Lula assina e entrega diploma do Prêmio Camões a Chico Buarque
Foto: Ricardo Stuckert / PR
Em cerimônia de entrega do Prêmio Camões a Chico Buarque, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, destacou a importância da obra do artista para contar com poesia as relações entre Brasil e Portugal e usar a língua portuguesa como instrumento de disseminação da cultura e das lutas do Brasil.
“Chico transformou em patrimônio literário comum os amores de nossos povos, as alegrias de nossos carnavais, as belezas de nossos fados e sambas, as lutas obstinadas de nossas cidadãs e cidadãos pela conquista da liberdade e da democracia”, destacou.
Em pronunciamento, Lula acrescentou que “Chico transformou em patrimônio literário comum os amores de nossos povos, as alegrias de nossos carnavais, as belezas de nossos fados e sambas, as lutas obstinadas de nossas cidadãs e cidadãos pela conquista da liberdade e da democracia”.
Ao lado do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza, e do primeiro-ministro de Portugal, António Costa, além de outras autoridades e do homenageado, o presidente brasileiro se disse feliz em corrigir um dos absurdos cometidos contra a cultura brasileira, que foi o fato de Chico Buarque ter sido contemplado com o prêmio há quatro anos, mas não o ter recebido por descaso da gestão anterior com a cultura e os artistas nacionais.
Segundo Lula, o ataque à cultura, em todas as suas formas, foi uma dimensão do projeto que a extrema direita tentou implementar no Brasil. “Se hoje estamos aqui para fazer esse gesto de reparação e celebração da obra do Chico, é porque a democracia venceu no Brasil”.
O presidente lembrou ainda que o obscurantismo e a negação das artes também foram marca do totalitarismo e das ditaduras que censuraram o próprio Chico Buarque no Brasil e em Portugal. “Esse prêmio é uma resposta do talento contra a censura, do engenho contra a força bruta”.
Em discurso anterior ao do presidente brasileiro, Marcelo Rebelo de Souza se referiu ao artista como parte integrante do patrimônio comum dos países de língua portuguesa, e disse que a escolha de premiar Chico não precisaria ser fundamentada por nenhuma decisão, já que ela se impõe pelas evidências, acima de tudo poéticas, da obra do artista.
“Chico esperou quatro anos para receber e nós esperamos quatro anos, como admiradores esperam os que admiram, como amigos esperam uns pelos outros”, disse Souza.
Emocionado, Chico afirmou que que valeu a pena esperar quatro anos para receber o diploma referente ao Camões, no dia em que Portugal celebra o fim da ditadura. Segundo ele, os quatro anos pareceram uma eternidade com o Brasil gerido por “um governo funesto em que o tempo parecia andar para trás”.
“Aquele governo foi derrotado nas urnas, mas nem por isso podemos nos distrair, pois a ameaça fascista persiste no Brasil como um pouco por toda parte. Hoje, porém, nessa tarde de celebração reconforta-me lembrar que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma do meu prêmio Camões, deixando o seu espaço em branco para assinatura do nosso presidente Lula”, exaltou.
Chico Buarque disse receber o Camões menos como uma honraria pessoal, mas como um desagravo a tantos autores e artistas brasileiros humilhados e ofendidos nos últimos anos de “estupidez e obscurantismo”.