Cesta básica em Porto Alegre é a quarta mais cara do país
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A Cesta Básica de Porto Alegre registrou queda de 1,08% em janeiro de 2023, passando a custar R$ 757,33. Para sustentar uma família de quatro pessoas seriam necessário um salário mínimo de R$ 6,6 mil, mais de cinco vezes o piso nacional vigente que, depois do reajuste, é de R$ 1.302,00.
Dos 13 produtos pesquisados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), quatro registraram queda de preço: o tomate (-20,19%), a banana (-4,30%), o óleo de soja (-1,49%) e a farinha de trigo (-0,41%). Por outro lado, nove itens registraram alta: a batata (13,49%), o feijão (8,05%), o arroz (4,04%), o leite (3,45%), o café (1,01%), a carne (0,76%), o pão (0,62%), a manteiga (0,54%) e o açúcar (0,22%).
No acumulado dos últimos 12 meses, foram registradas elevações em 12 dos 13 produtos da cesta: na batata (76,92%), na farinha de trigo (32,33%), na manteiga (28,42%), no leite (27,66%), no pão (21,34%), no arroz (17,83%), no café (16,34%), no tomate (12,87%), na banana (10,84%), na carne (3,85%), no feijão (1,54%) e no açúcar (0,67%). O único item que ficou mais barato foi o óleo de soja (-1,12%).
Alta em 11 das 17 capitais pesquisadas
Tabela: Dieese
Tabela: Dieese
Já as reduções mais importantes ocorreram nas capitais do Sul: Curitiba (-0,50%), Porto Alegre (-1,08%) e Florianópolis (-1,11%).
São Paulo foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 790,57), seguida pelo Rio de Janeiro (R$ 770,19), Florianópolis (R$ 760,65) e Porto Alegre (R$ 757,33).
Nas cidades do Norte e do Nordeste, onde a composição da cesta é diferente das demais localidades, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 555,28), Salvador (R$ 594,83) e João Pessoa (R$ 600,06).
A comparação dos valores da cesta, entre janeiro de 2022 e janeiro de 2023, mostrou que todas as capitais tiveram alta de preço, com variações que oscilaram entre 7,19%, em Vitória, e 16,11%, em Belém.
Com base na cesta mais cara, que, em janeiro, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário.
Em janeiro de 2023, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.641,58, ou 5,10 vezes o mínimo reajustado em R$ 1.302,00.
Em dezembro de 2022, quando o salário mínimo era de R$ 1.212,00, o valor necessário era de R$ 6.647,63 e correspondeu a 5,48 vezes o piso mínimo. Em janeiro de 2022, o mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 5.997,14, ou 4,95 vezes o piso em vigor.
Cesta x salário mínimo
Em janeiro de 2023, mesmo com o aumento de 7,43% no salário mínimo, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 116 horas e 22 minutos.
Em dezembro de 2022, antes do reajuste, a jornada média seria de 122 horas e 32 minutos e em janeiro de 2022, de 112 horas e 20 minutos.
Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em janeiro de 2023, 57,18% do rendimento para adquirir os produtos alimentícios básicos.
Em dezembro de 2022, com o salário mínimo em R$ 1.212,00, o trabalhador precisou usar 60,22% da renda líquida. Em janeiro de 2022, o percentual ficou em 55,20%.
Comportamento dos preços dos produtos da cesta
Em janeiro de 2023, o preço do arroz agulhinha aumentou em todas as cidades, com variações entre 0,92%, em Vitória, e 9,61%, em Florianópolis.
Em 12 meses, as altas acumuladas chegaram a 3
0,18%, em Vitória, 18,92%, em Florianópolis, 17,83%, em Porto Alegre, e, 17,01%, em Goiânia. Maior volume de exportação, estimulada pelo câmbio, maior demanda e menor oferta interna explicaram os aumentos do grão no varejo.
