Rita Lee morre aos 75 anos
Foto: Nelson Di Rago/TV Globo/Reprodução
A cantora e compositora Rita Lee Jones morreu no final da noite de segunda-feira, 8, aos 75 anos. “Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no final da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou”, informou a família em comunicado na página oficial da cantora no Instagram. O velório aberto ao público é realizado no Planetário do Parque Ibirapuera, das 10h às 17h desta quarta-feira, 10. O corpo da cantora será cremado em uma cerimônia reservada.
Uma das maiores cantoras, compositoras e multi-instrumentistas da história da música brasileira, eternizada como “Rainha do Rock” pela mídia, Rita Lee vendeu 55 milhões de discos em uma carreira explosiva desde as primeiras aparições na adolescência.
Filha do dentista norte-americano Charles Fenley e de Romilda Padula, descendente de imigrantes italianos, Rita aprendeu a tocar bateria aos 15 anos e com 16 integrou o trio as Teenage Singers.
Profissionalmente, ela despontou em meio à psicodelia tropicalista com Os Mutantes (1966 a 1972), ao lado de Sérgio Dias e Arnaldo Batista. Depois migrou para o rock raiz com o grupo Tutti Frutti (1973 a 1978) e daí para a parceria com o marido, Roberto de Carvalho, fase que os críticos e especialistas em música situam como mais radiofônica, pop, latinizada.
Rita Lee se aposentou aos 64 anos, em 2012. Suas últimas aparições com a banda homônima foram no Circo Voador, no Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo. No seu último show, em Aracaju (SE), na noite de 29 de maio de 2014, a cantora foi presa por desacato após gritar com policiais que agrediram fãs durante a apresentação.
Ritéias
Foto: Instagram/ Reprodução
Em sua entrevista Meu nome é Riteias, ao jornalista César Fraga, do Extra Classe, em abril de 2000, ela dá uma bronca na indústria cultural (“os jabás favorecem a impressão de bocejo musical”), fala de seu amor pelos bichos (“uma corja milionária sobrevive à custa do sofrimento dos animais”) e, de quebra, sobre casamento (“para o amor, só o best of”).
“Digamos que, como filha do tropicalismo, nunca tive qualquer pudor em desfilar meu roquenrou por avenidas brasileiras, quer fazendo boleros, bossas ou pauleiras. Meus pais eram imigrantes, meu deslumbre é com o Brasil mesmo. Nunca quis fazer carreira no exterior porque seria voltar de onde meus velhos fugiram. Sou fã da muamba brasileira. Agora, em matéria de cast para um Arrombou a Festa 2000, os nossos brasis são um celeiro de inspiração!”, declarou à época.
Diagnosticada com câncer no pulmão esquerdo em 2021, a cantora ficou internada no Hospital Albert Einstein. Reclusa, em casa, ao lado de Roberto de Carvalho, anunciou em abril do ano passado que a doença entrara em remissão.
Em seu livro Outra biografia, lançado em março pela Globolivros, Rita anteviu e ironizou as reações à sua morte: “Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá. Fãs, esses sinceros, empunharão meus discos e entoarão ‘Ovelha Negra’, as TVs já devem ter na manga um resumo da minha trajetória. Nas redes virtuais, alguns dirão: ‘Ué, pensei que a véia já tivesse morrido, kkk”.
Na sequência, prevê que nenhum político se atreverá a comparecer ao seu velório, “uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles e me levantaria do caixão para vaiá-los. Enquanto isso, estarei eu de alma presente no céu tocando autoharp e cantando para Deus: ‘Thank you Lord, finally sedated’ (‘obrigada Senhor, finalmente sedada’). Epitáfio: “Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa”.