EDUCAÇÃO

Duas chapas disputam a direção do Sinpro/RS

Da redação / Publicado em 1 de julho de 1998

Após 12 anos sem disputa, os professores particulares do Rio Grande do Sul terão de escolher entre duas chapas que concorrem para a direção do Sinpro/RS, na eleição geral que acontece nos dias 25, 26 e 27 de agosto. Ambas são cutistas, o que dá a impressão de não haver muita diferença entre elas. Mas a realidade é que há divergências, sim. Em todo o Estado, cerca de 10.500 sócios estão aptos para participar do processo e definir o rumo do seu sindicato até o ano 2001.

Formada a partir de dissidentes das duas últimas gestões do sindicato, a chapa 2 – Sinpro Alternativo, discorda profundamente da forma como está sendo conduzida a entidade pela atual diretoria e se propõe a resgatar a relação com a base e a combatividade que afirma terem sido trocadas pela prática de uma “simples empresa prestadora de serviços”, conforme publicado em um dos seus materiais de divulgação. O que não pensa a chapa 1- Sinpro Presença e Ousadia, que na sua campanha tem frisado o orgulho de ser situação no sindicato, assegurando que o Sinpro/RS continua sendo combativo, ao lado dos professores particulares, mas “não preso a conceitos de um sindicalismo arcaico”.

A diferença também é expressa na composição das chapas. Além dos 18 nomes que integram os postulantes à Direção Colegiada e os seis para o Conselho Fiscal, a chapa 1 apresenta nominata para as 15 Delegacias Regionais do Sinpro/RS, totalizando 99 professores. Já a chapa 2, também com a Direção Colegiada e o Conselho Fiscal completos, está organizada em cinco Delegacias Regionais, apresentando ao todo 49 nomes. “Somos um grupo que está se construindo no sindicato, que tem uma base muito boa em Porto Alegre e que está construindo sua base no interior”, argumenta Ricardo Fortes, professor do Colégio Israelita e Instituto Porto Alegre, candidato à coordenação da Secretaria de Administração e Fi-nanças pela oposição. Para o integrante da nominata da chapa de situação na Delegacia Re-gional de São Leopoldo, professor Enécio da Silva (Instituição Evangélica, Pio XII e Científico), “é muito bom saber que construímos a chapa 1 com uma marca muito forte, que é a sua presença constante na escola, tanto em Porto Alegre, quanto em todas as delegacias sindicais no interior”.

BASE – A professora Rejane de Oliveira (Escola Antoine de Saint Exupery, de Porto Alegre), companheira de Ricardo na chapa 2, afirma que o Sinpro/RS tem se furtado de realizar trabalhos de base nesses últimos três anos. Para ela, tesoureira da CUT Estadual, que concorre à coordenação da Secretaria de Organização do sindicato, a categoria está organizada no seu local de trabalho, “mas a diretoria não a traz para dentro da entidade”. Ricardo Fortes revela que, na época em que ele e Rejane integraram a diretoria do Sinpro/RS (gestão 92/95), havia os setores da pré-escola, o coletivo de cultura, o planejamento participativo, a comissão de mulheres. “Temos autoridade para falar porque estamos na base, ao contrário da situação, onde quase todos estão na direção”. Isso nos diferencia inclusive para fazer campanha, nós não temos liberação”, diz, enfatizando também que a oposição é contra ao que chamam sindicato-empresa. “Parece que eles nos dizem: ‘não se preocupem que nós somos eficientes, resolvemos todas as questões e oferecemos todos os serviços a vocês’”, ironiza.

“Até o nome da nossa chapa, Sinpro Presença e Ousadia, revela que não somos diretores de gabinete”, contrapõe Enécio da Silva. “Vamos ao encontro dos professores, estamos inteirados de suas reivindicações, suas angústias e anseios”, afirma, ao lembrar que na atual gestão do Sinpro/RS tem muito diretor que continua em sala de aula. “A gente sente a situação como professor e como dirigente, visitando as mais variadas escolas, vendo diferentes realidades”. Concorrendo pela primeira vez a um cargo sindical, a professora Líria Dutra (Fappa e Ritter dos Reis) justifica que o fato de estar disputando a coordenação da Secretaria de Organização pela chapa de situação é resultado do trabalho de base da atual diretoria do Sinpro/RS.

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