Eu estou aprendendo a conviver com a dor, com recaídas”, esclarece a mãe, que largou a Arquitetura para se dedicar exclusivamente à Fundação, pois a morte do filho mudou a sua vida. “As vezes eu penso: ah, vou largar essa campanha, fechar a Fundação. Não adianta mais, o Thiago mesmo já foi. Daí, eu chego aqui na Fundação e tem uma cartinha”. Para ilustrar, ela pega, de forma aleatória, uma da pasta: é de um menino, de onze anos, dizendo o seguinte: “Estou mandando esta carta para ver se vocês me autorizam a ajudá-los. Eu não quero só brincar de distribuir. Garanto que é isso que vocês estão pensando, mas eu tenho computador, enfim, tudo que eu preciso para ajudá-los, e também os folhetos. Não quero colocar meu nome, mas o que sempre foi escrito”. E Diza assume: “eu sempre digo: não sou uma Madre Tereza, sem vaidade. Para mim, o Thiago era o mais bonito, o mais inteligente. É o meu filho, não ia virar um número perdido”. A Fundação tem um arquivo de cartas recebidas de vários lugares do país. São pessoas, famílias, que passaram pela mesma situação e também daqueles que pedem para ajudar na campanha.
Quando Diza fala dos prêmios recebidos pelo trabalho feito pela Fundação, se orgulha, mas troféu mesmo para ela é quando está em casa, à noite, e toca o telefone:
— Aqui é o Guilherme, eu quero falar com a Dona Diza.
— É ela.
— Ah, Dona Diza! Eu acabei de ler o seu livro e eu quero dizer que acho que a minha mãe me deu porque eu sou um dos que correm. E, no fim do livro, a senhora coloca que se um jovem que lê-lo mudar sua maneira de ser, já valeu a campanha. Então, eu quero lhe dizer que valeu, porque eu vou mudar.