Inflação já compromete 87% da jornada de trabalho com cesta básica
Fotos Juliana Pesqueira/Fotos Públicas/Amazônia Real
Fotos Juliana Pesqueira/Fotos Públicas/Amazônia Real
O IBGE divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – inflação oficial – de outubro que foi de 1,25%, 0,09 ponto percentual acima da taxa de setembro (1,16%). Essa foi a maior variação para um mês de outubro desde 2002 (1,31%), confirmando as projeções divulgadas no início do mês. Com isso, conforme cálculo do Departamento Intersindical de Economia e Estatística (Dieese), o acumulado de 12 meses (para cálculo de data-base em novembro) ficou em 11,08%.
Tendo subido a cesta básica de Porto Alegre de R$ 632, 39 para R$ 691,08 – dados do Dieese –, na comparação com o relatório anterior, um trabalhador que recebe o salário mínimo de R$ 1.100,00 (com jornada de 40 horas semanais) passa a utilizar mais quatro horas da sua jornada de trabalho (138 horas e 13 minutos) para adquirir os itens básicos da cesta do que no mês anterior. Assim, este trabalhador já compromete 87% de sua jornada apenas com a básica, restando em torno de 13% para transporte, educação, alimentação fora de casa entre outras despesas cotidianas.
Ainda conforme o IBGE, no ano, o IPCA já acumula alta de 8,24% e, nos últimos 12 meses, de 10,67%, acima dos 10,25% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em outubro de 2020, a variação mensal foi de 0,86%.
Diferente de outros meses, desta vez, todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em outubro. O maior impacto (0,55 pontos percentuais) e a maior variação (2,62%) vieram dos Transportes, que aceleraram em relação a setembro (1,82%). A segunda maior contribuição (0,24 p.p.) veio de Alimentação e bebidas (1,17%), enquanto a segunda maior variação veio do grupo Vestuário (1,80%). Destacam-se ainda os resultados de Habitação, com alta de 1,04% e 0,17 p.p. de impacto, e Artigos de residência, que variou 1,27%, contribuindo com 0,05 p.p. no índice do mês. Os demais grupos ficaram entre o 0,06% de Educação e o 0,75% de Despesas pessoais.
Fonte: IBGE
Fonte: IBGE
Transporte mais caro
A alta nos Transportes (2,62%) decorre, principalmente, dos preços dos combustíveis (3,21%). A gasolina subiu 3,10% e teve o maior impacto individual sobre o índice do mês (0,19 p.p.). Foi a sexta elevação consecutiva nos preços desse combustível, que acumula altas de 38,29% no ano e de 42,72% nos últimos 12 meses. Além disso, os preços do óleo diesel (5,77%), do etanol (3,54%) e do gás veicular (0,84%) também subiram.
Ainda nos Transportes, os preços das passagens aéreas subiram 33,86% em outubro, frente a setembro.
Houve alta em todas as regiões pesquisadas: desde 8,10% em Rio Branco até 47,52% em Recife. Outro destaque foi o Transporte por aplicativo (19,85%), cujos preços já haviam subido 9,18% em setembro. Os preços dos automóveis novos (1,77%) e usados (1,13%) também seguem em alta e acumulam, em 12 meses, variações de 12,77% e 14,71%, respectivamente. Por fim, cabe mencionar a redução de 12,50% no preço das passagens de ônibus urbano em Rio Branco (-0,75%), válida desde 27 de outubro.
- Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias
Alimentação em casa
No grupo Alimentação e bebidas (1,17%), a alta de 1,32% na alimentação no domicílio deve-se, especialmente, ao tomate (26,01%) e à batata-inglesa (16,01%), que contribuíram com impactos de 0,07 p.p. e 0,03 p.p., respectivamente. Outras contribuições importantes no grupo vieram do café moído (4,57%), do frango em pedaços (4,34%), do queijo (3,06%) e do frango inteiro (2,80%). No lado das quedas, houve recuo nos preços do açaí (-8,64%), do leite longa vida (-1,71%) e do arroz (-1,42%).
Comer fora de casa
A alimentação fora do domicílio passou de 0,59% em setembro para 0,78% em outubro, principalmente por conta do lanche (1,31%), que havia apresentado variação negativa no mês anterior (-0,35%). A refeição (0,74%), por sua vez, desacelerou frente ao resultado de setembro (0,94%).
Em Vestuário (1,80%), foram observadas altas em todos os itens pesquisados, com destaque para as roupas femininas (2,26%) e roupas infantis (2,01%). Além disso, as variações das roupas masculinas (1,70%) e dos calçados e acessórios (1,44%) foram superiores às do mês anterior (quando variaram 0,73% e 0,25%, respectivamente).
Moradia inflacionada
A alta do grupo Habitação (1,04%) foi influenciada mais uma vez pela energia elétrica (1,16%), embora a variação do item tenha sido menor que a de setembro (6,47%). Em outubro, foi mantida a bandeira Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos.
Houve também reajustes tarifários em Goiânia (5,34%), com alta de 16,37%, a partir de 22 de outubro; em São Paulo (1,94%), com 16,44% em uma das concessionárias, vigente desde 23 de outubro; e em Brasília (-1,68%), com alta de 11,69%, em vigor desde 22 de outubro. Em Brasília, houve variação negativa apesar do reajuste por conta da diminuição na cobrança de PIS/COFINS, que também ocorreu em outras regiões. Em Campo Grande (-2,46%), o resultado é consequência da redução na alíquota de ICMS, aplicada desde 1º de outubro.
