O professor de Comunicação e Semiótica na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, e de cinema, rádio e TV na USP, Arlindo Machado, reuniu em seu mais recente livro, Os anos de chumbo – Mídia, poética e ideologia no período de resistência ao autoritarismo militar (Editora Sulina, 310 páginas), seus textos que foram produzidos durante o regime militar no Brasil, mais precisamente entre 1968 e 1985. Dito assim pode parecer uma coleção de textos datados. Ledo engano. Ele recupera temas considerados marginais do período: o rádio, o cinema conceitual, televisão e metalinguagem e estabelece ligações (links) com problemas atuais, como as novas formas de pensamento para além da forma escrita e a internet, por exemplo.
Em recente entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Machado cita uma matéria da revista Wired, americana, que afirma ter sido o rádio, no passado, o que é a internet hoje. Ele explica que um sujeito comprava o rádio, que era transmissor e receptor e, ao comprá-lo, adquiria também uma faixa de onda que era dele – que seria como se fosse o endereço de e-mail ou sua página pessoal. E o rádio tinha, no início, um sistema de rede, pois seu alcance era limitado. Se alguém quisesse atingir uma região além do seu alcance, enviava a mensagem para uma pessoa específica, que a retransmitia, e assim por diante. Que é mais ou menos como funciona a internet. O rádio funcionou assim, durante todo um primeiro período. Só que chegou um momento em que a transmissão foi separada da recepção. Esse artigo colocava a questão: será que isso não poderia acontecer com a internet também?
Para Arlindo Machado, a web está ameaçada pela censura e cada vez mais surgem discursos conservadores com respeito à internet. O fato de haver muita pornografia, pedofilia, o uso da internet por grupos terroristas serve de munição para os setores mais conservadores dizerem que ela precisa ser controlada. Em algum momento, isso poderá ser um pretexto para que certos consórcios internacionais intervenham e retirem a possibilidade de você ser um receptor e um transmissor. Existe o precedente do rádio – “a história não necessariamente precisa se repetir, mas é preciso estar atento”, diz.
O autor é doutor em Comunicação e Semiótica pela PUCSP. Foi crítico de fotografia e vídeo da Folha de S.Paulo e curador de diversas exposições de arte e tecnologia no Brasil e exterior. Em 1995 recebeu o Prêmio Nacional de Fotografia da Funarte.
TRÊS LANÇAMENTOS
A Editora Universitária da PUCRS está lançando três obras em áreas diversas:
Psicologia e educação – O significado do aprender (230 páginas). Podendo ser considerado como um livro-texto, a obra, apresentada em oito capítulos, descreve o processo de aprendizagem sob os enfoques educacional e psicológico. Teorias de Piaget, Vygotsky, Carl Rogers e de outros estudiosos são abordadas nesta obra organizada por Jorge La Rosa.
Com as mudanças transcorridas em nossa sociedade, aprofundar o campo do conhecimento ético tornou-se uma necessidade. Pensando nisso, Jovino Pizzi descreve em Ética e éticas aplicadas – A reconfi-guração do âmbito moral (163 páginas) questões relativas à bioética, à ética empresarial e das organizações, à ética econômica, dos meios de comunicação, profissional e às éticas que promovem reflexões sobre os fenômenos centrais da vida.
O jornalista e historiador Marco Antônio Villalobos traça um perfil sobre o Uruguai democrático, com alto índice de bem-estar social e estabilidade política até a sombria realidade de nação amordaçada por um brutal regime de ditadura em Tiranos, Tremei! Ditadura e resistência popular no Uruguai (1968 – 1985) (276 páginas). Questões como o envolvimento do Brasil no golpe e a repercussão internacional do jornal Mayoría editado por exilados uruguaios também são tratadas nesta obra.
SEM FADAS
Produto de uma parceria entre a Agência Livre para Informação, Cidadania e Educação (Alice) e o Grupo Renascer de Terceira Idade, de Bagé, o livro Contos sem fadas – Retalhos de memória (Tomo Editorial, 111 páginas), organizado por Rosina Duarte, reúne histórias divertidas, impactantes e emocionantes contadas por um grupo de mulheres. A maioria das histórias cobre as cinco primeiras décadas do século XX, apresentando uma visão feminina sobre uma sociedade que deu a palavra aos homens.
A FUGA DOS ESCRAVOS
Buscando a liberdade – As fugas de escravos da província de São Pedro para o além-fronteira (1815 – 1851) (UPF editora, 151 páginas). O mundo dos escravos do Rio Grande do Sul é desvendado nessa obra de Silmei de Sant’Ana Petiz. Como recorte temporal, o autor escolheu a primeira metade do século XIX, e, como espaço de análise, a região da fronteira, analisando o comportamento de escravos e seus senhores em relação às fugas além das fronteiras. Seu olhar abrange os momentos de revolta, envolvendo a resistência na busca de direitos.
CURRÍCULO ANALISADO
A análise de currículo é o tema de Políticas de currículo em múltiplos contextos (Cortez Editora, 272 páginas). Organizado por Alice Casimiro Lopes e Elizabeth Macedo, o sétimo volume da Série Cultura, Memória e Currículo discute as múltiplas diretrizes e algumas propostas oficiais de currículo que foram construídas nos últimos anos. O conjunto de artigos apresenta diferentes perspectivas teóricas de análise de políticas de currículo.
TEORIAS MORAIS
Organizada em três partes, a obra Moral e Direito – Kant versus Hegel (Editora IFIBE, 109 páginas) aborda o formalismo na moral, com ênfase nas teorias morais de Immanuel Kant (1724 – 1894) e de George Wilhelm Friederich Hegel (1770 – 1831). Através da reinterpretação dos principais argumentos dos sistemas kantiano e hegeliano, o autor analisa suas influências para o desenvolvimento de uma teoria moral ou jurídica.
CARTOGRAFIA
A alfabetização espacial é o tema de Brincar e cartografar com os diferentes mundos geográficos: a alfabetização espacial (Edipucrs, 126 páginas). Os autores Antonio Carlos Castrogiovanni e Roselane Zardan Costella abordam na obra novas formas de ensino da espaciologia, propondo uma contextualização do conhecimento em estabelecimentos de ensino. Apresenta uma concepção diferenciada da interpretação cartográfica, com experiências que encaminham para a leitura crítica do espaço.