Mostra No Horizonte Profundo entra em cartaz no Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo, em Pelotas
Foto: Vinícius Rodrigues
Será inaugurada nesta quarta, 22, no Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo, em Pelotas (Praça 7 de Julho, 180 – Centro), a exposição No Horizonte Profundo. A mostra evidencia a relação entre paisagem, tempo e deslocamento, aproximando as obras Entre o Parto e o Estrondo, de Ali do Espírito Santo; Deixar Para Trás, de Tainah Dadda; Obra em Derretimento, de Patrick Tedesco; e Metadesvio, do Grupo T.E.L.A, coordenado por Nicolas Beidacki (que também assina a curadoria da exposição), Laís Possamai e Daniel Dos Santos.
Segundo Beidacki (que recentemente assinou com Walter Karwatzki a curadoria da exposição Seleção Ecarta – Milton Kurtz, em Porto Alegre, e Para vir a ser o que sou, na Galeria de Arte Loide Schwambach, da Fundação Municipal de Artes de Montenegro) a ideia de No Horizonte Profundo partiu de uma investigação coletiva entre os artistas sobre o encaixe e o desencaixe dos mesmos com o Rio Grande do Sul, em especial com a cidade de Pelotas, que foi um lugar no qual todos residiram em algum momento de suas vidas.
Foto: Patrick Tedesco
O projeto, construído em 2019, queria dialogar com as questões que atravessam as temáticas de território, pertencimento, despedidas e o impacto da paisagem na formação poética dos sujeitos.
A ida para o interior, o encontro entre artistas do Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso, juntamente com a própria imersão numa cidade distinta para todos, proporcionou ao curador um olhar sobre as forças que residem no encontro das diferenças num mesmo espaço geográfico, a noção de uma cidade feita de encontros e desencontros, mas, principalmente, feita de um fluxo contínuo de sua identidade.
Assim, ao ler Nascer Leva Tempo (Editora Pubblicato), livro de Luís Rubira sobre as canções de Vitor Ramil, questões sobre o “pampa deserto”, “a estética do frio”, “dupla personalidade, dupla cidadania – brasilidade e platinidade”, ou o próprio mergulho na busca de “fazer do lugar uma fonte de criação”, foram entrelaçando a ideia sobre esse “Horizonte Profundo” que aparece nas fotografias, nas performances, na arte experimental com a paisagem, mas que acaba por viver sempre na memória, no sentimento sobre partir e regressar, dizer adeus ou pedir permissão para residir, conviver e “ser o que se é”.
Na etapa final do projeto, em 2021, dois anos depois de sua idealização, muitas coisas mudaram na proposta, já que a pandemia impediu o encontro, mudando o presencial para as plataformas virtuais, e as obras estarão disponíveis nas redes sociais do Museu, do curador e dos artistas para construir uma rede segura que aborde os questionamentos acerca da produção dos trabalhos.
Portanto, o que se iniciou como um projeto que buscava dialogar com a performance e com a fotografia (sob o nome de FotoTerritório) passa
Foto: Helena Farhat
a se reconhecer como algo além: o adentrar nas questões que mesclam contemporaneidade, regionalismos, identidades, fraturas do tempo, solidão e o ensaio de aprender sempre a dizer adeus, olhar o horizonte e caminhar.
“É irônico e belo a forma que esse pensamento de embate, dicotomia, ruptura, abandono e assimilação entre o contemporâneo e o regionalista se realizam numa exposição que inaugura exatamente na semana do 20 de setembro, algo que deve ser sempre revisitado, questionado e compreendido pelos olhares generosos e críticos do futuro”, pontua Beidacki.
Fruto do Edital Procultura Pelotas – 2019, No Horizonte Profundo também foi selecionada para fazer parte da programação nacional da XV Primavera dos Museus, que acontece entre 20 e 26 de setembro, e contará com um projeto educativo que vai contemplar cinco escolas do município: Félix da Cunha, Escola Sesi, IEE Assis Brasil, Colégio Municipal Pelotense e Escola Municipal Osvaldo Cruz, além de um catálogo com imagens e textos produzido pela Editora Pubblicato.