O Programa Moto Perpétuo: Uma contribuição da Fiat para o Ensino resulta de uma parceria entre o Ministério da Educação e a Fiat Automóveis. Iniciativa didática, o Moto Perpétuo objetiva discutir a importância da mobilidade, o respeito ao meio ambiente e a educação e segurança no trânsito. Lançado em 1997, com a distribuição gratuita de kits interdisciplinares para 3.347 escolas de 1º e 2º graus, públicas e particulares, atingiu cerca de 1,4 milhões de estudantes brasileiros, em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal.
Neste ano o projeto chegará ao Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Bahia e Espírito Santo — envolvendo mais 4 milhões de estudantes que, somados aos outros, representa 5,3 milhões de alunos, com participação de 100 mil educadores e 8.500 escolas. No RS, a previsão é de que sejam atingidos, no 1º e 2º graus, 720 escolas, 432 mil alunos e 8.640 professores. A meta é chegar aos 10 milhões de estudantes em todo país até 1999. O diretor-adjunto da Fiat e coordenador do Moto Perpétuo, Nivaldo Nottoli, revela que o trabalho foi precedido de uma pesquisa em 400 escolas e com 1.500 professores, para se adequar a realidade das salas de aulas brasileiras.
Há cinco anos desenvolvido na Europa, o Moto Perpétuo, na Itália, chega a cobrir 98% das escolas, 2 milhões de estudantes. No Brasil, o programa foi criado para alunos da 5ª a 8ª séries do ensino fundamental e estudantes do ensino médio. E divide-se entre o ensino, o debate em classe e os trabalhos a serem apresentados, totalizando uma carga horária de 18 horas.
Ao ensinar crianças e adolescentes a se relacionar melhor com os meios de transporte e o ambiente, o projeto mistura esses conceitos às matérias do currículo escolar, como Português, Matemática, Geografia. A novidade deste ano, para os alunos do ensino médio, é o módulo sobre Biologia, que aborda especialmente os efeitos das drogas e do álcool para quem dirige. Com linguagem leve, também trata do excesso de som, luz e do sono. Para o ano que vem, a Fiat está preparando outro módulo especial, desta vez sobre Psicologia, abordando o perigo do stress no volante e as causas da violência no trânsito.
KIT – O kit de material do Moto Perpétuo é formado por seis pôsteres gigantes, livros para biblioteca, guia para o professor, apostilas, fita de vídeo e disquete com jogos interativos. Para o ensino médio, foi desenvolvida uma didática especial, com o intuito de ajudar a preparar o estudante para ser o motorista de amanhã. Por isso, todo o debate é direcionado à educação e à segurança no trânsito. O guia do professor contém toda a orientação necessária sobre como expor e estimular o debate em classe. Além do guia, os professores recebem um livro com artigos de especialistas.
LINHA DIRETA – Uma equipe do Moto Perpétuo dá suporte às escolas, esclarecendo dúvidas de diretores e professores, pelo telefone 0800-551133 (ligação gratuita). O Centro de coordenação Fiat para a Escola também acompanha a aplicação e o desenvolvimento do projeto em cada instituição de ensino, com visitas periódicas e através de pesquisas de feedback. Uma vez encerrada a carga horária do Moto Perpétuo, todos os alunos concorrem com seus trabalhos e slogans criados durante as aulas, no concurso Idéias em Movimento. Um júri formado por jornalistas, educadores e autoridades no trânsito já selecionou, no concurso do ano passado, slogans do tipo: “Sem carteira, só de carona”, “Pai que é pai passa o filho para trás”, “Não queira chegar primeiro, queira chegar inteiro”. Os prêmios, concedidos pela Fiat, não são apenas para os alunos, mas também para professores e escolas. Para as escolas podem ser uma máquina copiadora, um computador ou conjunto audiovisual (TV + videocassete); para o professor um PC portátil, conjunto de som ou uma viagem para Porto Seguro com acompanhante. Para os alunos são também PC portátil, conjunto de som, a mesma viagem ou 45 walkmans. A preparação dos concursos conta com o apoio direto da coordenação do Moto Perpétuo.
JOÃO XXIII – “Transitar – Valorizando a vida, humanizando o trânsito”. Esta frase orienta a iniciativa do Colégio João XXIII, de Porto Alegre, em relação à educação para o trânsito. A diretora da escola, Clívia Morato, diz que este é um dos projetos estratégicos para melhoria da qualidade de ensino, e está dentro de um dos objetivos da instituição: valorizar a vida. O “Transitar” iniciou em agosto do ano passado, integrando, técnicos, pais, direção e professores do colégio. “O objetivo é oportunizar à comunidade interna e externa, ações preventivas que possibilitem o exercício de uma postura crítica, reflexiva, consciente e solidária no trânsito, na busca da preservação da vida”, define. “A concretização desse projeto estratégico atesta nossa inserção no contexto atual sem abrir mão dos objetivos filosóficos norteadores de nossa ação educativa. A “valorização da vida”, um de nossos princípios, está plenamente contemplado no projeto, mostrando que é possível e necessária a adequação da filosofia à criação de estratégias que atendam às necessidades do mundo atual”.
Um pequeno e simpático semáforo é um dos personagens principais da vida diária dos alunos do Colégio João XXIII, e simboliza, para as crianças, o “mundo do trânsito”, que precisa ser compreendido e obedecido. Pensando nisso, a escola reformulou a agenda dos alunos, personificou o desenho do semáforo como um guia diário, utilizando como tema o trânsito.
