E o Brasil, que tem uma posição privilegiada no mundo, corre igualmente riscos sérios, pois o que está em jogo é a própria soberania. A ameaça de privatização dos recursos hídricos em solo brasileiro abre uma outra pauta em andamento, mas que pouca gente sabe. “Estamos diante da internacionalização, da desnacionalização dos recursos naturais. A Amazônia, tão estratégica por sua biodiversidade, representa 80% das reservas de água do Brasil e o desmonte do saneamento, neste caso, visa a uma desapropriação indevida e cada vez mais crescente desses recursos”, diz o diretor do DMAE.
A situação torna-se mais preocupante quando se tem notícia de que a água, dentro de três décadas, terá um valor muito superior ao hoje tão cobiçado petróleo. A cada 20 anos, esse recurso dobra em consumo. Já existem regiões onde eles estão esgotados ou em processo de esgotamento, como São Paulo e Recife. Se a água passar a ter donos, qual vai ser o futuro dos povos? “O que estamos disputando são os rumos da globalização, não podemos deixar que o governo federal abra mão da soberania das águas”, destaca Todeschini.
A água tem subido linearmente de preço em função da escassez. Atualmente, em todo o mundo, 90 milhões de pessoas vivem no estresse hídrico, ou seja, não têm água suficiente para suas necessidades básicas de sobrevivência. A previsão é de que até 2025 esse mal atinja três bilhões de pessoas. O Brasil possui 53% da reserva de água da América do Sul e 12% do total mundial. Diante dessa estatística, não é difícil entender porque empresas privadas, especialmente as estrangeiras, querem colocar a mão nesse filão.