CULTURA

Costurando retalhos e alfabetizando os pequenos

Por Grazieli Gotardo / Publicado em 11 de maio de 2017

Em uma fase estressante de sua vida, Adelene Scheid Wolmeister, professora no Colégio Bom Jesus São Miguel, de Arroio do Meio, descobriu no artesanato uma forma de relaxar. Tudo começou há oito anos em um curso de patchwork (técnica de costura de retalhos) como uma espécie de terapia, inicialmente. “Em vez de procurar um psicólogo, procurei algo que me desse prazer em fazer, e o artesanato se tornou minha terapia. Começar a fazer uma atividade manual foi bom em todos os aspectos, parece que a gente se sente mais livre, permite ousar e criar”, afirma.

Foto: arquivo pessoal

Foto: arquivo pessoal

Adelene leciona há 31 anos e tem uma ligação pessoal e profissional com a escola que trabalha. Foi lá também que estudou quando criança, depois fez estágio e  atua até hoje. Formada em Magistério e em Letras, pela Univates, de Lajeado, é professora do primeiro ano do ensino fundamental e sempre gostou de atuar nesse nível de ensino como alfabetizadora. “No início da carreira até dei aula para os mais velhos, mas os pequenos são meu chão, é onde me realizo”, afirma.

A partir do curso de patchwork, feito na sua cidade, e que frequenta até hoje para troca de informações com outras artesãs, ela foi aperfeiçoando seus trabalhos manuais de forma autodidata. “Minha cidade é pequena e para fazer outros cursos teria que sair, então busquei tutoriais em vídeo na internet e fui aprendendo tudo, novas técnicas e melhorias no que já sabia”, conta. Os primeiros a ganhar com as habilidades da professora foram os próprios alunos, pois ela começou a aplicar o que sabia em sala de aula para fazer cartazes e material de apoio pedagógico.

Aos poucos, os colegas e família começaram a encomendar trabalhos e, em um Natal, depois de fazer um Papai Noel que chamou a atenção de todos, se viu cheia de encomendas e descobriu no trabalho que lhe dá tanto prazer uma forma de renda complementar. “Continuo priorizando a escola, que eu amo de paixão. O artesanato eu faço nos momentos em que não estou planejando aulas. Mas já visualizo como fonte de renda quando eu me aposentar. Agora trabalho sem pressão, pois tenho muita atividade na escola”, explica.

Conciliar as 25 horas-aula semanais com o artesanato não é problema para Adelene. “Isso veio para preencher, colaborar com o que eu já gosto e me motivar mais ainda na sala de aula. Não consigo me ver sem nem uma, nem outra”. Entre os trabalhos que faz estão trilhos de mesa, bolsas, jogo americano, nécessaire e sua grande paixão, os bonecos.

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