Reforma Trabalhista não gerou empregos
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Pesquisadores do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made-USP) publicaram estudo que concluiu que a Reforma Trabalhista aprovada em 2017 não gerou empregos, conforme prometido.
“Não apresentou efeito estatisticamente significante sobre a taxa de desemprego”, diz o estudo.
O resultado da pesquisa derruba por terra a justificativa apresentada à época pelo governo Michel Temer, autor da “reforma”, de que se estimava que a flexibilização dos direitos dos trabalhadores criaria entre 2 e 6 milhões de empregos.
Estudo
Para chegar aos resultados, os pesquisadores Gustavo Pereira Serra, Ana Bottega e Marina da Silva Sanches compararam a taxa de desemprego do Brasil com a de outros 11 países da América Latina e Caribe que não passaram por mudanças nas leis trabalhistas no mesmo período.
Eles combinaram a taxa de desemprego e outras variáveis econômicas desses países, como crescimento do PIB, inflação, câmbio e juros, para criar o que chamaram “Brasil sintético”. Os países selecionados foram Bahamas, Bolívia, Chile, Colômbia, República Dominicana, Guiana, México, Nicarágua, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas e Trinidade e Tobago.
O resultado foi que, entre 2018 e 2020, as taxa de desemprego no Brasil real e no “sintético” tiveram comportamento similar.
“Os resultados obtidos não nos permitem afirmar que a reforma trabalhista de 2017 teve impacto significativo para o menor (ou maior) crescimento da taxa de desemprego no Brasil”, afirmam os pesquisadores.
Brasil real
Fonte: Made-USP
Fonte: Made-USP
O gráfico, produzido pelos pesquisadores, indica que as quedas observadas na taxa de desemprego no Brasil entre 2018 e 2019 foram “relativamente maiores” do que no “Brasil sintético”. Mas no ano seguinte, as trajetórias de alta foram equivalentes.
Por fim, o Brasil real acabou ficando com desemprego levemente acima, na comparação com o país simulado, que não passou pelo processo de precarização dos direitos.