ECONOMIA

iFood procura governo federal para retomar negociações sobre regulamentação

Para trabalhadores de tele-entrega, o impasse se deu exatamente pela postura intransigente que a empresa vinha adotando no Grupo de Trabalho
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 24 de abril de 2024

iFood procura governo federal para retomar negociações sobre regulamentação

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A retomada do diálogo interrompido com o final do grupo de trabalho criado para discutir a regulamentação dos trabalhadores de aplicativo foi a pauta do encontro de representantes da iFood com o ministro do Trabalho e Emprego Luiz Marinho (PT), na segunda-feira, 22, em Brasília.

Para trabalhadores de tele-entrega, o impasse (que não resultou em um acordo para a categoria) se deu exatamente pela postura que vinha sendo adotada pela plataforma até então.

A iFood foi muito criticada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela intransigência da plataforma nas negociações.

Os impasses entre trabalhadores e representantes das empresas de tele-entrega sob a liderança da iFood foi o que deixou de fora o setor no Projeto de Lei Complementar (PLP) 12/2024 enviado à Câmara contemplando apenas motoristas de transporte de passageiros em veículos de quatro rodas.

Agora, ao procurar Marinho, a iFood diz que se vê como parte da solução e não do problema.

O presidente da Associação de Motoboys Autônomos e Entregadores do Distrito Federal (Amae-DF), Alessandro da Conceição, o Sorriso, usa como exemplo de dificuldade com a plataforma na mesa de negociação  fato de a empresa ter oferecido como última proposta ao GT uma remuneração mínima de R$ 17, mesmo sabendo conforme dados da própria Ifood, que os entregadores já recebem R$ 23 por hora trabalhada.

Inaceitável

Ao lembrar que a primeira oferta da plataforma foi de apenas R$ 10, Sorriso foi direto:  “é inaceitável. Eles querem jogar lá embaixo para explorar ainda mais o nosso trabalho, a nossa mão de obra. Nós temos um custo muito grande para exercer a profissão; tudo sai do nosso bolso, a internet, a gasolina, a manutenção das motos, das bikes. A gente não quer nada além do justo”, afirma o dirigente da Amae-DF.

Segundo o dirigente, a proposição de pagamento apresentada pelos trabalhadores foi baseada nos custos para exercer a profissão, R$ 35 por hora logada.

“Eles mesmos já falam que a gente ganha cerca de R$ 23 por hora trabalhada e querem pagar R$ 17? Assim, a precarização vai continuar e ainda pior; hoje a gente faz duas, três entregas e recebe praticamente por uma”, destaca Sorriso.

Sorriso, além de liderança dos trabalhadores também é representante da categoria no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão.

Autonomia

Além de uma remuneração justa para que os trabalhadores de tele-entrega não precisem se submeter a extensas jornadas, Sorriso entende ser necessária a discussão sobre formas de contribuição previdenciária e questões pertinentes a autonomia dos trabalhadores das plataformas.

“Nós não temos nenhuma autonomia trabalhando para esses aplicativos. Então, na regulamentação, o governo tem que fazer com que essas empresas dêem realmente a autonomia que queremos. Hoje, muitos aplicativos banem, punem por recusar entregas, não se logar nos horários corretos, fora os bloqueios”, conclui.

O diretor de Políticas Públicas da iFood, João Sabino, no encontro com o ministro Marinho declarou: “Consideramos muito importante a retomada das negociações sobre a regulamentação dos entregadores. Estamos otimistas que será possível chegar a uma proposta justa para todos os envolvidos, com o entregador no centro das discussões”.

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