ECONOMIA

Sindicato dos Metalúrgicos quer reverter demissões na Ford

Montadora anunciou o fim das operações nas plantas de Taubaté (SP) e Camaçari, na Bahia, fechando mais de 5 mil empregos diretos
Da Redação / Publicado em 12 de janeiro de 2021
Em assembleia realizada no pátio da montadora, em Taubaté, metalúrgicos decidiram pressionar a montadora contra fechamento de postos de trabalho

Foto: Sindimetau/ Divulgação

Em assembleia realizada no pátio da montadora, em Taubaté, metalúrgicos decidiram pressionar a montadora contra fechamento de postos de trabalho

Foto: Sindimetau/ Divulgação

O Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau) quer que a Ford reveja a decisão de fechar as fábricas no Brasil e mantenha os empregos. Segundo o presidente do Sindicato, Claudio Batista, os trabalhadores foram “pegos de surpresa” com a decisão anunciada na segunda-feira, 11, pela multinacional.

Além da planta de Taubaté, a Ford vai fechar a fábrica de Camaçari, na Bahia. A fábrica da Troller, em Horizonte (CE), vai encerrar as atividades até o fim deste ano. Serão mantidos, entretanto, a sede administrativa para a América do Sul em São Paulo, o Centro de Desenvolvimento de Produto na Bahia e o Campo de Provas em Tatuí (SP). A produção de veículos na região ficará concentrada na Argentina e no Uruguai.

Manutenção de empregos

“O sindicato vai fazer toda luta necessária para tentar reverter essa situação”, disse Batista. De acordo com ele, os 830 funcionários da fábrica em Taubaté tinham estabilidade no emprego até o fim de 2021, devido a um acordo de redução de jornada e salários feito no ano passado, em razão da pandemia do novo coronavírus (covid-19). A unidade da montadora na cidade está há 53 anos de atividade.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) evitou comentar diretamente as razões e os impactos do fechamento das fábricas no Brasil.

“A Anfavea não vai comentar sobre o tema. Trata-se de uma decisão estratégica global de uma das nossas associadas. Respeitamos e lamentamos”, disse a entidade em nota.

No entanto, a associação comentou que os custos de produção têm afetado as montadoras no país. “Isso corrobora o que a entidade vem alertando há mais de um ano, sobre a ociosidade da indústria (local e global) e a falta de medidas que reduzam o Custo Brasil”.

Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a alta carga tributária é um dos fatores que dificulta a manutenção da produção industrial no país. “A Fiesp tem alertado sobre a necessidade de se implementar uma agenda que reduza o Custo Brasil, melhore o ambiente de negócios e aumente a competitividade dos produtos brasileiros. Isso não é apenas discurso. É a realidade enfrentada pelas empresas”, justificou em nota a federação.

Multinacional atribui sua crise à pandemia

Linhas de montagem dos polos de Taubaté (SP) e Camaçari (BA) serão desativadas, gerando mais de 5 mil demissões diretas

Foto: Sergio Figueiredo/ Divulgação

Linhas de montagem dos polos de Taubaté (SP) e Camaçari (BA) serão desativadas, gerando mais de 5 mil demissões diretas

Foto: Sergio Figueiredo/ Divulgação

A montadora anunciou que fechará as plantas de Camaçari (BA) e Taubaté (SP) e que será mantida apenas por alguns meses a produção de peças para suprir o estoque de pós-venda. A fábrica da Troller, em Horizonte (CE), será fechada no último trimestre de 2021.

O mercado nacional será abastecido com veículos produzidos, principalmente, na Argentina e no Uruguai, países cujas operações da empresa não serão afetadas. A montadora encerrará as vendas dos modelos EcoSport, Ka e T4 assim que terminarem os estoques.

A empresa manterá apenas o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia; o Campo de Provas, em Tatuí (SP); e sua sede regional em São Paulo.

A justificativa é a crise gerada pela pandemia que atinge o mundo desde o início de 2020. Segundo a Ford, a pandemia da covid-19 “amplia a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas”.

“A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável”, disse Jim Farley, presidente e CEO da multinacional.

A companhia não informou qual será o número de funcionários demitidos, disse apenas que trabalhará “com os sindicatos, nossos funcionários e outros parceiros para desenvolver medidas que ajudem a enfrentar o difícil impacto desse anúncio”.

DESEMPREGO – A montadora projeta gastos de US$ 4,1 bilhões para o encerramento das atividades no país, onde produzia desde 1920, amplamente amparada ao longo da sua história por subsídios, isenções e financiamentos públicos. Ao menos 5 mil empregos diretos deverão ser fechados com a decisão, além do impacto na cadeia produtiva.

Um levantamento elaborado em dezembro pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sobre a renda dos trabalhadores representados pelo Sindmetau mostrou que a categoria injetou R$ 850 milhões em Taubaté e na região em 2020. O valor corresponde a salários, 13º, adicional de férias, PLR (Participação nos Lucros e Resultados), abonos e decisões judiciais.

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