ECONOMIA

Custo da cesta básica aumenta em novembro no Norte e Nordeste

Porto Alegre tem terceira maior alta do custo de vida depois de Florianópolis e São Paulo. Alimentação para uma pessoa já consome até 68% do salário mínimo ou quase 140 horas trabalhadas
Da Redação / Publicado em 8 de dezembro de 2021

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em São Paulo um trabalhador gasta 68,04 do salário mínimo, ou 138 horas e meia trabalhadas para adquirir os itens básicos de alimentação

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O custo médio da cesta básica de alimentos aumentou em nove cidades, de acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em 17 capitais.

As maiores altas foram registradas nas cidades do Norte e do Nordeste: Recife (8,13%), Salvador (3,76%), João Pessoa (3,62%), Natal (3,25%), Fortaleza (2,91%), Belém (2,27%) e Aracaju (1,96%). Florianópolis (1,40%) e Goiânia (1,33%) também apresentaram elevação no custo médio. As reduções mais importantes ocorreram em Brasília (-1,88%), Campo Grande (-1,26%) e no Rio de Janeiro (-1,22%).

A partir de agosto, a pesquisa passou a ser realizada presencialmente em todas as 17 capitais. O retorno foi gradual ao longo de 2021, à medida que a vacinação foi avançando nas cidades. As feiras livres foram introduzidas novamente na pesquisa. As últimas cidades onde o levantamento voltou a campo foram Porto Alegre, Aracaju, Curitiba e Goiânia.

Florianópolis tem a cesta básica mais cara do país

Tabela: Dieese

Tabela: Dieese

A cesta mais cara foi a de Florianópolis (R$ 710,53), seguida pelas de São Paulo (R$ 692,27), Porto Alegre (R$ 685,32), Vitória (R$ 668,17) e Rio de Janeiro (R$ 665,60). Entre as capitais do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta tem algumas diferenças em relação às demais cidades, Aracaju (R$ 473,26), Salvador (R$ 505,94) e João Pessoa (R$ 508,91) registraram os menores custos.

Ao comparar novembro de 2020 e novembro de 2021, o preço do conjunto de alimentos básicos subiu em todas as capitais que fazem parte do levantamento. Os maiores percentuais foram observados em Curitiba (16,75%), Florianópolis (15,16%), Natal (14,41%), Recife (13,34%) e Belém (13,18%).

Entre janeiro e novembro de 2021, todas as capitais acumularam alta, com taxas entre 4,44%, em Aracaju, e 18,25%, em Curitiba.

Com base na cesta mais cara que, em novembro, foi a de Florianópolis, o Dieese estima que o salário mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ 5.969,17, o que corresponde a 5,42 vezes o piso nacional vigente, de R$ 1.100,00. O cálculo é feito levando em consideração uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças. Já em outubro, o valor do mínimo necessário deveria ter sido de R$ 5.886,50, ou 5,35 vezes o piso em vigor.

O tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta, em novembro, ficou em 119 horas e 58 minutos (média entre as 17 capitais), maior do que em outubro, quando foi de 118 horas e 45 minutos.

Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social (7,5%), verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em novembro, 58,95% (média entre as 17 capitais) do salário mínimo líquido para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta. Em outubro, o percentual foi de 58,35%.

Principais variações dos produtos

O preço do quilo do café em pó subiu em todas as capitais, com destaque para as variações registradas em Recife (23,63%), Florianópolis (11,94%), Rio de Janeiro (11,39%), Porto Alegre (10,03%) e Curitiba (9,46%). A preocupação com o clima, ou seja, com impactos da geada na safra 2022/2023, repercutiu nos preços do café, tanto no mercado futuro quanto no varejo.

O preço do quilo do açúcar aumentou em 16 capitais e as altas oscilaram entre 0,51%, em Natal, e 7,24%, em Florianópolis. Em Belo Horizonte, não houve variação. A baixa oferta de açúcar elevou as cotações no varejo.

O óleo de soja registrou elevação em 16 capitais, entre outubro e novembro. As maiores variações ocorreram em Aracaju (5,64%), Florianópolis (4,19%) e Fortaleza (4,16%). A alta nos preços externos da soja, a maior demanda pelo óleo e a valorização do dólar frente ao real explicaram o aumento do óleo de soja no varejo.

O preço do feijão recuou em todas as capitais. Para o tipo carioquinha, pesquisado no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo, as retrações oscilaram entre -4,97%, em Belo Horizonte, e -0,40%, em Brasília. Já as quedas do preço do feijão preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro,

variaram entre e -3,05%, no Rio de Janeiro, e -0,13%, em Curitiba. Os altos patamares  de preço do feijão inibiram a demanda, forçando os valores para baixo. Além disso, a maior oferta, pela colheita do sudoeste de São Paulo, reduziu os preços no varejo.

O preço do arroz agulhinha diminuiu em 15 capitais; as quedas mais importantes foram registradas no Rio de Janeiro (-5,54%), Aracaju (-4,10%), Salvador (-3,12%) e Brasília (-2,79%). A menor comercialização do arroz, devido à baixa demanda, e a expectativa de estoques elevados do grão resultaram na redução das cotações nas capitais pesquisadas.

O valor médio do litro do leite integral diminuiu em 13 capitais, com destaque para as taxas de Vitória (-4,84%), Curitiba (-3,70%), Rio de Janeiro (-3,21%), Belo Horizonte (-3,15%) e Campo Grande (-3,12%). Houve melhora nas pastagens e o período é de elevação de oferta, o que explica as quedas na maior parte das cidades.

A carne bovina de primeira teve o preço reduzido em 11 capitais. A oferta foi menor, consequência do período de entressafra da carne bovina. Entretanto, no varejo, o movimento foi de redução nas cotações, na maior parte das cidades; pois, além da sanção chinesa à carne brasileira, os altos patamares de preço da carne bovina de primeira inviabilizam o acesso de grande parte das famílias brasileiras. As capitais que tiveram maior recuo nos preços foram Natal (-2,75%), Goiânia (-0,76%) e Campo Grande (-2,19%).

De acordo com a pesquisa, em São Paulo a jornada necessária para comprar a cesta básica para uma pessoa é de 138 horas e 27 minutos trabalhados, o que equivale a 68,04 do salário mínimo. A variação dos preços dos alimentos de janeiro a novembro é de 9,63% e de 10,03% nos últimos 12 meses.

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