CULTURA

Crise paralisa cinema nacional

Gestores da Ancine concorrem com o melhor do cinema pastelão e têm sua capacidade questionada pelo TCU
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 10 de maio de 2019
Em dezembrfo, a Agência Nacional do Cinema (Ancine), vinculada ao Ministério da Cultura, anunciou R$ 36,8 milhões no fomento a coproduções entre produtoras brasileiras e de outros países

Foto: MinC/ Divulgação

Em dezembro, a Agência Nacional do Cinema (Ancine), vinculada ao Ministério da Cultura, anunciou R$ 36,8 milhões no fomento a coproduções entre produtoras brasileiras e de outros países

Foto: MinC/ Divulgação

No ano que o Brasil bate um recorde histórico com nove filmes selecionados para o Festival de Cannes, que inicia no próximo dia 14, uma crise até hoje sem parâmetros toma conta da Agência Nacional do Cinema (Ancine). Em mais uma série de bate-cabeças que tem marcado o Brasil desde o início da gestão do presidente Jair Bolsonaro, em 18 de abril passado Christian de Castro, diretor-presidente da Ancine, suspendeu o repasse de verbas para a produção de filmes e séries nacionais.

Em meio ao pânico do setor, um jogo de empurra entre a agência e o Tribunal de Contas da União (TCU). Curiosamente, o próprio Castro apresentou na ocasião em que deu a ordem de paralisação total dos investimentos um embargo de declaração, espécie de pedido de esclarecimento sobre pontos “obscuros” de um acórdão do TCU publicado em março deste ano que, apontando irregularidades na prestação de contas da Ancine, determina a suspensão das atividades até a agência “provar sua capacidade de analisar contratos”.

A celeuma envolvendo o TCU e a Ancine adquire contornos surreais quando o Tribunal informa que o congelamento dos recursos partiu da própria Ancine e pediu que a Agência explique por que decidiu suspender os repasses. Diante do posicionamento do TCU, a Ancine informou não ter sido comunicada formalmente. Para a perplexidade de servidores e representantes do setor do audiovisual, a Ancine revelou que tem seus principais dirigentes fora do país.

Ao longo desse mês de maio, o diretor-presidente da Ancine, seu chefe de gabinete e os superintendentes de análise de mercado e de desenvolvimento econômico estão cumprindo “agendas internacionais marcadas com antecedência”, segundo informou a assessoria de imprensa da agência.

Patrocínio cortado

No meio da crise que está paralisando a indústria do audiovisual, o programa Cinema do Brasil, que tem o objetivo de divulgar a produção do país, foi seriamente ameaçado de não contar com o seu estande no Festival de Cannes. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) não renovou o contrato que patrocinava a presença do programa em Cannes desde 2006.

Para contornar o problema e fechar o orçamento, o programa Cinema do Brasil teve que passar o chapéu, fechando parcerias com empresas e sindicatos e vendendo cotas de R$ 500,00 que foram adquiridas pela SPCine da prefeitura de São Paulo e produtores.

Representarão o cinema brasileiro de 14 a 25 de maio em Cannes as seguintes produções: Sem seu sangue, de Alice Furtado; A memória que me contam, de Lúcia Murat; Rânia, de Roberta Marques; Angie, de Marcio Garcia; Pátio, de Aly Muritiba; Cara ou coroa, de Ugo Giorgetti; Elena, de Petra Costa; Cores, de Francisco Garcia e Confia em mim, de Michel Tikhomiroff.

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