Já passa de 1.500 o total de professores demitidos – ou substituídos – em estabelecimentos do ensino privado gaúcho, no decorrer do ano passado e primeiro trimestre deste ano. Só em Porto Alegre, 948 rescisões foram documentadas de janeiro a dezembro. Entre 1º de janeiro de 2001 e o último dia 20, foram registradas mais 595 rescisões, conforme o Setor de Cadastro do Sinpro/RS. Ou seja, em apenas três meses houve um número de demissões equivalente a 63% do total registrado durante os 12 meses do ano passado. Se esta tendência se confirmar, pois deve haver mais demissões na metade do ano e no final, coincidindo com os fins de semestre, faz com que 2001 registre as piores estatísticas de demissões no magistério privado gaúcho nos últimos anos.
Em muitos dos casos, a dispensa de pessoal é atribuída à falta de clientela nas escolas. O gerente-administrativo da Associação Cristã de Moços, José Antonioli, afirma que a queda estimada de 23% na procura pelas três escolas da rede, aliada a mudanças na estrutura curricular, fez o corpo docente perder 15 profissionais.
Já a diretora-geral do Colégio Bom Conselho, irmã Anelise Weber, supõe que a redução do número de alunos também tenha motivado a administração anterior a demitir cerca de 20 professores até o final de dezembro do ano passado. A rotatividade também foi grande no Colégio Farroupilha. De acordo com o diretor-geral, Roberto Pi, 21 professores foram desligados da escola ou substituídos por não corresponderem às expectativas da direção, ou por ministrarem disciplinas extintas pela última alteração curricular.
As direções da ACM, Bom Conselho e Farroupilha admitem, ainda, ter reduzido a carga-horária de alguns professores, mas negam que a medida seja fruto de decisão arbitrária.