CULTURA

Peça de Loyola Brandão estará no Em Cena

Paulo César Teixeira / Publicado em 4 de setembro de 2005

Logo após a morte de Josué Guimarães, em 1986, Ignácio de Loyola Brandão transformou-se em um dos principais incentivadores da Jornada de Literatura de Passo Fundo, divulgando o evento entre os escritores e na mídia do centro do país. “Ele vestiu literalmente a camiseta da Jornada, com a frase ‘Literatura no peito’”, lembra a coordenadora do grande encontro literário, Tânia Rösing. Mais do que isso, Loyola foi indicado “embaixador das Jornadas Literárias”, a partir de 1988, função que exerce até hoje com o maior orgulho. Paulista de Araraquara, Loyola é um dos nomes mais representativos de uma geração de romancistas e contistas brasileiros que utilizou a escrita como arma política contra a ditadura militar. “Eu achava que minha literatura podia modificar cabeças, pôr armas nas mãos das pessoas”, afirmou. Zero, romance proibido pelo governo militar e publicado inicialmente na Itália, é um marco dessa literatura de guerrilha. Não verás país nenhum, de 1984, ganhou o prêmio de melhor livro latino-americano do Instituto Ítalo-latino-americano, de Roma. Em 2000, Loyola recebeu o prêmio Jabuti por O homem que odiava a segunda-feira. Nesta entrevista concedida ao Extra Classe, durante a Jornada Nacional de Literatura, ele retoma a história da Jornada e fala sobre os escritores homenageados nesta edição do evento. Ele também aproveita para falar do novo livro A última viagem de Borges – uma evocação (Editora Global, 192 páginas).

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Foto: Tânia Meinerz

Foto: Tânia Meinerz

Extra Classe – O senhor está lançando um novo livro?
Loyola
– Estou lançando A última viagem de Borges, texto de minha primeira peça teatral (N.R.: estreou no primeiro semestre do ano em São Paulo, com direção de Sérgio Ferrara, apresentando no elenco Luiz Damasceno, Flávia Pucci e Marco Antônio Pâmio, entre outros). Conta a trajetória de Jorge Luis Borges. Descobri o caminho da história ao lembrar do filme Oito e meio, de Fellini, que narra o bloqueio na criação de um diretor de cinema. No caso de Borges, esse bloqueio representou a perda da palavra e da memória. A peça vai estar no Porto Alegre Em Cena, em setembro. O livro chega junto comigo em Passo Fundo. É a primeira edição. No mais, estou vivendo um período de entressafra. Ainda não tenho nada em vista para o futuro

EC – A edição deste ano da Jornada de Literatura prestou homenagens a Cervantes e ao bicentenário de Hans Christian Andersen. Qual a importância de suas obras?
Loyola
– Basta dizer que Cervantes é o pai do romance moderno. Ele escreveu, há 400 anos, um romance que é mais moderno que muitos livros escritos em 2005. Formatou o romance moderno antes mesmo que esse gênero literário existisse. Andersen é o pai da nossa fantasia. Ele nos amedrontou muito com suas histórias terríveis, às vezes trágicas. Despertou o nosso imaginário. Grande parte dos escritores atuais tem sua fonte de inspiração nas histórias de Andersen.

EC – Erico Verissimo, outro homenageado na 11ª Jornada, é um escritor que, até hoje, sofre restrições de parte da crítica. O senhor acredita que a obra do romancista gaúcho tem o reconhecimento que merece?
Loyola
– Erico está no pódio da literatura brasileira, ao lado de nomes como Machado de Assis e Graciliano Ramos. Poucos romancistas escreveram uma obra com a grandeza de O tempo e o vento. É um sonho meu um dia escrever algo parecido, épico, uma saga como o grande romance de Erico.

Claudia Stern em livro
O processo criativo da escultora Claudia Stern agora pode ser compartilhado com o público: Sob o véu transparente – recortes do processo criativo com Claudia Stern (Território das Artes Editora), que tem como autores a arte-educadora Emília Viero e os psicanalistas Jaime Betts e Lenira Balbueno Fleck, em que desvendam o universo da artista num diálogo entre arte e psicanálise. A obra dá início à Coleção Arte & Psicanálise, patrocinada pelas empresas Randon através da Lei do Mecenato do Ministério da Cultura (Lei Rouanet). A idéia de fazer o livro tem origem no projeto Happy Hour Cultural do Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli (Margs), que há quatro anos vem promovendo o encontro entre artistas plásticos e apreciadores de arte.

Neste livro, Claudia Stern abre seu ateliê, mostra suas obras e revela sua alma. A artista porto-alegrense vem desenvolvendo sua trajetória com inúmeras obras públicas e tem participado de exposições no Brasil e no Exterior como a British Art Affair (Londres), Salon des Nations (Paris) e o VII Circuito Internacional de Arte Brasileira. Entre várias premiações, recebeu o 1° prêmio no Simpósio Internacional de Escultura em San Juan, Porto Rico.

Ginástica laboral
Ginástica laboral (Editora Unisinos, 130 páginas), de Ana Maria S. Pressi e Cláudia Tarragô Candotti, é voltado para profissionais das áreas biomédicas e para todos os que atuam em áreas que fazem interface com a saúde das pessoas que trabalham. No livro, podem ser encontrados elementos que servirão para orientar as pessoas que passam por seus cuidados. Mas, é possível arriscar que também será leitura interessante para os trabalhadores em geral e, em particular, àqueles que desenvolvem tarefas repetitivas, causadoras de desconforto físico. O livro apresenta orientações precisas e uma série de exercícios que contribuirão para uma vida menos dolorida.

Infantil
A Coleção Navegar, da editora Cortês, apresenta três novos títulos voltados para o público infantil. Dr. Clorofila contra o Rei Poluidor, de Márcio Sampaio e ilustrações de Sandra Bianchi; A chata daquela gorda, de Regina Drummond, com ilustrações de Salmo Dansa; e Uma aventura na casa azul, de Marciano Vasques, com ilustrações de Lúcia Hiratsuka. Os livros tratam de ecologia, preconceito e ficção científica respectivamente.

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