EDUCAÇÃO

UCS: escassez democrática

Publicado em 20 de novembro de 2001

Outra situação atípica dentro do panorama de crescente democratização entre as universidades comunitárias gaúchas é a da Universidade de Caxias do Sul. “É uma universidade localizada numa das mais ricas e produtivas regiões do Estado, que tem Caxias do Sul como centro, que apresenta um dos processos de escolha de reitor mais fechados”, analisa Marcos Fuhr. Na UCS, a escolha do reitor é feita por um conselho formado por dois representantes do governo federal, outros dois do governo estadual, um da prefeitura de Caxias do Sul, um da Sociedade Fátima, um da diocese de Caxias e, finalmente, um voto do próprio reitor em exercício.

Atualmente, o presidente da fundação mantenedora pode e de fato acumula, na figura do professor Rui Pauletti, o cargo com a função de reitor da universidade. Até hoje, pelo estatuto da UCS, somente haveria uma eleição para reitor aberta à comunidade no caso da ocorrência de sete candidaturas. Na última eleição, apenas dois candidatos se inscreveram. “Naquela última eleição, ficou definido que, para o próximo período administrativo, haveria uma separação no exercício desses cargos, o que resultou também numa modificação do processo eleitoral ”, diz José Ignacio Pires Lucas, professor de Ciência Política da UCS e diretor do Sinpro/Caxias. Essa modificação, que deverá se concretizar na eleição agendada para 2002, prevê a participação da comunidade acadêmica pelo menos na formação de uma lista tríplice cujos nomes seriam submetidos ao Conselho para a escolha do novo reitor. “É um avanço, mas ainda estamos longe da situação ideal”, avalia José Ignacio. O panorama é agravado pela inexistência de uma oposição forte, segundo ele. “A oposição mais forte que existia nos anos 80 foi enfraquecendo ao longo do tempo por causa de demissões ou de pessoas que se deixaram cooptar pelo atual modelo administrativo. Acredito que a oposição atual pode construir nomes, mas é um movimento ainda em ascensão que não deve ter força suficiente para chegar à reitoria já na próxima eleição.”

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