Para se entender um pouco os significados, as características e as diferenças entre Escola Democrática e Escola Meritocrática, referidos pelo professor Sthephen Stoer em seus estudos e entrevistas, é necessário que se entre um pouco no túnel do tempo para lembrar que a transformação sofrida pela sociedade pré-moderna teve como sustentáculos dois pilares distintos: os pilares da regulação e da emancipação.
Segundo o professor Stoer, a escola pública desenvolveu-se ao longo da construção da modernidade entre esses dois pilares os quais, “em vez de se desenvolverem harmoniosamente, sustentaram a transformação da pré-modernidade de uma forma desigual, sendo o pilar da regulação o mais reforçado pela trajetória do desenvolvimento capitalista” ou seja, a hegemonia do princípio do mercado em detrimento do princípio do estado e de ambos em detrimento do princípio da comunidade.
O desequilíbrio no pilar da regulação, conforme o professor Stoer, resultou no campo da educação escolar, no que tem sido referenciado muitas vezes na literatura da sociologia da educação como a diferença entre a Escola Democrática e a Escola Meritocrática. “A Escola Democrática, que projetava concretizar-se através da escola para todos, baseada no princípio de igualdade, vê-se refreada no seu desenvolvimento pela construção de uma nova hierarquia social. Na base desta, a Escola Meritocrática torna-se hegemônica, proporcionando, através do princípio de igualdade de oportunidades de acesso ao ensino, um terreno propício para o desenvolvimento e rentabilização do capital cultural. O desvio da escola para todos concretiza-se “metendo no mesmo saco, para utilizar uma expressão de Pierre Bourdieu, o valor científico e o valor econômico e social dos títulos acadêmicos” .