, cinema e artes plásticas (Editora Lamparina, 154 paginas – R$ 22,00), Maria Esther Maciel, que é autora de vários ensaios sobre Borges invoca um de seus contos célebres, Funes, o Memorioso, para estabelecer conexões deste com Peter Greenaway, o cineasta, e com o artista plástico Arthur Bispo do Rosário. A autora é professora de Teoria da Literatura da Universidade Federal de Minas Gerais.
lamparina@lamparina.com.br
Este trabalho do professor Francisco Rüdiger, da UFRGS, é exatamente o que diz o seu título, uma Introdução às Teorias da Cibercultura (Sulina, 151 páginas – R$ 22,00. O livro procura trazer à luz as mais diversas teorias sobre o tema. Além de salientar as diferenças, o autor propõe uma visão crítica e alternativas ao aprofundamento das questões.
www.editorasulina.com.br
Educação Matemática – Pesquisa em movimento(Cortez Editora, 318 páginas – R$ 34,00), organizado porMaria Aparecida Viggiani Bicudo e Marcelo de Carvalho Borba, é uma coletânea de textos de pesquisadores da Unesp versando sobre a importância da produção de conhecimento no âmbito da matemática e também de como proceder pesquisas na área.www.cortezeditora.com.br