Formação de multiplicadores
Representantes de educadores, da Brigada Militar e Polícia Rodoviária Federal participaram, no ano passado, do primeiro curso de formação de agentes multiplicadores para educação no trânsito, realizado pela Secretaria de Educação. O ex-coordenador do (PROEST-RS – Programa de Educação e segurança para o Trânsito), Vulmar Silveira Leite, afirma que a base do Programa é a identificação do risco e o desenvolvimento do comportamento seguro, como valores no individual e no coletivo. “O comportamento no trânsito está ligado com os valores”, justifica André Ernesto Dalmina, professor de Educação Física, coordenador da Unidade de Esporte e Recreação da Secretaria de Educação de Canela, um dos participantes do curso em 97. Nas 40 horas foi desenvolvido o assunto segurança ao andar, que visava atingir o público escolar de 1ª a 4ª série. O objetivo era o de preparar o aluno para identificar as situações de risco e, a partir daí, desenvolver um comportamento seguro. O primeiro passo foi facilitar a identificação e conceituação de riscos existentes no meio ambiente, bem como no trânsito. Os conteúdos compreendem organização pessoal, reforço de valores humanos, organização do espaço (ambiente escolar), identificação de riscos no ambiente escolar (salas, corredores, pátio), velocidade de deslocamento (andar devagar). Tudo isto com jogos, concursos, gincanas, dramatizações, elaboração de cartazes, filmes. O curso de formação de pré-condutor foi idealizado para oportunizar situações onde o profissional em educação possa desenvolver com os alunos atividades que os levem a ter condutas seguras no trânsito, com formação e aperfeiçoamento de agentes multiplicadores, estabelecendo nova abordagem metodológica de gerenciamento de riscos e elaboração de auto-projeto de trabalho para 1º e 2º graus.
Na avaliação de Dalmina, existe a falta de pessoas que trabalhem especificamente com isso. “O conhecimento que temos não é muito grande. O ideal seria que eles, bem preparados, fizessem um trabalho sistematizado”, sugere o professor. Para este ano, está sendo organizado mais um curso, sendo para duas turmas de 20 alunos. Depois, a intenção é de que estes profissionais possam, nas 30 Delegacias de Educação do Estado, continuar o trabalho, formando outros multiplicadores.
Notas
Infância em seminário
Infância na imprensa, na literatura e no cinema são os temas do Seminário Nacional Imagens de Criança, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura. Estão programadas sete palestras entre os dias 18 de abril e 20 de junho, sempre aos sábados, no Teatro Renascença (Centro Municipal de Cultura, Avenida Érico Verissimo, 307). O principal objetivo do seminário é debater a questão social da infância, bem como, qualificar os profissionais que já atuam na área. Mais informações pelo telefone (051) 221-6622, ramais 220, 219 e 224.
Pesquisadores do Mercosul
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs) e a Agência Nacional de Produção Científica e Tecnológica da Argentina assinaram um acordo para a criação de um programa de intercâmbio ainda neste ano. Todos os pesquisadores vinculados a universidades do estado podem participar. Os projetos devem ser apresentados na Fapergs até 30 de junho. A instituição gaúcha financiará as passagens aéreas. A estada fica por conta da instituição argentina.
Cpers comemora 53 anos
O Cpers/Sindicato completa 53 anos de atividades no dia 21 de abril. Para comemorar, a entidade está lançando a Revista do Cpers e da Adufrgs (publicação em conjunto com os docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Programação de atividades também nos núcleos do interior do estado. No dia 28, o magistério adere à Paralisação Nacional pela Educação e Dia Nacional de Coleta de Assinaturas, em defesa do PNE (Plano Nacional de Educação) popular. As assinaturas serão coletas no salão de atos do Cpers/Sindicato. A meta é obter 1 milhão de assinaturas em todo o país para que a proposta popular do PNE, já apresentada em forma de projeto pela bancada de oposição no Congresso Nacional, seja reforçada pelo abaixo-assinado, na forma de emenda popular.
Crise na educação 1
A educação na América Latina não vai nada bem, especialmente nas redes públicas de ensino, onde são educados até 80% dos estudantes do hemisfério. Segundo estudo, recentemente divulgado em Washington, será o maior obstáculo para a América Latina atingir seu potencial de desenvolvimento no século XXI e reduzir a enorme desigualdade entre as classes sociais.
Crise na educação 2
Os números comparativos do estudo sobre diversos países mostra que o Brasil registra um dos piores desempenhos, com uma média bem abaixo da apresentada pelos demais países da região: 53% dos alunos da rede pública no país repetem a 1ª série do primeiro grau, índice que na Argentina cai para 33% e no Chile, para 10%. A taxa média de repetência na América Latina é de 42%. Os países com índices de repetência comparáveis às do Brasil são Honduras, El Salvador, Guatemala e Haiti. O estudo também aponta que apenas 1% dos alunos brasileiros consegue completar a 6ª série sem repetir nenhum ano. Apenas o Haiti tem a mesma taxa. A média na América Latina é de 10%.
Crise na educação 3
Conforme o relatório, a educação é o mecanismo mais importante para reduzir as desigualdades sociais. Porém, quando o sistema é tão ruim, o ensino acaba tendo o impacto oposto, aumentando estas desigualdades. Segundo o estudo, isso se deve, principalmente, à diferença de qualidade entre as escolas públicas e as privadas, onde são educados os filhos das elites. Nos países desenvolvidos, o gasto médio por aluno/ano é de US$ 4.170,00 enquanto na América Latina é de US$ 252,00.