O primeiro baile não se esquece. Aconteceu em um distante maio de 1953. Ressoam os acordes com fino trato e profissionalismo executados por Norberto Baldauf e seu Conjunto. Afinal, literalmente gerações passadas pelo Salão da Reitoria (da Ufrgs) começaram, aprenderam e ensinaram a dançar ao ritmo desse grupo. Uma história que foi muito além de um fim de baile. Correu o Brasil e o mundo, seja pelas ondas das grandes rádios do momento – Farroupilha, Gaúcha e Guaíba – , seja nos sulcos de um long-play daqueles tempos de laquê e lambreta. E, quando não dava para ficar, pelo menos se tirava uma casquinha, como consta das entrelinhas do prefácio de Renato Pereira.
Porém, nem só de clima para alguns amassos vivia o grupo de Baldauf. O conjunto gravou discos, desde os 78rpm aos LPs – foi de um desses muitos discos que saiu o nome do livro. O conjunto melódico criou escolas, surgiram clones, covers e afins.
Foto: Acervo Victor Canella/ Reprodução
Também houve momentos em que o grupo dividia o palco com nomes que, no futuro, fariam a história da própria Música Popular Brasileira. Para se ter uma idéia, à época em que João Gilberto passou uma temporada em Porto Alegre, fez algumas das suas e, de lambuja, ganhou um violão de Raul Lima, o homem da guitarra do conjunto.
Outra que também teve seu momento ao lado do Baldauf e Cia. foi ninguém menos do que a então jovem Elis Regina durante uma breve excursão, nos idos de 1960.
Ao longo das 131 páginas do livro ricamente ilustrado, fica bem demonstrado o quanto Norberto Baldauf e seu Conjunto souberam lançar mão de todas as mídias da sua é poca – discos, rádio, revistas e a televisão para levar adiante seu renomado e justificado talento.
PESQUISA – Um trabalho que é o resultado de quatro anos de pesquisa do jornalista, publicitário e diplomado pelo Instituto de Artes da Ufrgs, Marcello Campos. “Em 2001, prestes a me formar em Jornalismo pela Famecos/PUCRS, tive que escolher um assunto para a disciplina de Estágio em Reportagem Especial. Como sou interessado por música e pelo passado sociocultural de Porto Alegre, resolvi combinar esses dois prazeres, escrevendo sobre o Conjunto Melódico Norberto Baldauf, do qual sempre ouvia falar, mas pouco sabia”, detalha o autor.
O texto é agradável e em um clima que recupera uma parte da história da cidade e do Estado, onde muita gente boa um dia – ou uma noite – dançou e
sonhou juntinho.