O custo do quilo do feijão subiu em todas as capitais. O tipo carioquinha, pesquisado no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Belo Horizonte e São Paulo, apresentou taxas que variaram entre 2,51%, em Fortaleza, e 22,70%, em Belém.
Todas as cidades registraram elevações no período, com destaque para Belém (51,95%) e Goiânia (51,04%).
O preço do feijão tipo preto, coletado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, também foi maior em todas as cidades, e as variações oscilaram entre 0,25%, em Vitória, e 12,61%, em Florianópolis.
Em 12 meses, houve elevação no Rio de Janeiro (4,36%), Florianópolis (2,15%) e Porto Alegre (1,54%) e recuo em Vitória (-5,06%) e Curitiba (-3,15%).
As altas cotações do feijão podem ser explicadas pelo aumento do preço dos fertilizantes e menor oferta da leguminosa, consequência da redução da área plantada e do clima desfavorável.
Em janeiro 2023, o preço da batata subiu em quase todas as cidades da região Centro-Sul, onde o tubérculo é pesquisado.
A oferta diminuiu por causa das chuvas. As altas mais expressivas foram registradas em Curitiba (24,03%), Campo Grande (21,36%), Belo Horizonte (20,63%) e Brasília (19,58%). Nos 12 meses, todas as cidades apresentaram taxas positivas, com destaque para Curitiba (81,84%), Porto Alegre (76,92%), Florianópolis (76,30%) e Campo Grande (76,20%).
Entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, o valor da farinha de mandioca, pesquisada no Norte e Nordeste, aumentou em todas as capitais, exceto em Salvador (-1,66%). As maiores elevações foram registradas em João Pessoa (9,52%), Belém (6,44%) e Aracaju (5,55%).
As altas atingiram 51,75% em Fortaleza, 44,88% em João Pessoa e 43,84% em Aracaju. As elevações no período de 12 meses tiveram como causas a menor oferta da raiz e as chuvas nas regiões produtoras.
O preço do tomate aumentou em 10 das 17 capitais, entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, com taxas expressivas nas cidades do Nordeste: Recife (64,40%), Natal (50,64%), João Pessoa (49,70%), Aracaju (48,28%), Fortaleza (27,90%) e Salvador (23,32%).
As quedas mais importantes foram registradas em Porto Alegre (-20,19%), Florianópolis (-12,89%) e Curitiba (-6,26%). Em 12 meses, o tomate também mostrou comportamento de preço diferenciado, com elevação em 12 cidades, entre elas, Belém (17,00%) e Florianópolis (15,04%), e redução em outras cinco cidades, a mais expressiva em Aracaju (-13,54%).
Em algumas localidades, o calor maturou mais rápido o fruto e o mercado ficou abastecido, enquanto em outras, a baixa qualidade dos tomates, por conta das chuvas de granizo, manteve o preço em alta.
O preço do leite integral diminuiu em 13 capitais. As reduções oscilaram entre – 7,03%, em Recife, e -0,82%, em Goiânia. A alta mais expressiva ocorreu em Porto Alegre (3,45%).
O valor médio do leite acumulou aumento em todas as cidades, com taxas entre 18,15%, em Belém, e 37,57%, em Vitória. Houve importação do leite, o que aumentou a oferta, e, por outro lado, os altos preços dos derivados podem ter inibido a fraca demanda interna.
O preço do quilo da carne bovina de primeira diminuiu em 13 capitais, com destaque para os percentuais de Florianópolis (-3,68%) e de Belém (-2,02%). Os maiores aumentos foram observados em Salvador (1,94%) e João Pessoa (1,85%). Em 12 meses, as quedas mais expressivas aconteceram em Recife (-1,99%), Goiânia
(-1,62%), São Paulo (-1,53%) e Brasília (-1,43%). As maiores altas ocorreram em Porto Alegre (3,85%) e Belém (3,17%). Apesar do volume exportado e dos altos custos de produção, houve redução nos preços da carne, devido à fraca demanda interna.