ECONOMIA

A maioria dos reajustes ficou abaixo da inflação

Apenas 32,1% das tratativas obtiveram resultados iguais ao INPC-IBGE. E, acima da inflação, só 13,4%. Entre os reajustes acima do INPC-IBGE em maio, cerca de 90% resultaram em ganhos de até 0,5% acima
Por César Fraga / Publicado em 11 de julho de 2022

A maioria dos reajustes ficou abaixo da inflação

Fonte: Dieese/Divulgação

Fonte: Dieese/Divulgação

De acordo com o boletim De Olho nas Negociações, publicado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em junho, a maioria das negociações com data-base em maio ficou com reajustes abaixo da inflação.

A análise mostra que 54,5% das reposições foram inferiores à variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Até o momento, é o maior percentual de reajustes abaixo da inflação por data-base desde julho de 2021.

Apenas 32,1% das tratativas obtiveram resultados iguais ao INPC-IBGE. E, acima da inflação, só 13,4%. Entre os que ficaram acima do INPC-IBGE em maio, cerca de 90% resultaram em ganhos de até 0,5% acima da inflação.

Dos que ficaram abaixo da inflação, aproximadamente 18% registraram perdas de até 0,5%; e quase 45%, de 2% a 4%. Para completar os reajustes, várias categorias têm buscado incrementar a remuneração via aumento dos benefícios, como auxílio-alimentação, ou pagamento de abonos. Começam a ser vistas também cláusulas de antecipação dos reajustes devido à alta inflação.

O resultado das negociações de maio revela forte influência da escalada da inflação, que cresce de maneira quase ininterrupta desde junho de 2020. De acordo com o INPC-IBGE, o reajuste necessário para recomposição do valor real dos salários em maio foi de 12,47%, o mais alto no período considerado na análise. Para a data-base de junho, o reajuste necessário será ligeiramente inferior: 11,90%.

Cerca de 7% dos reajustes da data-base de maio de 2022 serão pagos em duas ou mais parcelas. O percentual é ligeiramente inferior ao observado em abril de 2022 (8,7%) e muito inferior ao verificado em maio do ano anterior (15,7%).

Em maio, cerca de 10% das negociações previram o pagamento de reajustes escalonados (pagamento de reajustes diferenciados segundo faixas salariais ou tamanho das empresas). O percentual é inferior ao apontado em abril de 2022 (24,5%) e em maio de 2021 (16%).

Com o acréscimo das negociações da data-base de maio, a proporção de reajustes abaixo do INPC-IBGE em 2022 subiu cerca de quatro pontos percentuais em relação ao apurado no levantamento anterior, atingindo agora a marca de 44,7% do total. Houve, também, crescimento de um ponto percentual no número de reajustes iguais ao INPC-IBGE, os quais alcançaram o patamar de 32,9%. Já a proporção de reajustes acima da inflação caiu para 22,4% do total em 2022. A variação real média dos reajustes no ano é, no momento, de -0,78%.

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