CULTURA

Correr, amar, ensinar

Publicado em 13 de outubro de 2016

Lecionar e correr. Essas são duas das paixões de Carlos Adriani Lara Schaeffer, 49 anos, professor da Universidade de Passo Fundo (UPF). O encantamento pela sala de aula começou bem mais cedo. Formado em Ciências da Computação pela UPF, ele conta que em seus primeiros empregos na área de redes de informática sempre dava um jeito de dar aulas para colegas pelo prazer de ensinar. Até que em 1998 veio o convite para lecionar na Universidade e nunca mais parou. “A sala de aula é o meu chão”, afirma Carlos, que também fez mestrado em Segurança da Informação pela Universidade Federal de Santa Catarina (FSC).

Correr, amar, ensinar

Foto: Acervo Pessoal

Foto: Acervo Pessoal

As corridas (maratonas) chegaram em sua vida um pouco mais tarde e a partir de um momento difícil, o falecimento de seu pai, por um AVC, em 2011. O fato acendeu um sinal de alerta em seu estilo de vida. “Percebi que estava no mesmo caminho do meu pai, sedentário, com sobrepeso, alimentação ruim e nenhum cuidado com a saúde, além de muito trabalho”, lembra. A partir daí começou a fazer exames e ouviu do próprio médico que ele poderia ter o mesmo fim de seu pai, porém muito antes devido às condições de saúde.

Iniciou então uma mudança no estilo de vida e a busca pela prática de um esporte. Pensou no futebol, mas logo viu que não conseguia conciliar os horários de professor com atividades coletivas. Em 2014, um colega lhe sugeriu a corrida, que apesar de poder ser praticada em grupo, cada um tem sua planilha e desenvolvimento individual. A primeira atitude foi se inscrever numa prova de rua em que, com dificuldade, completou os 3 quilômetros propostos. “Naquele dia gostei do ambiente da corrida, com muita gente sorrindo num domingo de manhã, e aquilo me despertou algo no esporte que eu não conhecia”, lembra. No mesmo dia, saiu inscrito em um grupo de corrida. Mas, com sua vida totalmente ligada à Universidade, onde leciona 40 horas semanais, a solução foi começar a correr sozinho, com a orientação do professor do grupo, dentro do campus, após as aulas.

Desde então os desafios só aumentam, já foram muitas provas, e na Universidade outros colegas e até alunos se motivaram a correr com ele. Com metas sempre crescentes, a conquista dos 21 quilômetros (meia maratona) foi um momento marcante e, agora, seu próximo grande desafio será uma prova de 25 quilômetros de subida, na Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina, em setembro de 2017.

O resultado disso tudo se reflete em sua saúde física e mental. Eliminou 14kg, melhorou o sono, a respiração, o desempenho na sala de aula e a qualidade de vida de um modo geral, e faz novas amizades a cada prova. E nos últimos exames médicos teve uma grande surpresa. Um bloqueio de irrigação que tinha no lado direito do coração, e que vinha sendo monitorado pelo médico, desapareceu. “O médico até pediu para eu repetir o exame para ter certeza, e constatou que devido ao meu novo estilo de vida o corpo criou uma nova forma de irrigar aquela área e liberou o bloqueio”, comemora, e complementa: “Meu único problema agora é que seu eu ficar mais de dois dias sem correr, eu enlouqueço”.

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