CULTURA

Literatura no olho da rua

César Fraga / Publicado em 22 de setembro de 2004

Na Tábua, uma iniciativa que junta imagens e literatura, é muito bem-vinda, no sentido de expor em espaços públicos peças literárias curtas e ilustrações, à disposição tanto de leitores quanto de leitores em potencial. Trata-se de cartazes em formato duplo-ofício, com edição mensal, contendo contos curto, na parte superior e desenhos na parte inferior. A impressão é em preto e branco e as obras estão sendo afixadas em livrarias, cafés e espaços culturais. Inicialmente os idealizadores do projeto, que agora já é fato, optaram por começar por cinco capitais. São elas: Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte, o que, segundo eles, não impede que, havendo interesse pelo trabalho, eles sigam para outras localidades. A idéia partiu dos gaúchos Paulo Scott, escritor (autor dos livros Ainda orangotangos, da Livros do Mal, 2003, e Histórias curtas para domesticar as paixões dos anjos e atenuar os sofrimentos dos monstros, Sulina, 2001) e Fábio Zimbres, artista gráfico (editor, cartunista e ilustrador; Revista Animal, Edições Mini-Tonto, Caderno Ilustrada de A Folha de São Paulo).

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A cada mês, três autores terão suas obras publicadas nesse formato. A estréia foi com textos de Paulo Scott, Luiz Ruffato e Daniel Galera, com os desenhos de Fábio Zimbres. A edição de setembro trará textos de Marçal Aquino e André Kzarnobai, o Cardoso, do cardosoonline. O lançamento foi em São Paulo, no dia 5 de agosto, e tem gerado comentários positivos na grande imprensa e nas publicações especializadas. Inclusive, por certa ironia ou desinformação, a imprensa porto-alegrense só se interessou pela iniciativa e pelo evento que o originou (Póquet: Ruído e Literatura – espécie de sarau literário, cujos cartazes contendo os textos eram disputados pelo público após seu encerramento) após o projeto ter ganhado a capa da Ilustrada, o caderno de cultura de A Folha de São Paulo.

Essencialmente o Na Tábua coloca na rua textos de uma nova geração de autores brasileiros, alguns rotulados ou auto-rotulados como malditos, com algumas exceções óbvias que podem ser conferidas na lista a seguir. Já estão confirmadas as participações dos escritores Luiz Fernando Verissimo, Daniel Pellizzari, Sérgio Sant´Anna, Cíntia Moscovich, Marcelino Freire, Clarah Averbuck, Joca Terron, Ivana Leite, Sérgio Fantini, Gilson Vargas, Fabrício Carpinejar, Cecília Giannetti, Frank Jorge, Ronaldo Bressane; Tony Monti; e dos desenhistas Angeli, Adão Iturrusgarai, Alemão Guazzelli, Guilherme Pilla, Emerson Pingarilho, Carlos Ferreira, Rodrigo Rosa. Ao todo, serão realizadas 30 edições ao longo de dois anos. Depois disso, virarão um álbum de luxo a ser publicado ao mesmo tempo no Brasil e na Espanha, possivelmente com o apoio da editora espanhola Mediavaca. A idéia básica defendida pelos organizadores é, além da satisfação da coisa em si, a possibilidade de misturar meios, porém com um cuidado artesanal. Eles dizem não querer ficar na contramão das publicações eletrônicas; querem existir como uma alternativa para a veiculação dos novos nomes e estilos, tanto literários como de ilustração.

Manual de sobrevivência
O professor Pedrinho Guareschi, Ph.D em Sociologia e Comunicação, lança Psicologia social e crítica como prática de libertação (Edipucrs, 139 páginas em co-edição com o jornal Mundo Jovem). Para Frei Betto, que assina a apresentação, o livro é um “manual de sobrevivência neste mundo globocolonizado”. É característica do autor a utilização de linguagem acessível, mesmo para leigos. Trata-se de uma continuação da obraSociologia Crítica (Edipucrs), de Guareschi, que já se encontra em sua 55ª edição. Como no trabalho anterior, o novo livro trata de discutir temas relativos às diversas ciências humanas: como Filosofia, Educação, Sociologia, Comunicação e Psicologia, de forma transdisciplinar.
Informações: mundojovem@pucrs.br

Vida e morte
Como resultado de uma pesquisa feita pelo ator, bonequeiro e cenógrafo gaúcho Paulo Balardim, pelo Institut International de La Marionette (França), surgiu o livro Relações de vida e morte no teatro de animação(edição do autor, 123 páginas), que contou com financiamento do Fumproarte, de Porto Alegre. A obra se concentra no estudo sobre teatro de animação em dois momentos distintos, o da pesquisa tópica e o da prática na manipulação de objetos e bonecos.
balardim@ig.com.br

Educação e tecnologia
É crescente o número de obras e coletâneas de textos versando sobre novas tecnologias de comunicação.Educação e novas tecnologias: esperança ou incerteza(editora Cortez/Unesco/IIEP, 255 páginas) vem para somar esforços neste sentido e concentrar as abordagens nos aspectos da tecnologia que dizem respeito ao universo escolar. A obra defende a tese de que é preciso cada vez mais capacitação de profissionais e da escola para que se possa lidar com os fluxos de informação crescentes da sociedade contemporânea. Os textos foram organizados por Juan Carlos Tedesco.
cortez@cortezeditora.com.br

Ciências Sociais
Dois lançamentos da editora Vozes devem interessar os profissionais da área de Ciências Sociais: o Manual de análise do discurso em Ciências Sociais (311 páginas), coordenado por Lupicínio Iñiguez (da Universidade Autônoma de Barcelona/Espanha); e o Manual de pesquisa social, do doutor em sociologia Raúl Rojas Soriano (Universidade Nacional Autônoma do México).
www.vozes.com.br

Getúlio, o romance
O cinqüentenário do suicídio de Getúlio Vargas, apesar de ter ocupado os editoriais e amplo espaço na mídia, está longe de encerrar debates sobre o maior ditador e estadista brasileiro da breve história da nossa República.Getúlio, de Juremir Machado da Silva (Editora Record, 430 páginas), é baseado em farta pesquisa e procura mostrar Vargas na intimidade da solidão do poder. Para Juremir, os grandes não têm currículos, somente biografia. O destino de Getúlio seria o Romance. O autor é coordenador de pós- graduação em comunicação da PUCRS, romancista, ensaísta, tradutor, jornalista e professor universitário.www.record.com.br

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