CULTURA

Atriz Léa Garcia morre aos 90 anos em Gramado

Ela estreou nos palcos aos 18 anos, fez carreira na Tupi e chegou aos 90 anos com mais de cem produções no currículo. Léa seria homenageada com o Troféu Oscarito
Por Gilson Camargo / Publicado em 15 de agosto de 2023
Atriz Léa Garcia morre aos 90 anos em Gramado

Foto: Cleiton Thiele/Agência Pressphoto

Atriz foi uma das homenageadas com o Troféu Oscarito. A estatueta seria entregue na noite desta terça-feira

Foto: Cleiton Thiele/Agência Pressphoto

A atriz Léa Garcia, 90 anos, faleceu na madrugada desta terça-feira, 15, em Gramado, na Serra gaúcha, onde participava do 51º Festival de Cinema. Uma das primeiras atrizes negras da televisão brasileira, tem mais de cem produções de cinema, teatro e tevê no currículo, incluindo quatro Kikitos.

Na noite desta terça-feira, 15, ela seria homenageada com o Troféu Oscarito – ao lado de Laura Cardoso e Alice Braga. Desde que foi instituído em 1990, o troféu em homenagem ao conjunto da obra dos agraciados, seria entregue pela primeira vez para mulheres.

A informação sobre a morte da atriz foi compartilhada por familiares em rede social. “É com pesar que nós familiares informamos o falecimento, agora, na cidade de Gramado no @festivaldecinemadegramado, da nossa amada Léa Garcia”. Ela morreu no hotel em que estava hospedada e, de acordo com o Hospital Arcanjo São Miguel, a causa da morte foi um infarto agudo do miocárdio.

“É uma perda imensurável para a arte e a cultura brasileiras. Uma mulher que abriu portas e escancarou janelas para que outras atrizes negras pudessem se ver em grandes palcos do Brasil e do mundo. O cinema, o teatro, a televisão e todos nós perdemos um pouco com a partida de Léa Garcia”, lamentou a secretária de Estado da Cultura, Beatriz Araujo.

Teatro, tevê e cinema

Atriz Léa Garcia morre aos 90 anos em Gramado

Foto: TV Globo/ Memória

Seu papel mais pop na tevê: a vilã Rosa, de Escrava Isaura, de 1976

Foto: TV Globo/ Memória

A atriz carioca começou cedo nas artes cênicas, estreando no teatro aos 18 anos e logo depois, no Grande Teatro da TV Tupi. Ao longo de sua carreira estrelou mais de cem produções para televisão, cinema e teatro.

Em 1957, foi indicada ao prêmio de Melhor Interpretação Feminina no Festival de Cannes por sua personagem em Orfeu Negro, filme vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro naquele ano.

Em 1976 teve seu papel de maior destaque na televisão brasileira, ao interpretar a vilã Rosa, de Escrava Isaura. A personagem má ficou tão conhecida quanto odiada pelo público, a ponto de a atriz ter sido agredida na rua. “Apanhei muito”, relatou ela em uma entrevista no ano passado.

Depois de Escrava Isaura, Léa atuou nas novelas Selva de Pedra, Xica da Silva e O Clone. Na TV Record, fez as séries Cidadão Brasileiro, Luz do Sol, A Lei e o Crime e A História de Ester. Depois retornou à Globo e integrou o elenco de Êta Mundo Bom e Sol Nascente.

Conquistou quatro Kikitos no Festival de Gramado, com Filhas do Vento, Hoje tem Ragu e Acalanto. Manteve-se atuante nos últmos anos, apesar de promlemas para se locomover. Em 2022, atuou nos longas Barba, Cabelo e Bigode, Pacificado e O Pai da Rita. Léa havia confirmado na segunda-feira, 14, que assinaria contrato com a TV Globo para atuar na produção de um remake da novela Renascer. A organização do Festival de Cinema informou em nota que a programação seria mantida, mas sofreria posiveis alterações ao longo do dia. O Troféu Oscarito será entregue a familiares da atriz.

Comentários