ECONOMIA

Estudo e trabalho juvenil

Marcio Pochmann / Publicado em 21 de abril de 2007

No ano de 2005, a população na faixa etária de 15 a 24 anos alcançou 35,1 milhões de pessoas, o que representou 19% do total da população brasileira, segundo a PNAD/IBGE. Do conjunto dos jovens, 65,3% eram ativos no mercado de trabalho (na condição de ocupado ou de desempregado) e somente 46,8% estudavam. Em relação ao ano de 1995, constatouse a elevação na taxa de jovens que estudam (14,4%), que era de
apenas 40,9%, e estabilização na taxa de atividade juvenil (variação de 0,01%).

Apesar do crescimento da presença de jovens na escola, ainda prevalece no país a maior parcela da faixa etária de 15 a 24 anos que não estuda (53,2%), sendo menor entre as mulheres (52,4%) do que em relação aos homens (53,6%). Ademais, observa-se também que o avanço de 39,4% na quantidade de jovens que passaram a estudar entre 1995 e 2005 não implicou redução na taxa de atividade juvenil no interior do mercado de trabalho. Ou seja, o jovem buscou elevar a escolaridade combinando a com a atividade laboral, indicando que o Brasil tem jovens que trabalham e estudam, ao contrário da tendência dos países desenvolvidos de postergação do ingresso juvenil no mercado de trabalho para ampliação da escolarização. Para muitos jovens, quando não há trabalho, tampouco pode haver acesso à escola, tendo em vista a ausência de financiamento dos custos vinculados à Educação para alguém com mais de 15 anos de idade.

Por outro lado, constata-se também que uma das principais razões para a menor expansão do desemprego entre jovens do sexo masculino refere-se à maior expansão na freqüência escolar. A taxa de jovens do sexo masculino que estuda cresceu mais de 44%, enquanto a dos jovens do sexo feminino aumentou menos de 35% entre 1995 e 2005. Em função disso, pode-se perceber que atualmente quase não há maiores diferenças de freqüência escolar entre o sexo juvenil. Em 2005, a taxa de estudantes masculinos foi de 46,4% e a feminina de 47,6%, enquanto em 1995 as taxas de jovens que estudavam eram de 38,9% do sexo masculino e 42,8% do sexo feminino.

Entre os jovens do sexo masculino, a taxa de atividade decresceu (- 4,1%) entre 1995 e 2005 (de 78,5% para 75,3%), enquanto entre as jovens do sexo feminino, a taxa de atividade aumentou (7,9%) de 51,8% para 55,9%. O resultado disso tem sido a geração de um excedente de mão-de-obra juvenil ainda maior no interior do mercado de trabalho brasileiro. Se considerada a variável renda, pode-se verificar que, quanto menor o rendimento familiar, mais alto o desemprego juvenil e maior a taxa de atividade. Entre as famílias de baixa renda (menos de meio salário mínimo mensal por membro), observa-se que a cada 100 jovens havia, em 2005, 74 ativos no interior do mercado de trabalho, sendo quase 20 destes desempregados. Já entre as famílias com maior nível de renda (acima de três salários mínimos mensais por membro), havia a cada 100 jovens 65 ativos no mercado de trabalho e somente 9 desempregados.

Em síntese, percebe-se que, apesar da ocupação masculina ter crescido menos (9%) do que a feminina (14,6%), o aumento da população economicamente ativa masculina foi quase a metade (16,3%) da verificada no sexo feminino (31%). Em parte, essa diferença diz respeito ao avanço da Educação entre os jovens do sexo masculino como um mecanismo eficiente de postergação do ingresso no mercado de trabalho.

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