A Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) lança neste mês de julho, pela Editora Moderna, o livro A orquestra tintim por tintim (32 páginas), de autoria das professoras Liane Hentschke, Susana Kruger, Luciana Del Ben e Elisa Cunha, com ilustrações de Avelino Guedes, que são um atrativo à parte. O trabalho integra o programa de materiais didáticos do Projeto Ospa de Educação Musical Aplicada (Poema) em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), direcionado também para o grande público infantil e docente.
Os autores utilizam uma linguagem simples e de fácil assimilação para crianças a partir de 5 anos, mas também pode ser bastante instrutiva para adultos pouco familiarizados com o universo de uma orquestra, o que não é incomum. O livro, todo em papel cuchê, colorido, funciona como um guia sobre instrumentos de orquestra, seus papéis, noções básicas de música e de como se deve assistir a um concerto. Enfim, uma publicação rara não só em seu significado, mas também em sua finalidade: a de educar para a música. Chama a atenção pela simplicidade de informar o óbvio de forma sutil sem que o leitor jovem ou adulto se sinta um ignorante sobre o assunto, pelo contrário, busca despertar o interesse e a vontade de estar em um concerto. Desejo aguçado pelo CD que acompanha o livro, com execuções que sonorizam várias passagens do livro culminando com uma composição de Beethoven, regida pelo maestro Isaac Karabtchevsky – que também assina a orelha do livro.
Com uma tiragem inicial de 3 mil exemplares e preço de capa de R$ 25,90, a publicação apresenta também um suplemento didático para professores trabalharem em sala de aula. Livro, CD e suplemento pretendem suprir a carência deste tipo de material no sistema de ensino com o objetivo de formar novas platéias para a música erudita e colaborar no ensino das redes pública e privada. Leia a seguir entrevista com duas das autoras.
Extra Classe – Qual o principal objetivo do livro A orquestra tintim por tintim?
Elisa S. Cunha – O livro busca aproximar as crianças da orquestra, apresentando seus instrumentos, as funções do maestro, mostrando a partitura em linguagem acessível para crianças a partir de 5 anos.
EC – O livro é acompanhado por um CD. A escolha do repertório do disco cumpre algum objetivo didático?
Luciana Del Ben – O repertório tem como objetivo permitir que as crianças vivenciem música, complementando a leitura do livro de uma forma mais interativa. As faixas do CD trazem um repertório variado, incluindo arranjos de música folclórica e popular, trechos de música erudita (clássica) e composições dos próprios instrumentistas, o que, esperamos, poderá ampliar o universo musical das crianças.
EC – Também existe um suplemento para os professores trabalharem em aula. Como funciona esse material?
Luciana Del Ben – O suplemento apresenta alguns princípios que, acreditamos, poderão auxiliar os professores no trabalho com música em sala de aula. Há sugestões de atividades para introduzir o livro aos alunos, atividades para durante a leitura e depois da leitura, quando são apresentados dois projetos de ensino.
AS AUTORAS
Liane Hentschke é doutora em Educação Musical pela University of Lon-don e professora do Departamento de Música e do Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). É presidente (2004-2010) da International Society for Music Education – ISME.
Susana Ester Kruger é coordenadora dos Programas Educacionais da Orquestra Sinfônica de São Paulo (OSESP), fez mestrado em Educação Musical pela Ufrgs, é doutoranda em Educação na PUCSP.
Luciana Del Ben é doutora em Educação Musical pela Ufrgs e professora do Departamento de Música e do Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
Elisa da Silva e Cunha é doutoranda em Educação Musical na Ufrgs e professora na Feevale.
A imagem do verso
Hora de colher palavras – poesia e arte, de Zé Augustho Marques (editado pelo autor, 78 págs.) não é só um livro de poemas. Como diz o título, trata-se de poesia e arte, não que os termos sejam excludentes ou complementares, mas neste caso são somatórios. Pois a arte a que se refere é a visual, que acompanha suas palavras, e juntas passam a ter outro significado, o que também é arte. São 24 ilustrações realizadas por 24 artistas, uma para cada poema. Texto e imagens falam sozinhos e acompanhados. O autor utiliza o livro para prestar homenagem à artista plástica Ruth Schneider. Zé já foi elogiado pelos saudosos Plínio Marcos, dramaturgo, em 1997, e pelo historiador Décio Freitas, em 2000. Além disso, o poeta já foi consagrado com a Medalha Iberê Camargo – Casa do Poeta (2004), Destaque em poética (Secretaria de Cultura de São Paulo). O autor é membro permanente do College Art and Poetry of Ohyo (USA). Contato: jfalabrasil@terra.com.br
Novo mundo velho
Segundo o autor de Nômades de pedra – teoria da sociedade simbiogênica contada em prosas (Escritos Editora, 417 págs.), Gilson Lima, vivemos numa era de profundas mudanças. Porém, a sociedade científica e tecnológica teria mudado a vida e a inserção da humanidade na natureza e no próprio processo de evolução genética, mas não teria modificado a forma de pensar. Ou seja, as instituições, as escolas, universidades, Estados, sistemas de mercado e as formas de acessar a renda social pelo trabalho continuam praticamente intactas desde a Renascença. Gilson Lima é pesquisador, escritor, doutor em Sociologia Contemporânea e mestre em Ciência Política. Outros textos do autor sobre a teoria simbiogênica da sociedade podem ser conferidos através do site www.pegasuonline.com.br. Contato com a editora escritos@escritos.com.br.
Pensamento de Icleia
O volume 3 da Coleção Pensamento Crítico da Funarte, intitulado Icleia Cattani, organizado por Agnaldo Farias, traz textos da própria Icleia sobre Tarsila do Amaral, pintura modernista, arte em tempo de globalização e questões atuais da crítica, dentre outros temas ligados às artes visuais. Icleia tem um longo currículo de serviços prestados ao ensino e teoria da arte. É professora titular de História e Teoria Crítica da Arte no Departamento e no PPG em Artes Visuais da Ufrgs, doutora em História da Arte Contemporânea, pós-doutora em Filosofia da Arte e recebeu o prêmio de Pesquisa – Artes Fapergs em1999. Trata-se de uma boa oportunidade de conhecer parte do pensamento da intelectual em uma única obra.
Didática da complexidade
Em Didática sob a ótica do pensamento complexo (Sulina, 125 págs.), Akiko Santos faz uma análise das contradições estabelecidas entre a racionalidade científica da didática tradicional e as idéias de Edgar Morin. De acordo com o especialista em Educação, e filósofo, José Carlos Libâneo, o livro oferece aos professores uma oportunidade de reavaliar idéias e práticas ao aprender a ver as coisas em sua complexidade e conjunto sem separar teoria e prática, razão e emoção, indivíduo e ambiente, biologia e cultura.