“A Universidade Estadual do Rio Grande do Sul também tem grande interesse em estabelecer cotas para negros”. A declaração é do reitor da Uergs, José Clóvis de Azevedo. De acordo com ele, a questão ainda demanda muito debate entre a comunidade universitária e a sociedade, principalmente por se tratar de um assunto polêmico. Azevedo conta que a Uergs já deu o primeiro passo com a organização de turmas especiais para negros. “Ainda estamos discutindo o funcionamento dos cursos, que terá seleção específica”, revela. O reitor afirma ser a favor das cotas: “não podemos tratar igual os desiguais. Mas tem que ser fruto de discussão e não ser imposto de cima para baixo, num processo paternalista”. A Uergs destina hoje 50% de vagas para alunos de baixa renda e 10% para deficientes físicos.
Foto René Cabrales
Enquanto os gaúchos aguardam uma definição, os vestibulandos da Universidade de Brasília poderão contar com as cotas, a partir do vestibular deste ano. O projeto elaborado pelo professor do departamento de antropologia da UnB, José Jorge Carvalho, prevê 20% das vagas para negros e pardos. (ver entrevista).
Além de Brasília, São Paulo também terá, a partir de 2003, seu primeiro curso superior com cotas para negros. A faculdade de administração da futura Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares realizará a primeira aula em 13 de maio (Abolição da Escravatura), com 100 alunos, 40 deles negros. O projeto foi elaborado pelo Instituto afro-brasileiro e o projeto começará a sair do papel a partir de maio. Além de aulas relativas à graduação em administração de empresas, os alunos terão disciplinas sobre o movimento negro e a discriminação racial. A faculdade não será gratuita e as mensalidades vão girar em torno de R$ 240.