Gás de cozinha puxa elevação
Ainda em Habitação, destaca-se o gás de botijão (3,67%), em sua 17ª alta consecutiva, acumulando elevação de 44,77% desde junho de 2020. Já a variação positiva da taxa de água e esgoto (0,22%) é consequência do reajuste de 9% nas tarifas em Vitória (11,33%), onde também houve mudança na metodologia de cálculo do valor da fatura. O novo valor passou a ser cobrado a partir de 1º de outubro.
No grupo Artigos de residência (1,27%), as principais altas vieram dos itens mobiliário (1,89%) e eletrodomésticos e equipamentos (1,54%). Além disso, os preços dos artigos de TV, som e informática (0,99%) subiram pelo 9º mês seguido e contribuíram com 0,01 p.p. para o resultado do mês.
Carestia generalizada
Todas as áreas pesquisadas tiveram alta em outubro. Os maiores índices foram os da região metropolitana de Vitória e do município de Goiânia, ambos com 1,53%. Em Vitória, o resultado foi influenciado pelas altas da taxa de água e esgoto (11,33%) e da energia elétrica (3,35%). Já em Goiânia, além da energia elétrica (5,34%), pesou também a alta na gasolina (4,24%). A menor variação ocorreu na região metropolitana de Belém (0,64%), onde houve queda nos preços do açaí (-8,77%) e da energia elétrica (-1,23%).
Para o cálculo do índice do mês, foram comparados os preços coletados entre 29 de setembro e 28 de outubro de 2021 (referência) com os preços vigentes entre 28 de agosto e 28 de setembro de 2021 (base). O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília.
Em virtude da pandemia de covid-19, o IBGE suspendeu, em 18 de março, a coleta presencial de preços nos locais de compra. A partir dessa data, os preços passaram a ser coletados por outros meios, como sites de internet, telefone ou e-mail. A partir do início de julho de 2021, o IBGE iniciou a retomada gradual da coleta presencial de preços em alguns estabelecimentos, conforme descrito na Portaria nº 207/2021 da Presidência do IBGE.
INPC sobe 1,16% em outubro
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de outubro subiu 1,16%, 0,04 p.p. abaixo do resultado de setembro (1,20%). Esse é o maior resultado para um mês de outubro desde 2002, quando o índice foi de 1,57%. No ano, o indicador acumula alta de 8,45% e, em 12 meses, de 11,08%, acima dos 10,78% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em outubro de 2020, a taxa foi de 0,89%.
Os produtos alimentícios subiram 1,10% em outubro, ficando acima da variação observada em setembro (0,94%). Já os não alimentícios tiveram alta de 1,18%, enquanto, em setembro, haviam registrado 1,28%.
Todas as áreas registraram variação positiva em outubro. O menor índice foi o da região metropolitana de Belém (0,51%), onde pesaram as quedas nos preços do açaí (-8,77%) e da energia elétrica (-1,22%). Já a maior variação foi a da região metropolitana de Vitória (1,64%), cujo resultado foi impactado, principalmente, pela taxa de água e esgoto (13,68%).
Cesta Básica de Porto Alegre subiu 2,78%
De acordo com o levantamento mensal do Dieese, a Cesta Básica de Porto Alegre registrou aumento de 2,78% em outubro de 2021 passando a custar R$ 691,08. Em outubro de 2021, o valor do conjunto de bens alimentícios básicos em Porto Alegre registrou alta de 2,78%. Dos treze produtos que compõem o conjunto de gêneros alimentícios essenciais previstos, sete ficaram mais caros: a batata (22,68%), o tomate (16,49%), o café (4,18%), o açúcar (3,84%), o pão (2,29%), o óleo de soja (1,33%) e o arroz (1,10%) Em sentido contrário, seis itens registraram redução de preço: o leite (-4,91%), a farinha de trigo (-2,15%), o feijão (-1,33%) a manteiga (-0,23%), a banana (-0,13%) e a carne (-0,09%).
De janeiro a outubro de 2021, dez produtos ficaram mais caros: tomate (61,16%), o açúcar (56,32%), o café (37,70%), a farinha de trigo (17,20%), a carne (16,70%), o pão
(12,15%), o feijão (7,29%), a manteiga (7,23%), o leite (3,49%) e óleo de soja (0,30%). Por outro lado, três itens estão mais baratos: a banana (-25,52%), o arroz (-14,31%) e a
batata (-5,25%). Em doze meses, 11 itens da cesta registraram aumento de preços, sendo as maiores altas verificadas no açúcar (65,90%), no café (38,32%), na carne (33,16%) na
batata (30,68%) e no tomate (22,95%). Por outro lado, a banana (-18,12%) e o arroz (-11,18%) ficaram mais baratos.
CESTA BÁSICA Porto Alegre – Números de outubro 2021
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- Valor da cesta: R$ 691,08
- Variação mensal: 2,78%
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Variação no ano: 12,25%
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- Variação 12 meses: 18,87%
- Jornada necessária para comprar a cesta básica: 138 horas e 13 minutos (4 horas a mais do que no mês anterior)
- Percentual do salário mínimo líquido para compra dos produtos da cesta: 67,92%
- Salário Mínimo Necessário deveria ser de R$ 5.886,50 ou 5,35 vezes o mínimo vigente de R$ 1.100,00
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