O grupo de trabalho constituído em junho pelo governador Olívio Dutra conseguiu aprovar, na última reunião da coordenação de governo, o anteprojeto para a criação da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. Audiências públicas regionais e com entidades – como o Sinpro-RS – começam a ser efetuadas agora para o recolhimento de contrapropostas. “Nosso objetivo é fechar essa etapa em um seminário no início de dezembro, transformando o documento em um projeto que deverá ser apresentado até o dia 15 na Assembléia Legislativa, quando encerra o período legislativo”, informa o secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Adão Villaverde, integrante da comissão.
A idéia é que, quando reabrirem os trabalhos, em fevereiro de 2001, o projeto esteja pronto para debate entre os parlamentares. Já estão à disposição R$ 16,9 milhões para implantação da universidade estadual, recursos do Tesouro do Estado. A proposta está embasada no estímulo aos sistemas locais de produção e vocações regionais, com conteúdo inovador. Trata-se de uma instituição multi-campi, relacionada com universidades já existentes. “Nosso relacionamento não será concorrencial, porque não vai ter o mesmo perfil dos modelos existentes”, explica o secretário.
Ou seja, ao invés dos cursos convencionais, como medicina, odontologia, administração, direito, entre outros, serão pensados cursos de desenvolvimento regional, tecnologias para o setor de calçados, gestão pública, políticas públicas nas várias áreas. “Vamos inovar no currículo”, adianta Villaverde, informando ainda que a instituição estará atenta às necessidades do mundo do trabalho e da produção, engajada no processo de democratização da sociedade gaúcha. Cursos tradicionais? Pode ser que sim, se for estratégico para o desenvolvimento de uma determinada região, como agronomia ou engenharia de alimentos.
Ao mesmo temo em que o projeto aponta para uma sede (talvez em Porto Alegre), a intenção é aproveitar a capacidade já instalada, via centros de pesquisas, fundações, espaços públicos já existentes, como a Escola da Saúde Pública e a Emater. Villaverde comenta que também serão utilizados meios modernos para a formação profissional, como a educação à distância.
A preferência será por regiões onde não exista educação superior pública e o quadro de funcionários será preenchido mediante concurso. A forma de ingresso dos alunos será via processo seletivo porém, não só medindo conhecimentos, sendo levada em consideração a origem do vestibulando (dar prioridade às instituições públicas), sua condição sócio-econômica e seu compromisso com a realidade gaúcha.
“Com essa iniciativa, não queremos assumir a responsabilidade para com a educação superior, que segue sendo da União. Também não estamos nos propondo a resolver o problema da demanda reprimida no terceiro grau (cerca de 90 mil alunos por ano)”, explica o secretário. “Mas o Estado considera importante ter uma instituição de caráter inovador, indutor de políticas que norteiem a educação superior no Estado”, acrescenta.
Conforme Adão Villaverde, a Universidade Estadual irá responder aos interesses estratégicos do desenvolvimento descentralizado do Rio Grande do Sul, potencializando o processo de participação da sociedade nos rumos do Estado. Além do secretário da Ciência e Tecnologia, faz parte do grupo de trabalho a secretária da Educação, Lúcia Camini, Renato de Oliveira, diretor-presidente da Fapergs e Jeferson Miola, representante da Secretaria Geral de Governo.