CULTURA

Minissérie gaúcha, que se passa no Centro de Porto Alegre, estreia domingo

O que o Centro da capital gaúcha, um restaurante 24 horas tocado por um gringo, dois jovens desaparecidos e o xis coração têm em comum? Roca Sales, uma minissérie que envolve comédia e investigação
Por César fraga / Publicado em 4 de outubro de 2024

Minissérie gaúcha, que se passa no Centro de Porto Alegre, estreia domingo

Fotos: Primeiro Corte/Divulgação

Fotos: Primeiro Corte/Divulgação

No próximo domingo, 6 de outubro, estreia a minissérie gaúcha Roca Sales, às 22 horas, para os assinantes do canal Cine Brasil TV . A trama se passa no ambiente dos bares do Centro Histórico de Porto Alegre, onde dois jovens ligados a estabelecimentos tanto distintos quanto concorrentes desaparecem misteriosamente. O pano de fundo é a disputa de uma lanchonete moderna, a Kurtz Dog, versus o tradicional pé-sujo, cujo nome intitula a série.

De acordo com Flávia Matzenbacher, produtora da minissérie, por trás da comédia e do suspense “o grande tema da série está na sustentabilidade, tanto das relações, quanto do planeta”. Vale lembrar que, por infeliz coincidência, uma das locações, justamente a que serviu de cenário para o restaurante Roca Sales, foi atingida pela tragédia climática de maio deste ano; e o município que emprestou o nome para a série também foi devastado pelas águas.

Outra coisa que é destaque na trama, é o xis coração, o fast-food sulista que precisa de tempo pra ser consumido. Aliás, o sanduíche se tornou quase um personagem dessa história que mistura Shakespeare e Agatha Christie. Mas que, apesar de não se passa na Itália, envolve uma família de descendentes de italianos, representante daqueles donos de lancheria a que todos adoram chamar de “gringos”.

A sinopse oficial apresenta a obra como sendo uma minissérie que traz pela primeira vez o universo multicultural do Centro de Porto Alegre e seu principal paradoxo. Um lugar que é, a um só tempo, cosmopolita e envolto em uma aura de provincianismo. Neste ambiente, os tipos pitorescos que frequentam o lugar, ganham destaque.

As gravações foram concluídas em junho do ano passado e o Extra Classe acompanhou os últimos dias de filmagem e registrou em matéria, na ocasião.

A produção

A produção empregou 45 pessoas de forma direta e mais de 200 de forma indireta. Grande parte da equipe foi formada por jovens egressos de cursos universitários de cinema do estado, além de técnicos daqui e de outras capitais.

A série foi produzida pela Primeiro Corte Produções. A ideia foi recriar o ambiente dos bares do Centro Histórico de Porto Alegre, sintetizado no fictício Roca Sales Bar & Restaurante 24 horas, que dá nome à obra.

A habitual diversidade de pessoas que frequentam o lugar participa direta e indiretamente de uma trama investigativa em forma de comédia.

Laura, interpretada pela jovem atriz Sofia Pisani, sai de Roca Sales, no interior do Rio Grande do Sul, para estudar na capital do estado.

Sua família, de origem italiana, é dona do restaurante que fica no centro da cidade, um local notório pelo grande tráfego de pessoas e veículos durante o dia, mas que à noite fica quase deserto.

Dener, interpretado por João Vitor Machado, é um jovem afrodescendente que mora com a irmã na Zona Sul de Porto Alegre e trabalha na lanchonete concorrente do Roca Sales.

Algo incomum acontece quando ele não volta para casa e sua irmã se vê em pânico atrás do garoto. Laura também desaparece e sua família acaba embrenhada em uma investigação inusitada, tentando amarrar as pontas e encontrar a menina em um labirinto onde nem tudo é o que parece ser.

O elenco também conta com Fernando Waschburger, Lucas Krug, Elaine Braghirolli, Nelson Diniz, Paula Souza, Pitty Sgarb, Rodrigo Pessin, Glória Andrades, Clemente Viscaino, Marisa da Costa, Artur José Pinto, Pedro Tergolina e Marcos Kligman.

Foi o último trabalho do ator, dramaturgo e diretor Artur José Pinto, que faleceu aos 64 anos, três meses depois do término das filmagens.

Etapas

O projeto foi contemplado em 2019 no edital regional do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) e tem recursos federais do Fundo Setorial do Audiovisual.

O contrato, porém, só foi assinado em 2022 e, depois das filmagens concluídas, seguiu para as etapas de montagem, pós-produção e finalização, o que explica o tempo entre o término das gravações e a estreia. É o que explica a produtora da minissérie, Flávia Matzenbacher.

Ela situa a produção dentro do contexto de uma retomada da indústria audiovisual brasileira pós-pandemia.

“Desde antes da pandemia já havia uma paralização das produções audiovisuais por conta da precarização da Ancine e das políticas públicas de 2018 a 2022, o que foi agravado com paralisação das produções durante o período de afastamento social”, recorda.

Um aspecto destacado por Flávia é a renovação de profissionais no audiovisual procedentes, em grande parte, das faculdades de cinema e audiovisual do estado.

Início em 2016

A minissérie começou a ser trabalhada em 2016 a partir do argumento do escritor Vinícius Perez.

Ele mora na Avenida Salgado Filho, no centro de Porto Alegre, e usou este universo que lhe é bem familiar, como inspiração, pois trata-se de um contexto que nunca havia sido retratado nas telas e carrega uma riqueza de histórias e micro-histórias nunca antes contempladas na teledramaturgia.

Vinícius também é natural de Vespasiano Corrêa, município vizinho de Roca Sales, o que influenciou na construção dos personagens.

Eterna Retomada

Quem dirige a minissérie é o experiente Marcio Schoenardie, 49, gaúcho radicado em São Paulo, há mais de 20 anos dirigindo sets de filmagem.

Para ele, o audiovisual está em eterna retomada, mas admite que há uma esperança maior agora e que o setor respira novos ares e um número maior de produções em andamento.

“O próprio setor sempre se impõe de alguma forma em vários momentos da história do país em atos de retomada da produção, independente de situação política, por ser um setor feito por gente que acaba realizando também porque quer muito fazer”.

Segundo ele, o eixo Rio-São Paulo já tem uma mobilização de grande número de produções e aqui no Sul o mercado já começa também a reagir.

“O mais legal, além de reencontrar os amigos no Sul, é poder trocar experiências com a garotada mais jovem. Toda produção é uma gincana para executar o roteiro da melhor maneira possível com pouca grana e isso é parte do aprendizado que a gente consegue passar pra eles. O público nunca vai e nem quer saber, olhando a série, que num determinado dia você não estava bem, se faltou uma ator ou algo assim. A história tem de ser contada”, confidencia.

Clique para assistir o trailer e depoimentos da equipe.

Acesse o Cine Brasil TV.

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