Canal reúne filmes nacionais de 1908 a 2015
Mais de um terço do que foi produzido pelo cinema brasileiro ao longo de um século está reunido no canal da Cinemateca Popular Brasileira no Youtube desde junho de 2014. São mais de 1,5 mil filmes e documentários reunidos em um único espaço, configurando-se em fonte de pesquisas e entretenimento. A organização do acervo permite o recorte de períodos históricos da realidade do país, a exemplo de filmes que abordam a ditadura militar ou as revoltas regionais e fenômenos como o cangaço, que podem ser assistidos como subsídios para o debate em sala de aula, pesquisas e trabalhos escolares – além da própria história e memória do cinema brasileiro.
O canal da Cinemateca é organizado pelo coletivo Armazém da Memória e já contabiliza mais de 17,5 mil visualizações em quase dois anos de existência. “O Armazém Memória é uma iniciativa de articulação e construção coletiva que visa colaborar para o desenvolvimento de políticas públicas que possam garantir ao cidadão brasileiro o acesso à sua memória histórica”, acrescenta o coordenador do projeto, Marcelo Zelic.
Imagem: Reprodução
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“Acervo da Cinemateca no Youtube oferece acesso livre a 1,5 mil títulos da cinematografia brasileira”.
No www.bit.ly/cinematecapopular é possível encontrar clássicos, raridades e filmes produzidos recentemente, todos nacionais, dispo- níveis na íntegra e de forma gratuita. O acervo equivale a 35% do total de filmes produzidos no país desde 1908. Mensalmente, os colaboradores catalogam vídeos de domínio público já publicados na rede e criam uma classificação organiza- da por ano, gênero, diretor e coletâneas, formando mais de 500 listas de reprodução de vídeos. A organização é baseada no Dicionário de Filmes Brasileiros, de Antônio Leão da Silva Neto, que reúne as obras de 1908 a 2002, e os catálogos da Ancine, de 2002 a 2013.
O filme mais antigo disponível na Cinemateca Popular é o curta-metragem mudo Os Óculos do Vovô, de 1913, com direção de Francisco Santos. Com pouco mais de 4 minutos, conta a história de um me- nino que, por brincadeira, resolve pintar os óculos do avô enquanto ele dorme. Ao acordar, o avô leva um susto diante da cegueira imaginada, criando uma série de confusões dentro de casa. Obras como o musical de Adhemar Gonzaga, Alô, Alô, Carnaval (1935); a comédia Barnabé, Tu És Meu…, de José Carlos Burle (1951), com Oscarito e Grande Otelo; O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, com Leonardo Villar e Glória Menezes, ganhador da Palma de Ouro em Cannes 1962, estão disponíveis no catálogo de filmes ao lado de produções recentes como Abril Despedaçado (2001), de Walter Salles, e Boa Sorte (2014), de Carolina Jabor.