ECONOMIA

Órgão fiscal do Senado aponta descontrole da inflação, juros e dívida pública

Política econômica de Bolsonaro só gera desemprego, informalidade e crescimento pífio forjado pela inflação e aumento do preço internacional do petróleo
Da Redação / Publicado em 14 de abril de 2022

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Comércio de rua no Rio de Janeiro: baixo crescimento da economia leva ao aumento do trabalho informal e à queda na renda

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Em seu mais recente Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF), a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado avalia que a inflação e os juros em crescimento, somados ao aumento da dívida pública, são temas preocupantes para a economia e merecem mais atenção do poder público.

Em seu último ano de mandato, Bolsonaro e seu ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes, levaram o país ao pior patamar de descontrole de preços dos alimentos e combustíveis, fome, desemprego e estagnação do setor produtivo.

A inflação de abril atingiu 0,31%, com alta de 6,76% em 12 meses, acima da meta. O desemprego, que em abril de 2021 chegou a atingir 13,6%, com 14 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho, recuou, porém por conta da criação de empregos formais e com queda na renda média do trabalhador.

Com esse cenário, aponta o órgão do Senado, o crescimento econômico deve girar em torno de apenas 0,5% em 2022.

“O custo médio da dívida pública emitida pelo Tesouro continuou a aumentar em fevereiro e em março. O movimento reflete a alta da Selic, mas também a dinâmica dos juros futuros”, aponta o documento. A taxa básica fixada periodicamente pelo Banco Central para o custo do dinheiro, principal instrumento da autoridade monetária com vistas ao controle da inflação, é o indicador dessa tendência de alta dos juros futuros.

Segundo o relatório, as emissões da Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFi) em março foram de R$ 78,6 bilhões. Desse montante, R$ 65,2 bilhões são de títulos atrelados à taxa Selic, que é flutuante.

“As emissões líquidas de dívida feitas pelo Tesouro têm se concentrado em papéis remunerados por taxa flutuante, o que ajuda a entender o movimento de elevação do custo médio do estoque e das ofertas públicas da DPMFi”. O relatório projeta que as incertezas presentes no ambiente econômico, potencializadas pela guerra no Leste Europeu, indicam que os títulos atrelados à Selic “seguirão ganhando participação, ao mesmo tempo em que o custo médio da dívida continuará em elevação”.

Empregos precários e renda em queda

Em relação ao mercado de trabalho, o RAF deste mês mostra que o ano começou com expansão das vagas de emprego, que na verdade não passa de aumento do número de desempregados no mercado informal. Além disso, a renda média dos trabalhadores despencou.

“Observa-se, de um lado, uma queda dos rendimentos reais – 8,8% na comparação interanual – e, de outro, uma recuperação do emprego, embora ainda concentrada no mercado informal, com ocupações precárias, sem carteira assinada”, revela.

Crescimento forçado

Por outro lado, de acordo com o a análise do RAF, a arrecadação federal continua em crescimento, devido principalmente ao aumento da inflação e do preço internacional do petróleo. Mesmo assim, pelas atuais projeções da IFI, a expectativa é que o resultado primário de 2022 fique em cerca de R$ 100 bilhões negativos.

Além disso, a instituição avisa que o governo federal não terá espaço orçamentário para a criação de novos gastos este ano, “dada a forte restrição do teto de gastos”.

*Com informações da Agência Senado.

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