Onde ficarão restos mortais do ditador Franco?
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A família de Franco manifestou o interesse de sepultar o caudilho em túmulo na cripta da catedral de La Almudena, em Madri. O governo, apesar de registrar que a acomodação dos restos de Franco, devam se dar com toda a dignidade, afirma que o local não deve correr o risco de se tornar novamente um lugar de tributo ao período fascista que governou a Espanha. Para isso, o executivo invoca a Lei da Memória Histórica que retirou de todo o país placas, monumentos, nomes de ruas e avenidas que exaltam os vencedores da Guerra Civil Espanhola.
Conforme o diário El Pais, para a vice-primeira-ministra da Espanha, Carmen Calvo, La Almudena “não é propriedade privada” e, referindo-se a recente reunião com o secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, é da responsabilidade da Igreja Católica e do Estado, através do poder executivo, “garantir em todo o território espanhol que Franco não seja exaltado”.
A afirmação de Carmen Calvo gerou uma reação inusitada da Santa Sé, que não costuma fornecer informações sobre suas reuniões diplomáticas. Um comunicado oficial do Vaticano mostrou claramente a vontade da Igreja não ser usada politicamente no conflito. “O cardeal Pietro Parolin não se opõe a exumação de Francisco Franco”, mas, registra ainda o comunicado, em nenhum momento ele falou sobre o lugar do enterro. Em sintonia com o Vaticano, o arcebispado de Madri, reafirma a posição de que é o Estado e a família de Franco que devem encontrar uma solução para o imbróglio, informando que não fez nenhum contato com o governo ou com a família para tratar do enterro.
Foto: Pinterest
Mesmo com a reação incomum da Igreja, o governo pretende terminar o processo de exumação do ditador antes do final do ano. E, apesar do ruído na comunicação com a Santa Sé, está convencido de que tem o apoio da Igreja para seguir em frente.
Concretamente, nem o governo nem a Santa Sé, estão interessados em Franco em La Almudena, mas a discussão básica é saber quem assume o custo da decisão.
Francisco Franco governou a Espanha de 1939 até sua morte, em 1975. A imponente basílica onde foi enterrado virou destino de peregrinação para simpatizantes do general e de grupos de extrema direita. O governo espanhol quer transformar memorial num local de reconciliação nacional.
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“É urgente porque estamos atrasados. Um ditador não pode ter um túmulo estatal em uma democracia consolidada como a espanhola, é incompatível”, disse a vice-primeira-ministra da Espanha, Carmen Calvo